Lago seco em época de chuvas

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Quem vai ao Parque Cascavel, no Jardim Atlântico, região sudoeste de Goiânia, depara-se com situação estranha. Mesmo com as chuvas frequentes das últimas semanas, o lago do local apresenta-se com nível de água significativamente baixo, chegando ao ponto de sobressair extensas faixas de lama ao longo do mesmo. A explicação para o fato está no assoreamento que o Córrego Cascavel tem sofrido nos últimos anos, com desmoronamento de barrancos, surgimento de erosões e perda da vegetação ciliar, em decorrência da ocupação desenfreada das margens.

A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) justifica que cerca de 200 metros acima de onde fica o parque surgiu processo erosivo, em razão das fortes chuvas. Com isso, a água precipitada estava levando grande quantidade de terra para o lago e acelerando o processo de assoreamento. Para evitar que a situação piorasse, a Agência Municipal de Obras (Amob) foi chamada para intervir na contenção da erosão. O leito do córrego também teria sido afetado por enchente que ocorreu recentemente e precisa ser reordenado.

A ação da Amob se resume em aterramento da erosão. A reportagem visitou o local, ontem, e verificou que foi criada espécie de barragem feita de entulho de construção, no ponto onde surgiu o processo erosivo, bloqueando inclusive que a água siga o curso e chegue ao lago do parque. No entanto, o problema não é só esse. É nítida a proliferação de pequenas erosões no decorrer das margens do córrego, seguida de desmoronamento de barrancos e queda de árvores. A Diretoria de Unidades de Conservação da Amma argumenta que o fato é motivado pela drenagem inadequada, feita em propriedades construídas ao longo do córrego.

A expectativa é que assim que a Amob encerrar a intervenção, técnicos da Amma iniciem o trabalho de restauração das margens e retirada da terra em excesso do lago. Esta seria operação normal, considerada corriqueira, embora sem prazo previsto para terminar. Recentemente, o Ministério Público Estadual (MP) determinou que a nascente do córrego, que fica mais acima da erosão, fosse recuperada. Mas é claro que o problema no local não se restringe a isso. Na área do parque já é possível notar consequências, além do assoreamento, e muitos prédios estão em construção ao redor.

Vereador
Moradores da região procuraram o vereador Maurício Beraldo (PSDB) para questionar a situação. Com fotos e documentos em mãos, eles buscam pelo mínimo de explicação. Beraldo esteve no local e contesta a situação do parque. Ele procurou o delegado titular da Delegacia Estadual de Combate a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho. Este está em operação fora de Goiânia e prometeu averiguar a situação na próxima semana e investigar a existência de provável crime ambiental. “Eles represaram a água do córrego de maneira inadequada. É uma obra inacabada e mesmo assim o parque foi inaugurado. Não foi feita a drenagem correta da bacia”, acusa o vereador.

Fonte: Jornal o Hoje (Galtiery Rodrigues)