Jovair Arantes diz que se tiver condições, quer iniciar a obra do metrô da capital
Estamos a menos de três meses das eleições. Só agora os candidatos começam a explicitar suas ideias, a expor seus projetos. Jovair Arantes, candidato a prefeito de Goiânia pela coligação “Goiânia 24 horas”, formada pelo PTB, PSDB e mais 6 legendas, assume desde já uma postura de oposição a Paulo Garcia, embora, no Congresso, forme a base aliada da presidenta Dilma Rousseff.
Ele vai direto ao assunto. Não se desvia para divagações abstratas. Não perde tempo com especulações filosóficas. Na entrevista que concedeu ao Diário da Manhã essa semana, o deputado federal, líder do PTB goiano, respondeu com objetividade e concisão a todas as perguntas que lhe foram feitas. Colocou com clareza o seu pensamento. Fez críticas severas e assumiu compromissos políticos para ser depois cobrado.
Está claro que a intenção de Jovair é abrir polêmica. Mas ele sabe que a polêmica necessária, a boa polêmica, é que enfoca os problemas da cidade. Como domar o trânsito cada vez mais selvagem da capital? Intervenções pontuais ou reorganização do sistema viário de Goiânia? O que fazer para melhorar o transporte coletivo urbano, um serviço do qual todos se queixam e ninguém elogia? Corrigir distorções pontuais do sistema atual ou investir em novas modalidades (VLT, metrô etc)? Ele discorre sobre o que pensa estar errado e propõe alternativas.
A crítica de Jovair nunca é desrespeitosa, conquanto incisiva. Ele deixa claro que tem pelo cidadão Paulo Garcia todo o respeito que ele merece. Não leva para o plano pessoal o que são meras divergências de ordem política. Sua crítica se dirige ao administrador que busca a reeleição. Para Jovair, o prefeito “tem sido omisso”, e o candidato à reeleição não teria um programa ousado para enfrentar os problemas da cidade. O leitor que tire suas próprias conclusões. O eleitor que decida nas urnas.
Diário da Manhã - Por que mobilidade urbana tornou-se um dos seus motes de campanha?
Jovair Arantes - Goiânia apresenta problemas crônicos na área de transporte coletivo e de trânsito, como se fosse, por exemplo, Vitória (capital do Espírito Santo). E veja que Vitória é uma cidade velha, com mais de 300 anos. Isto acontece porque os prefeitos da nossa Capital ficam historicamente adiando soluções, a abertura de grandes avenidas e trincheiras; a construção de pontes e viadutos. Com relação ao trânsito, devíamos usar equipamentos eletrônicos modernos, que não custam caro, para fazer um gerenciamento inteligente do trânsito. Quem ganha é o cidadão que precisa transitar.
Diário da Manhã - Transporte coletivo é tema recorrente de campanhas eleitorais. O que acha do transporte coletivo da capital?
Jovair Arantes - Com relação ao transporte coletivo, nós já não podemos mais continuar a ver a prefeitura abrindo mão do gerenciamento do transporte coletivo de Goiânia, que está entregue às empresas que prestam o serviço. É um desrespeito às pessoas que precisam do transporte coletivo. Nisso, o prefeito está sendo omisso. É grave a situação do transporte coletivo em Goiânia. É muito ruim você não poder mais usar dinheiro nos ônibus de Goiânia. Antes era o sitpass; agora, é a carteirinha especial. Se a moeda em curso forçado não vale, então o que é que vale? Um turista em visita a Goiânia tem uma dificuldade enorme para andar de ônibus. Um cidadão que, de repente, tem que deixar o carro em casa, terá dificuldade para andar de ônibus.
Diário da Manhã - Outra questão eternamente insolúvel é a do trânsito. O trânsito cada vez mais caótico de Goiânia tem jeito?
Jovair Arantes - Não podemos deixar de construir os corredores exclusivos para ônibus. Precisamos desobstruir as vias, fazer pontes ligando os bairros. Não se procurou fazer um planejamento para a cidade que possa durar trinta anos e que rompesse com a cultura do imediatismo. As intervenções no Trânsito de Goiânia seguem na linha do “correr atrás do prejuízo”. Temos que pensar a cidade com visão de futuro. Uma avenida, como a Leste-Oeste, que é uma via expressa, não pode ter sinaleiros, cruzamentos. Temos que fazer trincheiras, viadutos, para termos uma via de escoamento rápido de uma região para outra. O prefeito-candidato abandonou o gerenciamento. Ele não bota o dedo nisso.
Diário da Manhã - O sr. anda ou já andou de ônibus em Goiânia?
Jovair Arantes - Não, hoje ando no meu próprio veículo. Mas já andei muito, justamente nos horários de pico, para ver como funciona. Já senti na pele o drama do usuário. Agora, eu, sendo prefeito, não posso e não vou ficar omisso, pois respeito quem precisa andar de ônibus. As pessoas que precisam andar de ônibus merecem respeito, elas também pagam impostos. Se as empresas não respeitarem os critérios que a prefeitura, sob meu governo, estabelecer (rapidez, pontualidade, qualidade, segurança, comodidade etc.), teremos que denunciar os contratos, encampar, partir para cima. Chamamos a isso “gerenciamento”.
Diário da Manhã - O sr. tem feito críticas ao prefeito. O que há de errado nele?
Jovair Arantes - Como cidadão, o sr. Paulo Garcia merece todo o meu respeito. Como administrador, porém, eu o considero fraco e omisso. Ele herdou a prefeitura do Iris Rezende, que estava fazendo uma boa gestão, e não tocou as obras que o ex-prefeito vinha tocando. Nas áreas de trânsito e transporte, então, são gravíssimos os problemas.
Diário da Manhã - Há um razoável consenso sobre a necessidade de se construir metrô em Goiânia. Mas ninguém toma a iniciativa. Metrô é utopia?
Jovair Arantes - É uma discussão antiga, que vem desde os tempos do governo Henrique Santillo. Ele até constituiu um grupo de estudo sobre o tema. Veja bem: alguém, um dia, terá que começar a fazer alguma coisa pelo metrô. Eu não posso dizer: “vou fazer o metrô de Goiânia”, mas se tiver condições, quero iniciar a obra. É algo que demandaria um estudo mais aprofundado. Não posso assumir este compromisso agora. Mas seria bom que o próximo prefeito implantasse pelo menos o primeiro dormente do metrô. Agora, quem vai fazer a parte final? Não sei. Que é preciso começar o Metrô de Goiânia, é preciso.
Diário da Manhã - Quais as intervenções mais urgentes para o transporte?
Jovair Arantes - Há estudos para implantação do VLT e do BRT. Os dois estudos estão adiantados. O metrô seria uma boa solução para Goiânia, mas é claro que ele vai sendo feito aos poucos, demora. É uma solução de longo prazo. Nós temos que apresentar soluções de curto prazo, ações imediatas, e dar início às intervenções de longo prazo. É uma questão que deve ser debatida amplamente com a sociedade. Não vamos fazer nada sem ouvir a comunidade.
Fonte: DM