Revolução digital nas escolas goianas
“Consigo estudar onde quero, é mais fácil de carregar que os livros”, defende o estudante do 1º ano do Ensino Médio Paulo Victor Brandão Costa, de 16 anos, que ganhou um tablet para acompanhar as aulas neste ano letivo. O conteúdo dos livros adotados pela escola, além de material complementar, como exercícios de vestibulares e indicações de literatura, estão disponíveis no aparelho que ele e os colegas, cerca de 150 estudantes, utilizam nas aulas do Colégio Delta, em Goiânia. Segundo Paulo, o equipamento tornou o estudo mais prático e interessante.
Entretanto, a tecnologia traz mais transformações para o dia a dia do que a facilidade das ferramentas, quando acompanhadas pelos professores. “Temos mais instrumentos e acesso mais rápido. Isso tem modificado muito o nível de aprofundamento dos conceitos”, detalha a doutora em educação Kleide Aparecida Rodrigues. Para o diretor pedagógico da escola, Leonardo Augusto Magalhães de Freitas, só fornecer o tablet não funciona. A instituição não teve problemas com a novidade.
Lousa
“Não acredito que tenhamos como fugir do uso de tablets”, avalia. A escola forneceu para os alunos do 1º e do 3º ano do Ensino Médio um dispositivo pessoal, livros impressos e virtuais por R$ 2.050. As lousas digitais são outro diferencial das “salas tecnológicas”. O professor de História do Colégio Ávila COC, Alexandre Linhares de Melo, dá aulas há 20 anos e relembra que o recurso faz parte de um processo que veio com o data-show e a televisão ligada ao computador. Agora ele seleciona cenas de trailers de filmes, recorta e amplia imagens com alguns toques para facilitar a compreensão dos alunos.
A curiosidade dos estudantes também é instigada com a indicação de sites – previamente verificados pelos professores –, redes sociais e blogs. “O objetivo é criar o desenvolvimento crítico do estudante e ensiná-lo a usar a tecnologia com inteligência.” Alexandre afirma que o planejamento das aulas na lousa é até menos complicado e mais interessante que o modelo tradicional.
Conexão
Apesar dos benefícios, é preciso atenção para que tantos recursos não desviem o foco e comprometam os resultados, quando não há reflexão e leitura correta, como alerta a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás Kleide Aparecida. “O uso indevido é a simples reprodução dos conteúdos, o famoso copiar e colar”, aponta. Com o acompanhamento pedagógico, a informação pode ser estendida, discutida, e modifica, inclusive, o conceito de aprendizagem.
Nesse sentido, Kleide explica que, antes da revolução tecnológica, a compreensão era de que se aprendia somente quando alguém ensinava. Agora, a autoaprendizagem ganha destaque. Apesar disso, a tecnologia tem aproximado alunos e professores. O compartilhamento de informações e conhecimento pode ocorrer até, por exemplo, quando o aluno auxilia no uso das ferramentas ou plataformas.
Fonte: Jornal O Hoje (Katherine Alexandria e Cejane Pupulin)
2 comentários
Write comentáriosParabéns pela reportagem. Cristalina e esclarecedora. Porem, devemos lembrar que a fala (humana), a escrita e, consequentemente, aulas, livros e revistas, bem como currículos e programas/planejamentos, são tecnologias que os professores / educadores utilizam. Portanto, educadores vêm usando e adaptando “novas tecnologias na educação” há muito tempo. Os computadores, a informática, a internet, as novas mídias... são ferramentas pedagógicas ricas que certamente maximizam as relações de ensino aprendizagem.
ReplyPara reflexão:
Reply"Nem todas as tecnologias inventadas pelo homem são relevantes para a educação. Algumas apenas estendem sua força física, seus músculos. Outras apenas lhe permitem mover-se pelo espaço mais rapidamente e/ou com menor esforço. Nenhuma dessas tecnologias é altamente relevante para a educação. As tecnologias que amplificam os poderes sensoriais do homem, contudo, sem dúvida o são. O mesmo é verdade das tecnologias que estendem a sua capacidade de se comunicar com outras pessoas. Mas, acima de tudo, isto é verdade das tecnologias, disponíveis hoje, que aumentam os seus poderes intelectuais: sua capacidade de adquirir, organizar, armazenar, analisar, relacionar, integrar, aplicar e transmitir informação. As tecnologias que grandemente amplificam os poderes sensoriais do homem (como o telescópio, o microscópio, e todos os outros instrumentos que amplificam os órgãos dos sentidos humanos) são relativamente recentes e foram eles que, em grande medida, tornaram possível a ciência moderna, experimental."
(Eduardo O C Chaves)