''Dilma nunca me discriminou''

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Os frutos resultantes do relacionamento republicano estabelecido com a presidenta Dilma Rousseff são o tema que empolga o governador Marconi Perillo, nas quase duas horas de sua visita ao O HOJE. Muito à vontade, ele anuncia a chegada dos bons tempos. “Tudo que plantamos, em 2011, vamos começar a colher de hoje até o final de 2014”, diz ele, no embalo de sua determinação. Com prodigiosa memória, o governador relaciona as obras, os convênios, o montante dos recursos e os projetos em andamento em seu terceiro governo.

O HOJE – O senhor se sente discriminado pela presidenta Dilma Rousseff?
Marconi Perillo – De forma alguma, pelo contrário. A presidenta Dilma tem um estilo mais introspectivo, mais discreto de administrar. Ela, por exemplo, não visitou nenhum Estado da Região Centro-Oeste no ano passado. Ela visitou poucos Estados do Brasil. Eu tenho notícias, por exemplo, de que ela não participou de nenhuma cerimônia do governo de Brasília apesar de residir em Brasília. Não foi a nenhum Estado da região, mas nem por isso deixou de ajudar os Estados. Não há necessidade de você estar presente, o tempo inteiro, conversando com as pessoas para as coisas se resolverem. A presidenta Dilma demonstrou boa vontade ao assinar o maior ajuste fiscal do País, proporcionalmente falando. No dia 23 de dezembro, eu assinei o ajuste fiscal do Estado no valor de R$ 5 bilhões e 300 mil com a autorização da contratação de operações de crédito no valor de R$ 5 bilhões 330 milhões. Eu imaginava assinar um acordo de R$ 4 bilhões e 900 e conseguimos assinar um acordo de R$ 5 bilhões 330 milhões. O assunto Celg já está resolvido. Como haveria discriminação ao Estado se a Caixa Econômica, no finalzinho do ano, faltando um mês pra começar a portabilidade do servidor público, que pode escolher qualquer banco, iria fechar um contrato de 470 milhões, em dinheiro vivo, com o Estado de Goiás?

Como que no dia 30 de dezembro, no último dia útil do ano, o Banco do Brasil poderia comprar a minha carteira de royaltys de recursos hídricos por R$ 146 milhões se tivesse algum problema? Todos, praticamente, todos os ministros já vieram a Goiás nesse último ano. Eu sou recebido sempre que peço audiências, junto às instituições financeiras do governo, junto aos ministros, nunca me senti discriminado com a presidenta Dilma.

Já estive duas vezes ao lado dos governadores do Centro-Oeste, fui extremamente bem tratado e, em várias outras cerimônias, sou sempre muito bem recebido. Mas, independente disso, o que importa é o resultado. O que importa é que os ministros dela recebam o comando para resolver as questões que interessam ao meu Estado. E eu posso dizer que a relação nossa nesse primeiro ano foi uma relação de altíssimo nível e com excelentes resultados para o nosso Estado.
Governador, semana passada teve um grande anúncio de um financiamento para os servidores públicos, e eu queria saber... O senhor disse que está com “a bola na marca do pênalti para fazer o gol” e esse foi o primeiro pacote de ação pró-funcionalismo. Queria saber: para este ano, o que o funcionário público pode esperar?

Olha, tem muita coisa pronta para este ano. Afinal de contas, eu tenho dito que o ano passado foi o ano da superação e da viabilização econômica e financeira do governo. Felizmente, no dia 31, nós estávamos com a equação resolvida. Mas eu não fiquei por conta só de resolver o problema do ajuste fiscal, do ajuste financeiro, concomitantemente todo o sofrimento de cortar gastos, incrementar receitas, ir atrás desses acordos com o governo federal. Nós fomos montando estratégias para a viabilização de grandes projetos. Um deles foi pisar no acelerador das PPPs, começar o desenvolvimento de projetos como dos hospitais, presídio, VLT de Goiânia, saneamento básico, essas coisas que estão em um estágio bastante adiantado.
O outro foi a superação do fundo de transportes. O ajuste fiscal que vai nos permitir recursos para concluir estradas, construir estradas novas. Com o fundo de transportes, por exemplo, o que nós não conseguimos terminar no ano passado por causa das chuvas, licitação, negócio que demora muito, vamos dar prosseguimento agora.
Neste ano, não vamos ter mais problemas. Eu espero que ainda este mês possamos abrir a licitação de mais 2mil km de rodovias a serem reconstruídas. Nós estamos fazendo um trabalho agora hercúleo, que é a elaboração de projetos executivos, nós não queremos fazer nem um projeto que não seja executivo. Assim teremos eficiência conjugada com preços menores.
Então, este ano, nós vamos dar uma alavancada muito grande na reconstrução rodoviária. Vamos definir a concessão de algumas estradas. Vamos concluir a viabilização do empréstimo do BNDES, concluir as estradas e iniciar outras. Com a finalização da PPP do saneamento, nós vamos investir muito em saneamento nas grandes cidades, vamos continuar os investimentos em outras cidades com as parcerias com a Caixa e o Banco do Brasil e o governo federal, PAC, Minha Casa, Minha Vida. Vamos trabalhar pra valer na construção de casas populares. Terminando a PPP, a gente começa as obras do projeto Veículo Leve sobre Trilhos. Concluindo a PPP dos hospitais, a gente começa as obras. O aeroporto deve ter suas obras recomeçadas por volta do mês de abril, maio. Enfim, o que nós plantamos no ano passado a gente começa a colher daqui até final de 2014. Na verdade, nós vamos estar trabalhando muito daqui ao final de 2014.

Sobre sucessão, o senhor quer falar sobre isso?
Você pergunta e eu vou falar que não vou falar (risos).

O senhor quer ficar à margem da escolha do candidato da base aqui em Goiânia, né? Daí, agindo nessa linha, o senhor ficará à parte também da escolha da sucessão nas eleições municipais dos maiores colégios eleitorais de Goiás como Aparecida, Anápolis, Rio Verde, Itumbiara, Catalão...?
Eu não diria que eu ficarei à margem, eu sou um agente político e gosto da política, participo da política há mais de 30 anos. Como líder de um partido, de uma coalizão, é claro que eu deverei, de alguma maneira, dar alguma opinião sobre o processo sucessório, mas o que eu tenho dito é que eu não vou desviar as atenções minhas como governador, como gestor, para um embate político. Acho que haveria uma perda muito grande pra população se o seu governante maior envolvesse no debate partidário, no debate eleitoral e eu tenho convicção que a presidenta Dilma irá fazer a mesma coisa em se tratando de eleições nos Estados, nos municípios brasileiros. Acho que, do ponto de vista republicano, o mais aconselhável é que eu cuide exclusivamente dos interesses da administração pública e dos goianos. Então, essa é a decisão que eu tenho: dar ênfase, dar prioridade aos assuntos do Estado.

Quais áreas o senhor gostaria de trabalhar mais intensamente nesse primeiro semestre, considerando que o primeiro ano tenha sido dedicado à arrumação a casa?
Bom, não dá para fazermos governo com uma nota só, ou pra fazer um governo com “mais do mesmo”. É preciso inovar, é preciso cuidar de todas as áreas, e eu estou pessoalmente liderando toda uma equipe com foco e resultado em todas as áreas. Hoje pela manhã, eu fiz mais uma reunião com a equipe da área de saúde, me reuni com todo o conselho de gestão da Agir e do Crer, que é presidido pelo dom Antônio, ex-arcebispo de Goiânia, com a presença de todos os membros.
Eu solicitei que a Agir, que é associação que coordena a OS e coordena o Crer, que assumisse o hospital de urgências de Aparecida de Goiânia, transformando-o num hospital especialista em traumatologia e ortopedia, um Crer número dois.
Como o Crer é um hospital referencial em gestão e qualidade de atendimento, eu não tenho dúvidas de que estamos fazendo um bem tremendo em viabilizar essa ação do Crer no Huapa.
Por unanimidade, a proposta foi pré-aprovada, dependendo agora das consultas jurídicas, consultas técnicas para que essa decisão do governo seja levada a cabo.
Na campanha, eu disse que nos iríamos transformar as unidades de saúde do Estado em unidades no padrão do atendimento do Crer e nós vamos conseguir fazer isso através de PPPs, que já estão pré-aprovadas.

Governador, o prefeito de Anápolis andou externando expectativas de que o senhor encaminhe as obras previstas para o município, e aí?
Anápolis já foi beneficiada pelo governo, apesar das dificuldades do ano passado. Nós estamos concluindo a reconstrução da rodovia que liga Anápolis a Nerópolis, já reconstruímos a ponte que caiu em 2010, nessa estrada. Vamos retomar agora as obras de construção do aeroporto de cargas de Anápolis; estamos na fase final do projeto para construção do maior Centro de Convenções da Região Centro-Oeste, temos expectativas de que por volta de julho/agosto, no máximo, a gente comece a construção dessa obra. Estamos fazendo um investimento para universalizar atendimento de água e esgoto na cidade de Anápolis, atendimentos também na área de energia. Estou finalizando um convênio com o prefeito Antonio Gomide. O governo repassará R$ 8 milhões para que ele possa concluir a pavimentação asfáltica dos 14 bairros que ainda restam na cidade. Fizemos um trabalho muito forte de captação de novos investimentos na cidade de Anápolis, investimentos privados para industrialização e criação de empregos. Solicitei à secretaria que elaborasse o projeto do contorno do anel viário do Daia, obra muito importante.

Fonte: Jornal o Hoje