Só 8% das ciclovias saíram do papel em Goiânia
Já se passaram cinco anos desde que o Plano Diretor de Goiânia foi elaborado com previsão de pelo menos 162 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, mas apenas uma extensão de 2,5 quilômetros está disponível para os ciclistas goianienses. A demarcação da obra para construção de um novo trecho de 10,5 quilômetros, que deve ligar o Campus 2 da Universidade Federal de Goiás (UFG), já foi iniciada e a construção deve ser finalizada no fim de 2012. Com isso, apenas 8% dos quilômetros previstos para ciclovias saíram do papel.
Foram mais de quatro anos sem entregar nenhum trecho de faixa preferencial para as bicicletas. A primeira e única já existente foi inaugurada em junho deste ano. O pequeno trajeto que vai do Terminal da Praça da Bíblia, no Setor Universitário, ao final da Rua 10, na Praça Cívica, não é bem visto por muitos ciclistas. Um dos idealizadores do grupo Pedal Goiano, Fernando Accioly, chegou a dizer – apesar de considerar importante a construção do espaço – que o trajeto liga nada a lugar algum.
A tímida presença da via exclusiva para pessoas que preferem fazer o caminho de casa para o trabalho de bicicleta – ou simplesmente um passeio –, pode ser reflexo do descaso da administração pública em executar o que está previsto no Plano Diretor. Os projetos também esbarram em problemas de execução. Exemplo disso, foi o cancelamento da construção do Eixo Guanabara, que ligaria a região noroeste à Praça da Bíblia. O projeto foi engavetada devido a problemas de drenagem.
Por isso, de acordo com a diretora do Departamento de Análise de Aprovação de Projetos da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan), Karina Pereira da Cunha Alves, o Plano Diretor deve, em breve, ser revisado. “Vamos tentar planejar algo já praticável.”
Os estudos serão voltados para a compreensão da cidade, com participação de diversos órgãos municipais: Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT), Agência de Obras (Amob), Seplan, Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) e Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC). A intenção é analisar a topografia do possível trajeto, para evitar obstáculos. “O trabalho tem de ser em conjunto. É importante a participação de todos os envolvidos.”
Conscientização
O coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFG e coordenador do projeto da ciclovia que liga o Campus 2 da UFG ao Setor Universitário, Camilo Vladimir de Lima Amaral, disse que é necessário a viabilização não só das ciclovias, “mas também de ciclofaixas nas vias que alimentam as ciclovias”.
O especialista definiu a via exclusiva para bicicletas como uma garantia a mais de segurança para os usuários. “A segurança é resultado de um processo que precisa ser desenvolvido junto à comunidade. A conscientização é importante”, disse.
Com base em dados do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seção Goiás, o grupo Pedal Goiano acredita que existem aproximadamente 240 mil bicicletas na Capital. Ou seja, enquanto o Plano Diretor não é modificado e as obras iniciadas, os ciclistas se arriscam pedalando por ruas que não apresentam sinalização específica.
Fonte: O Hoje