Rodovias são prioridade para Infraestrutura

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“O ano passado foi muito difícil. Mas colocamos a casa em ordem e estamos muito otimistas em relação aos investimentos na área de infraestrura para 2012”. O prognóstico é do secretário de Estado de Infraestutura, Wilder Pedro de Morais (DEM), que visitou na manhã desta quinta-feira (2/2) o Jornal A Redação. Em entrevista ao AR, o secretário falou sobre o projeto de reconstrução da malha viária do estado, parcerias público-privadas, a recuperação da Celg e as expectativas políticas para 2012.

Segundo ele, a prioridade do governo neste ano será a recuperação das rodovias estaduais. Wilder também defende as parcerias público privadas como forma de viabilizar obras e investimentos. Para ele as PPPs são a solucao não somente para o estado de Goiás, mas também para todo o país. "Até o governo do PT está fazendo isso", afirma.

Com carreira na iniciativa privada, Wilder Pedro de Morais tem a primeira experiência de administração pública na gestão da Secretaria de Infraestrutura. “Os primeiros meses foram difíceis, de adaptação. Hoje me sinto muito confortável dentro do governo”, afirmou o secretário, que também preside o Conselho de Administração da CelgPar. Confira a entrevista completa abaixo:

AR - O governo começa este ano de 2012 com expectativas de mais investimentos. É essa também a perspectiva da Secretaria de Infraestrura?
Wilder Morais - Sim. O ano passado foi um ano muito difíicil, todos têm conhecimento da crise financeira do Estado. Mas foi um ano positivo. Colocamos a casa em ordem, ajustamos o secretariado. Conseguimos fazer muita coisa no ano passado e estamos muito otimistas em relação aos investimentos na área de infraestrura para 2012.

Quais projetos são classificados como prioritários para a Secretaria de Infraestrutura neste ano?
Começamos, no ano passado, a reconstruir a malha viária do estado com o Programa Rodovida e criamos o Fundo de Transportes. Fizemos uma licitação de 2.041 quilômetros e já realizamos 536 destes. Paralisamos as obras em dezembro e retomaremos quando terminar o período chuvoso. Este ano vamos licitar mais 2 mil quilômetros para reconstrução da malha viária, que é antiga. No ano que vem, ou até mesmo no final deste ano, ano vamos ter uma composição da malha muito diferente da que recebemos.

Este programa vai priorizar quais regiões?
Foi feito um estudo conjunto da Secretaria com a Agetop para definir as prioridades. A reconstrução e requalificação dessa estrutura viária foi feita de acordo com a necessidade econômica, sem nenhum atrativo político. Foi feito um entendimento entre as entidades de classe e o governo. Nós temos hoje 23 mil quilômetros de rodovias em Goiás. Desse total, cerca de metade é asfaltada. Nós vamos recuperar mais da metade desses 10 mil quilômetros em um só mandato. Seis mil quilômetros vão ser reconstruídos e os outros quatro mil vão passar por manutenção.

Por que as rodovias do estado estão em condição tão ruim?
A malha viária é muito antiga e a característica do estado mudou muito nesses anos. Dez anos atrás a gente tinha de três a quatro usinas de álcool. Hoje temos 26, com mais dez para entrar em operação. Os nossos caminhões transportavam 12 toneladas, hoje temos bitrens e a potência dos nossos carros mudou. Essa malha viária, em algumas regiões do Estado, tem 50 anos. Estamos trocando o asfalto, que terá vida útil muito mais longa, o que diminuirá os custos com manutenção.

O governo tem defendido as parcerias público-privadas (PPP). O senhor acha que esse é o caminho, principalmente para os investimentos em infraestrutura?
Tenho certeza. O governo é muito engessado, todo o seu recurso é praticamente carimbado. São 50% com folha, 25% com educação, 12% a 15% com saúde. A parceria com a inciativa privada, tenho certeza, é a solucao não somente para o estado de Goiás, mas também para todo o país. Até o governo do PT está fazendo isso.

E para a infraestrutura, há algum projeto envolvendo as PPPs?
Temos como meta fazer uma parceria para duplicação das rodovias, dos trechos que envolvem Nerópolis, na BR-153, de Goiânia a Catalão, de Inhumas até a cidade de Goiás e de Trindade até São Luis dos Montes Belos. A PPP depende de parceiros, mas acreditamos que esse projeto possa deslanchar neste primeiro semestre. Também pensamos em PPP para o Estádio Serra Dourada, para o Autódromo, para a parte de saneamento. É uma solução que envolve o governo e os investidores, que têm condições de fazer investimentos pesados que o governo, nesse momento, não pode fazer. E quem ganha é a população. Exemplo disso são as telecomunicações. Depois que a iniciativa privada entrou, hoje temos mais telefones que habitantes no país.

Quando se fala em parcerias para as rodovias, surge a polêmcia da cobrança de pedágios. Como o governo tem trabalhado com essa possibilidade?
Nós já pagamos pedágio, consertando o carro, por exemplo. As empresas também incluem o custo da logística, da falta de eficiência da rota, da manutenção, no preço final do produto. E tem até pedágio que não conseguimos ressarcir, que são as vidas perdidas em acidentes. A população não está preocupada com pedágio, e sim com serviço. São Paulo tem 192 pontos de pedágio, mas quando entramos lá parece que estamos em outro país. Lá a preocupação nao é com pedágio, e sim com radar.

O acordo com a Celg também garantirá recursos para a recuperação das rodovias?
Foi um acordo muito interessante para o govenro, que está nos proporcionando um empréstimo de R$ 1,6 bilhão, que pode ser até R$ 1,8 bilhão, e vai entrar também na construção de novas rodovias. Imagina uma empresa que devia R$ 6 bilhões, não pagava ICMS, comprava energia mais cara do que vendia porque não podia reajustar as tarifas. Esse ano a Celg vai fazer investimento na sua estrutura e, além disso, o governo vai receber o ICMS. Além disso, as indústrias precisam de energia para se instalarem no Estado. Hoje temos plano de investimento e uma concessão que termina em 2015. Aí é direito do governo decidir se vai renovar ou não.

Outra preocupação dos empresários é o Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. A Secretaria tem feito esforços para impulsionar as obras no aeroporto?
Tenho uma relação muito amistosa com o superintendente regional da Infraero desde que cheguei na secretaria. Fizemos um esforço na intenção de aumentar a pista do aeroporto para 3,2 mil a 3,5 mil metros, passando por cima da BR-153. É um estudo que estamos fazendo com a Embrapa para que ela possa ceder parte da área do outro lado da rodovia. Seria uma opção para o aeroporto ter voos internacionais. Como envolve União, Infraero e a Embrapa, nao é um processo muito rápido. Mas acredito que nesse ano possamos ter uma solução sobre esse assunto.

Em que etapa está o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)?
Essa talvez seja a principal obra da nossa secretaria, pois vai mexer com o desenvolvimento da Região Metropolitana de Goiânia. O VLT vai sair do terminal Padre Pelágio e vai até o terminal do Novo Mundo, mas já projetado com possibilidade de ir até Senador Canedo e Trindade. A empresa que fez a manifestacao de interesse tem até final de março para entregar os projetos executivos. O investimento fica em média de R$ 1,3 bilhão, parte da iniciativa privada, do Governo Federal e do Estado de Goiás. A ideia é que consigamos licitar até o meio do ano e que fique pronto ainda dentro deste mandato, no final de 2014. Não é só um projeto de transporte urbano, mas a revitalização do Eixo Anhanguera como um todo.

O senhor visitou recentemente as obras da ponte sobre o Rio Araguaia que ligará Cocalinho (MT) a Aruanã (GO). Essa obra ficou parada por seis anos. Como está o projeto?
A obra está em andamento. A ideia é que até no final do ano tenha a ponte, em si, fique pronta. Para o ano que vem, ficam os encabeçamentos da ponte, que não podem ser feitos porque nessa époica o rio está fora da caixa. Queremos inaugurá-la no meio do ano de 2013. Vai ser a maior ponte do estado de Goiás, que já mexeu com a economia dos dois municípios ao criar novas vagas de trabalho. Além disso, o transporte de balsa lento e perigoso, especialmente em época de chuva. Quando concluída, a ponte vai fomentar o turismo na região, que é forte por conta do Rio Araguaia.

Esta é a sua primeira experiência na administração pública depois de ter saído da administrativa privada. Como foi este primeiro ano na gestão da pasta?
Os primeiros meses foram muito difíceis, mas hoje já me sinto muito confortável no governo. O ritmo de secretário é mais pesado. Você tem uma agenda bem diferente – o governo é 24 horas por dia. É uma experiência bacana, envolvente. No governo você pode mudar culturas, gerações enquanto que na iniciativa privada você faz algumas mudanças pontuais.

O senhor é o primeiro suplente do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele tem conversado sobre a possibilidade de concorrer à Prefeitura de Goiânia?
O senador encontra-se em um momento ímpar da vida dele. Ele é a maior referência do nosso partido nacionalmente e têm surgido várias oportunidades. O partido pretende lança um candidato a presidente, e ele é o cotado. Além disso, foi convidado para ser candidato até ao governo de Brasília. E existe essa opção, que é uma opção natural, da candiatura em Goiânia. Ele está estudando, vai ouvir o partido em reunião com o diretório nacional. Se ele for candidato, com certeza Goiânia terá um grande gestor. Ele é um nome que, ser vir para a prefeitura, tem chance de concorrer e ganhar. Mas ele também nao pode deixar de avaliar a possibilidade de até mesmo ser candidato a presidente.

Caso o senador se candidate à Prefeitura e ganhe as eleições, o senhor assume a vaga no Senado. Como o senhor vê essa possibilidade?
Como aceitei convite para ser suplente, logo estou preparado, a qualquer momento, para assumir caso ele venha a ser prefeito. Mas hoje estou muito bem dentro da secretaria. Sou muito novo ainda na política, e a oportunidade de estar participando desse governo do Marconi Perillo é muito importante, até para formação política. Não tenho nenhuma pressa para chegar ao Senado.

Fonte: A Redação