Super-heróis viram atração no Vaca Brava
Personagens dos quadrinhos encantam quem por eles passa. Reproduções, de autoria do artista plástico Aucizer.
Quem caminhava ou passava o final de tarde no Parque Vaca Brava ontem se surpreendeu ao ver o Homem de Ferro e o Máquina de Guerra, famosos personagens dos quadrinhos. Os super-heróis feitos de material reciclável foram ao parque divulgar o trabalho do artista plástico Aucizer, de 34 anos – que ficou famoso na capital ano passado ao fazer uma réplica em tamanho original do personagem Bumblebee, do filme Transformers, com 6 metros de altura e mais de 800 quilos. Se a intenção era chamar a atenção, a estratégia deu mais do que certo. Crianças e adultos se empolgaram e fizeram filas para fotos. Outros ligavam para os amigos. E os que faziam caminhada viravam o pescoço ao passar pelos dois homens fantasiados.
A professora Claudia Valverde tinha visto na televisão sobre a exposição e disse que os filhos Rafael, de 6 anos, e Pedro, de 4 anos, ficaram ansiosos para ir ao parque. Quando viu os super-heróis Rafael ficou eufórico e não economizou nas fotos. Já Pedro se agarrou à mãe, com medo. Os dois representam bem as reações das dezenas de crianças que se aproximavam para ver o trabalho de Aucizer.
Vinícius, de 4 anos, é tão fã que arrastou a mãe para o parque e levou até a miniatura do Homem de Ferro para sair na foto. “Agora tenho o de brinquedo e o de verdade” diz, empolgado. E teve também adulto virando criança outra vez. É o caso do instalador de alarmes Ricardo Marques, de 23 anos. “Eu sou fã. Vim aqui só para ver. Já falei com o artista. Quero que ele faça uma máscara para eu guardar em casa. E, é claro, vou fazer várias fotos”, afirma. “Ele é pior que menino”, brinca a namorada que o acompanhava.
Aucizer, que utiliza o estilo hiper-realista em suas esculturas, usa a mesma linha nos super-heróis do parque e em outros gigantes que constrói em casa. O plano do artista é abrir uma loja de decoração para festas, principalmente infantis. “Acho que Goiânia tem mercado para isso. Quero fazer algo de verdade e não uma coisa pintada em um pedaço de madeira como a gente vê nas festas por aí, e eu acho horroroso”, conta. As fantasias dos super-heróis do Vaca Brava não podem ser alugadas à parte porque foram feitas sob medida, mas ele já pensa em fazer outras. O aluguel do Bumblebee custa em média R$4 mil por três dias.
Se depender da reação do público do Vaca Brava, a loja vai ser um sucesso. O empresário Claudio Luis passeava pelo parque com a esposa e o filho João, de 4 anos, quando os três se surpreenderam com a presença dos super-heróis. O menino adorou e o pai já pensa em uma surpresa para a festa de aniversário do pequeno, no próximo mês de julho. “Já falei com o Aucizer e já combinamos que vamos alugar os heróis para a festa. O João vai amar”, conta Claudio.
Wallan Júnior, cunhado de Aucizer, é o homem que topou o desafio de se vestir de Máquina de Guerra no parque. Ele conta sobre a experiência: “É muito quente. Mas na hora a gente nem se lembra. É muito bom ver a alegria das crianças”. Além dos baixinhos, Wallan confessa que tem outro motivador para aguentar a roupa pesada e quente. “Eu sou fã do Aucizer, acompanho todos os trabalhos dele. Para mim é uma honra. O cara é o mestre dos magos”, se declara.
“Ainda vou fazer um dinossauro”
Aucizer largou seu trabalho como pintor e escultor em 2010 e resolveu se dedicar a fazer algo grande. A primeira ideia foi um dinossauro. Mas logo pensou no Bumblebee e investiu no gigante - que foi um sucesso. Hoje construir super-heróis dos quadrinhos, de filmes e os que ele inventa é o seu trabalho. Depois da réplica do filme Transformes, que ele demorou quase um ano para construir, ele passou a fazer trabalhos menores para poder expor em espaços que o Bumblebee, literalmente, não cabia.
Quem visita o seu local de trabalho no Parque Real, em Aparecida de Goiânia se impressiona. Sucatas, PVC, cerâmica, borracha e mais materiais que Aucizer compra nas lojas do Setor Campinas ou encontra na rua estão espalhados pelo galpão. Tudo no local é de encher os olhos, principalmente pela riqueza de detalhes das grandes réplicas. E ele faz tudo baseado nas miniaturas de brinquedo. Desde o início do ano está trabalhando em um personagem dele. Pra esse gigante - que ainda não tem nome - fez quatro cabeças até achar uma que encaixasse. “As outras eu aproveito em próximos trabalhos. Sempre serve para alguma coisa. Aqui tudo é aproveitado”, ressalta.
Para os que acharam tudo super legal, o artista faz uma observação. “Isso aqui não é uma terapia, é um trabalho mesmo. Eu vivo disso aqui. Tem hora que estressa. Eu tenho que acordar cedo todo dia para vir para cá. Mas confesso que é apaixonante. Nem sei se é um trabalho. É o que eu sou”, afirma. Sobre um prazo para realizar o plano da loja ele acredita que é melhor não definir um tempo. “Quero fazer tudo muito bem feito. Isso é o que mais importa.” Para ele, além da alegria das crianças e adultos, o maior motivador do trabalho é que enquanto está fazendo uma coisa, já pensa em outra. Apesar do sucesso, Aucizer guarda o sonho inicial: “ainda vou fazer um dinossauro”.
Fonte: Jornal O Hoje