“Estamos a ponto de solucionar as crises nos hospitais”

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Secretário da Saúde credita o cenário caótico do setor às amarras burocráticas que tem o Estado, mas garante que a administração pelas OS vai resolver de vez o drama nas unidades
Fernando Leite/Jornal Opção
“Cheguei na hora que o copo estava derramando. Mas vou enfrentar, não tenho medo.” Experiente na função, o médico Antônio Faleiros — já fora secretário da Saúde ainda no governo Henrique Santillo [1987-1990] — nunca tinha passado por um quadro tão caótico à frente da pasta. O cenário aterrador chegou a pintar telas como a de um Hospital de Urgências com 14 pacientes com fraturas expostas e sem nenhum ortopedista na unidade para atendê-los — os que haviam sido escalados para o plantão não compareceram; ou a de um hospital sujo por entraves burocráticos de pagamento à empresa de limpeza.
Mas o pesadelo, ele garante, está no fim: Faleiros tem convicção de que o repasse de todas as unidades do Estado para organizações sociais (OS) vão solucionar o gargalo do atendimento hospitalar, o problema mais aparente e que mais reverbera quando o assunto é saúde pública. A partir daí a Secretaria Estadual da Saúde (SES) terá tranquilidade para cuidar das ações básicas e de prevenção que, segundo o titular da pasta, constituem de fato sua missão.

Como nome histórico do PSDB goiano, do qual já foi presidente, Antônio Faleiros ainda analisou o quadro político para as próximas eleições. Como o governador Marconi Perillo, ele crê que a base aliada ao Palácio das Esmeraldas caminhará mais forte na disputa se se aglutinar em torno de apenas um nome. O trecho está na edição on-line.
Herbert de Moraes — A saúde de Goiás está um caos. Hospital paralisado, imobilizado, sem condições para médico trabalhar porque o pessoal encarregado de limpeza não recebeu o salário. Um hospital vital como o de Doenças Tropicais, está sem assepsia, oferecendo risco de contaminação ao pessoal. Aquela unidade sempre foi um modelo... Parece que o governo Marconi gosta de desgaste com coisas pequenas. Sei de uma pessoa que precisa de cirurgia há seis meses, ligou ontem (dia 27) no Hospital Garavelo, e disseram “não podemos lhe operar porque o Marconi não paga a gente”. Disseram que estava tudo parado ali. O Hugo chegou ao ponto de ter um corpo em decomposição por cinco dias porque a geladeira não está funcionando. (enfático) Não tem verba para isso? O IML é um drama de muito tempo, um fedor, desde o início do governo Marconi tem esse problema. Então, para mim, a saúde está em um caos que não se justifica. O governo diz que falta verba, que tem de fazer licitação, ter dotação orçamentária. A verdade é que não se justifica isso, porque já houve tempo em que as pessoas podiam contar com o setor público na saúde. E agora, nada, o caos. (enfático) O sr. já falou que quer deixar a secretária, mas o governador fala que o sr. não pode deixar a pasta. O que está acontecendo?
Sou aberto a qualquer questionamento. Primeiro tenho de lembrar que a o SUS foi criado em 1988, na época eu era secretário da Saúde [governo de Henrique Santillo] e até hoje não houve nenhuma oferta maior de serviço desde então. Analisando a capital, Goiânia tinha na época em torno de 600 mil habitantes, hoje tem 1,5 milhão...
Herbert de Moraes – A arrecadação também aumentou...
Não estou falando de dinheiro, estou falando de oferta de serviços. O sr. há de convir que naquela época havia apenas um terço da população atual. Então a demanda au­mentou muito. E quais os hospitais novos que há hoje? Ne­nhum em Goiânia. O HGG [Hospital Geral de Goiânia] já existia. O HMI [Hospital Materno-Infantil] tem 35 anos. O HDT [Hospital de Doenças Tropicais] tem cerca de 30 anos, aliás, a última reforma lá fui eu quem fez. O Hugo fui eu quem construiu. Então, pergunto de novo, o que foi feito em oferta de serviço? Nada. Aqui, faço uma comparação. Fui à cidade de Feira de San­tana (BA), que tem 600 mil habitantes. Fui conhecer o hospital administrado pela empresa que vai fazer a administração do nosso HDT. Ela administra lá um hospital materno-infantil com 1,5 mil vagas. Em Go­iânia, o único hospital que atende pediatria, o HMI, tem 35 vagas. Então, em 35 anos, não foi construído nenhum hospital público em Goiânia.

Herbert de Moraes — Por quê?
Temos de analisar em conjunto. Estou falando da minha responsabilidade. Peguei um copo cheio que transbordou. Não sou responsável pela gota d’água nem por ter enchido o copo. Muito pelo contrário, quando tive oportunidade de fazer, eu fiz. E até hoje sou lembrado como a pessoa que mais fez pela saúde em Goiás. E posso provar. O sr. citou o Cais [Centro de Atendimento Integral à Saúde] Garavelo. Quando construímos o plano de estrutura da saúde, que envolvia o Hugo e os Cais, sobraram para Aparecida dois Cais, o Garavelo e o Nova Era. Naquela época, já imaginávamos que precisaria de mais um Cais. Mas depois que eu saí nenhum Cais foi construído em Aparecida. Este ano, em 2012, é que o governo federal construiu lá uma UPA [Unidade de Pronto A­ten­dimento], que nem sei se está funcionando.  É claro que o sistema está estrangulado. Não só aqui, mas, sim, no Brasil inteiro.
Herbert de Moraes — E de quem é a culpa por esse estrangulamento?
De quem não fez.
Herbert de Moraes — Quem não fez?
Os governos anteriores.
Herbert de Moraes — Quais governos?
(enfático) Os governos to­dos, federal, estaduais e municipais. O que o município fez? Só deu continuidade à Maternidade Nascer Cidadão que o Nion Albernaz construiu, mais nada. Agora é que estão colocando a Mater­nidade Dona Iris para funcionar, mas não vai funcionar o setor de internação ainda, só ambulatório. Não tem ne­nhum leito da Prefeitura aqui a não ser os da Nascer Ci­dadão. Então a culpa é de todos os governos. O que o governo federal tem aqui? Tem o Hospital das Clínicas que ninguém fala nada, está lá todo mundo de greve. E aí sobra tudo pra cima da gente. Então, a demanda quadruplicou. A população aumentou e todos agora têm consciência de que têm direito à saúde. Antes do SUS, apenas 30% da população tinha acesso aos serviços de saúde, quem tinha carteira de trabalho assinada. Com a universalização, a po­pulação passou a ter certeza de poder reivindicar, tem mais consciência. O Ministério Pú­blico ajuda as pessoas a usar esse direito. Aí estrangula o atendimento. Chegam 15 me­ninos no HMI, que tem 19 vagas de UTI e todas estão ocupadas, e querem que o hospital atenda. Não tem como, o hospital não tem capacidade. Não há como colocar beliche em UTI. O sistema se exauriu. Eu, coincidentemente, cheguei na hora que o copo estava derramando. E vou enfrentar, não tenho medo, acho que temos condições de fazer muito. Tanto que já conseguimos 114 leitos de UTI, que o Estado está bancando sem ser nossa responsabilidade, que é do conjunto: União, Estado e municípios. Outro problema é a ridícula tabela do SUS, que desestimula unidades de saúde e profissionais. E eu lembro que quem faz gestão de saúde em Goiás são os 246 municípios, todos eles têm autonomia. Um exemplo, se em Goiânia eu quiser credenciar um hospital para atender pelo SUS eu não tenho esse poder. A Prefeitura é que pode, ela tem autonomia para isso. Ocorre que às vezes os municípios se afastam e cai no colo do Estado, que não é responsável sozinho pela situação.
Herbert de Moraes — Quer dizer que o Estado não tem nada a ver com aqueles hospitais imundos, infectos?
Não estou dizendo isso. Esses hospitais são do Estado. O que está errado em algumas questões de agilidade é que o Estado conseguiu arrumar um emaranhado. Esse problema não é só em Goiás, esse caos que o sr. está dizendo não é só em Goiás. Es­tive em Santa Catarina e achei que estava diante da televisão em Goiás, era só crise na saúde. Em Brasília é a mesma coisa. A TV Record mostrou esses dias uma médica desesperada num hospital federal no Rio de Janeiro, num caos. A crise é generalizada.
Cezar Santos — Mas qual a diferença fundamental entre a sua primeira gestão e agora?
O que percebo é que criaram tantas amarras, tantos controles prévios, voltaram questões que existiam antes. Por exemplo, antes de 1988, o Tribunal de Contas do Estado tinha controle. O próprio TCE entendeu que era papel dele fazer controle prévio, tem de fazer controle a posteriori. Se você gastar errado, você vai ser punido, mas não tem de fazer controle prévio, principalmente na área de saúde. Como vou administrar a empresa mais complexa que existe, o hospital, com esse controle prévio? Por exemplo, se vocês quiserem fechar o jornal às 6 horas da tarde, vocês podem fechar. Mas hospital tem de funcionar 24 horas por dia. Não há como controlar a demanda, tem de ter equipes preparadas. Num hospital como o Hugo, tem de ter ortopedistas, neurologistas, cirurgião geral, clínica médica, nefrologista, toda uma equipe montada à disposição da população 24 horas por dia. E com insumos correlatos, com equipamentos funcionando a contento. No setor público, primeiro, tem de fazer licitação. Cons­tatou-se que, nos últimos anos em Goiás, um processo de compra demora 541 dias, não sou eu que estou dizendo isso. Assumi a secretaria com 34 mil processos inconclusos.
Herbert de Moraes — Já ouvi essa justificativa do sr. na televisão. Mas não faz sentido diante da imagem de um cadáver putrefato há cinco dias, saindo líquido, porque não se conserta uma geladeira (enfático).
Eu concordo e como médico jamais permitirei isso acontecer. Denunciei, tenho documentos que mostram. Denunciei para o secretário Vecci (Planejamento e Gestão), para o secretário José Carlos Siqueira (Controladoria Geral), mandei cópia para o governador, para o Ministério Público, dizendo que ou tomamos uma medida de tomar o arcabouço legal (para aquisições e manutenção) ou iremos entrar no caos. E o caos chegou.
Herbert de Moraes — Então o sr. concorda que estamos no caos na Saúde?
As soluções já estão ocorrendo. Primeiro, a solução definitiva, a criação do Fundo Estadual de Saúde com autonomia. Se tiver de passar por controle de burocrata que quer só ver se a vírgula está fora de lugar ou se falta ponto, não adianta. Tem de ter autonomia e fiscalização em cima, porque o Estado é um bom fiscal, mas é um péssimo executor na área de saúde. Não é o Estado de Goiás, mas o Estado como um todo. Tanto que todos os Estados estão buscando alternativas. Nós estamos buscando o que quase todos os Es­tados estão, que é passar a gerência da unidade de saúde, essa unidade complexa, para OS [organização social] não tem outro jeito.
“Só houve problema no Huapa”
Herbert de Moraes — Esse hospital que estava na sujeira, com lixo pelo corredor e os médicos sem condições de trabalho. Isso apareceu na televisão. O Cremego [Conselho Regional de Medicina] até ameaçou entrar com ação para que os médicos não trabalhem nessas condições. O governo não transferiu o dinheiro que tinha de pagar à empresa para pagar os salários do pessoal?
Temos cinco hospitais. O hospital na sujeira a que o sr. se refere é o Huapa [Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia] e a mesma empresa que presta serviço para os outros quatro parou. Parou porque esse era o único hospital que não estava ainda no ponto para ser passado a uma OS. O sr. não viu paralisar o Hugo, o HGG, o HMI, porque todos já estavam com a empresa escolhida para fazer a gerência. Só parou o Huapa, e não vai parar mais, porque também ele já está em fase de passar para uma OS. Agora vou contar o tanto que brigo com a burocracia. Essa empresa de limpeza, terminamos o processo de licitação na Saúde em novembro. De lá para cá, até hoje o contrato não foi outorgado.
Herbert de Moraes — Mas qual setor do governo que emperra, para que eu cobre desse setor?
Não é só setor de governo. Em uma licitação uma empresa entra com liminar contra a outra, que cassa a liminar da primeira; no caso, a liminar foi cassada outra vez... Além do processo judicial, vai para Controle Interno, para a PGE [Procuradoria-Geral do Estado], aí fica diligência para cá, pra lá e até hoje (dia 27) esse contrato não foi outorgado. Por que a empresa paralisou? Quando a empresa trabalha sem contrato, a gente manda continuar, por questão de sensibilidade, mesmo sem contrato, para depois pagar com o mesmo preço que tinha no contrato, o que se chama de regularização de despesa. No caso da Coral [empresa de limpeza], o Controle Interno entendeu que a regularização de despesa não podia mais ser paga. Então foi preciso fazer uma lei, aprovada na As­sembleia, para que o secretário pudesse validar o empenho em vez de submeter ao Controle Interno. Só que essa lei só foi publicada na sexta-feira passada, dia 22.
Herbert de Moraes — Do seu ponto de vista, pode-se dizer que o sr. está sendo vítima de uma gestão incompetente do Estado?
Não direi isso em hipótese alguma. Direi que o Estado está com um excesso de normas e de níveis burocráticos que para a saúde não funciona.
Herbert de Moraes — Mas funcionar a saúde foi promessa de governo, há dois anos, inclusive com construção de hospitais, como o sr. disse. O sr. está dizendo que ainda falta fazer o contrato de um processo de transferência de gestão para iniciativa privada. O sr. registra o fato, mas não me diz quem é responsável por isso.
Nunca me neguei a falar isso, estou dizendo. Vamos ser mais claros. Por que no governo passado não ocorreu crise como essa? Respondo: porque fizeram tudo de forma irregular. Vou provar. A Secretaria Es­tadual da Saúde, em vez de assumir para si a responsabilidade que eu assumi, mandava os diretores dos hospitais fazer compras com recursos do fundo rotativo. E, se for apurar, todos os diretores terão de ser punidos — e aliás foram, porque o Ministério Público abriu processo —, porque compras com fundo rotativo eram absolutamente ilegais e irregulares. Só que ninguém na época aventou essa hipótese. Eu cheguei e proibi comprar com fundo rotativo. Com fundo rotativo se pode comprar no valor de até R$ 8 mil sem licitação, por item. Eles compravam R$ 1 milhão, R$ 2 milhões de cada item, para fazer o hospital funcionar. Comparar isso a fundo rotativo é fácil, não precisa nenhuma burocracia, chega à esquina e manda o cara entregar. Não tinha a burocracia. Naquela época faziam irregularmente o funcionamento dos hospitais.
Euler de França Belém — Mas então estavam fazendo a coisa certa, para o hospital funcionar.
Certa, mas ilegal. Em algum momento iria estourar, tanto é que estourou, o Ministério Público abriu processo e colocou como fundo corrosivo etc.
Herbert de Moraes — O secretário também está sendo vítima, suportando esse tipo de desatenção permanente.
Pelo contrário, acho que tem de ser assim para a gente resolver. Temos de enfrentar a coisa de forma direta. O governo Marconi fez o Crer, o Hu­apa e o Huana [Hospital de Urgências de Anápolis]. E o governo do PMDB, o que fez? Nenhum hospital.
Herbert de Moraes — Mas o secretário precisa falar quem está segurando. É o secretário do Planejamento? É o de Finanças?
O dr. Marcelo Celestino [promotor], sentado ao lado do governador, disse a ele durante um discurso: “Sr. governador, se não mudar o arcabouço legal, não tem como mudar a questão da saúde.” E não tem como mesmo, não tem como! (enfático) Por exemplo, eu tenho de cumprir um mandado de segurança que exige a compra de remédios para alguém com câncer: se eu for comprar diretamente, sou punido; se eu compro pelas regras normais, isso vai demorar quatro ou cinco meses e a pessoa talvez já tenha até morrido. Se não mudar a legislação, não tem jeito. O governo Marconi deu atenção à questão da urgência/emergência, criou o Huana, que desde o primeiro dia funciona e muito bem como OS; criou o Crer, que também funciona desde o início como OS; o Huapa, da mesma forma. Por isso, eu pergunto: qual hospital foi construído em governo do PMDB? Marconi assumiu o HGG com oito anos que estava fechado para reforma. O mo­mento que estamos vivendo é o da recuperação disso. Essas crises todas que estão sendo divulgadas não se observa mais no HGG, nem no Hugo. Não há falta de equipamento nem de material nem de pessoal. Quero dar um exemplo: houve um sábado no fim do ano passado em que tivemos 14 fraturas expostas no Hugo e não havia nenhum ortopedista de plantão, porque os que estavam escalados não compareceram. O que fazer então? Não podemos contratar um plantonista, por exemplo. Naquela situação, tivemos de arrumar um helicóptero para levar quatro pacientes para ser operados no Hurso [Hospital de Urgências do Sudoeste], em Santa Helena, que é administrado por uma OS, outro para mandar pacientes para Anápolis e, também, pedir favor para um ortopedista, que foi ao Hugo e operou os outros pacientes. Se isso acontece sob a gerência de uma OS, eles podem de imediato contratar um plantonista, ou dois ou três, e pagam de forma direta, sem problema algum. Então, o jeito é buscar alternativas para as quais as organizações sociais tem totais facilidades.
Euler de França Belém — Parece que a OS no Hugo já fez algumas mudanças no hospital.
Sim, já aumentamos 16 leitos de UTI e dentro de dois meses vamos colocar mais 10 leitos. Ao todo, serão 26 leitos de UTI a mais que vamos oferecer.
Frederico Vitor — Muito se falou nos hospitais de Goiânia, Aparecida e Anápolis. E como fica o Entorno do DF?
Com um trabalho em conjunto com o Ministério da Saúde e o Ministério Público, o Estado está assumindo tanto o hospital de Santo Antônio do Descoberto e de Águas Lindas. Já estamos quase na fase final desse processo. Esse foi outro equívoco também cometido, não em nosso mandato, mas nos governos do PMDB. Criei dez hospitais regionais durante minha gestão no governo Henrique Santillo para interiorizar a medicina em Goiás e, ao longo dos anos, fazer aprimoramento nessas unidades. O que o governo Maguito Vilela fez? Repassou esses hospitais para os municípios. A maioria deles não tem condições de administrar esses hospitais regionais, somente os de maior porte. Essas unidades foram sendo sucateadas, a ponto de ter hospitais que originalmente tinham 60 leitos e hoje só possuem 20. Agora, pela primeira vez, estamos fazendo um "upgrade" nesses hospitais: no de Rio Verde, feito pelo município, estamos subsidiando as UTIs e construímos dez leitos. Vamos fazer a mesma coisa nas unidades de Morrinhos, Itaberaí, São Luís de Montes Belos e Porangatu, para poder oferecer mais 40 leitos de UTI. Só nesses 18 meses de administração já colocamos em funcionamento 114 leitos de UTI. E, como eu disse, não é uma obrigação só do Estado, mas de todos os gestores, inclusive do Ministério da Saúde. O mais complicado que há para se criar procedimentos de média e alta complexidade é justamente o valor do pagamento feito pelo ministério. Até há poucos dias, o Ministério da Saúde pagava diária de R$ 470 para a iniciativa privada. O que acontecia? Os hospitais particulares se negavam a atender. Agora é que o valor foi reajustado para R$ 800. Mas, mesmo assim, se formos comparar, a Unimed paga R$ 1,5 mil. Os hospitais públicos gastam, em média, de R$ 1,6 mil a R$ 1,8 mil por dia com diária de UTI. Qual hospital vai querer trabalhar para ter prejuízo? Ninguém quer! (enfático). Os municípios, que são os gestores, não mandam os pacientes para a rede privada e, então, cai tudo na rede pública e vêm as mesmas críticas de sempre: “o Hospital Ma­terno-Infantil (HMI) tem fila para UTI”; ora, mas tem de ter mesmo, porque os espaços são únicos, os leitos são únicos, limitados. Como fazer?
Euler de França Belém — O funcionamento do Hospital da Mulher e Maternidade Dona Iris [construído e administrado pela Prefeitura de Goiânia] vai melhorar o quadro ou pelo menos reduzir o drama?
Quando começar a funcionar em sua plenitude, é claro que vai melhorar, desde que a unidade assuma também o papel de atender gravidez de alto risco. Temos já a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes [na Nova Vila, em Goiânia]. Hoje, o HMI é o único lugar no Estado que recebe pacientes gestantes com alto risco, preparada para isso.
Cezar Santos — E como está o Hospital da Mulher, promessa de campanha do governador, que ainda não saiu do papel?
Tínhamos pensado inicialmente em fazer a obra por meio de parceria público-privada (PPP), mas não deu certo. Até o fim do ano, tanto o Hospital da Mulher como o Hospital da Região Noroeste devem ser licitados, para que a construção comece logo pela Agetop [Agência Goiana de Trans­porte e Obras Públicas].
Frederico Vitor — Em que estágio se encontra outra promessa de campanha, os Credeqs [centros de recuperação de dependentes químicos]? O crack hoje já não é mais um problema de segurança pública.
Veja bem, não é de agora, o dependente químico não precisa de polícia, mas de atendimento médico. Então, sempre foi uma questão de saúde pública. Na realidade, o que ocorreu com o fenômeno das drogas é que a sociedade não estava preparada para uma epidemia tão grave como se tornou a do crack. Não havia nenhuma política definida, nenhum protocolo exclusivo para se tratar o problema. O que procuramos fazer foi tentar, no Brasil todo, pegar as várias correntes que existiam e elaborar um projeto único desses pensamentos da área médica. Entregamos o documento ao governador e já estão autorizados quadro Credeqs, todos eles com área escolhida e doadas ao Estado, algumas em fase final de liberação pela Vigi­lância Sanitária para início das obras. A construção está a cargo da Agetop. As unidades se­rão em Caldas Novas, Mor­rinhos, Rio Verde e Aparecida de Goiânia.
Frederico Vitor — E eles serão geridos por OS?
Não tenho dúvida, vamos fazer o chamamento de organizações sociais para administrar essas unidades.
“As OS vão tirar as amarras da saúde”
Euler de França Belém — O sr. já falou sobre isso, mas retomo o tema: por que as OS realmente melhoram o atendimento?
Porque elas são entidades particulares, sem fins lucrativos. Por isso, não ficam nas amarras legais que o poder público tem: elas podem demitir, contratar, remanejar, comprar, enfim, têm toda a liberdade da iniciativa privada, coisa que o Estado não tem.
Euler de França Belém — Se as OS não têm fins lucrativos, qual é a lógica que fazem com que elas se interessem em administrar essas unidades?
Vamos pegar dois exemplos, o Crer e o Huana. O Crer foi criado para isso, o governo do Estado, quando não havia os ritos para se fazer esse chamamento, foi criada uma OS com o fito de gerir essa unidade. Tanto é que é uma entidade com várias representações em seu conselho — universidades, segmentos empresariais etc. Prova de que o Crer não tem fins lucrativos é que ele foi ampliado com recursos próprios, sem um centavo sequer do governo, de 14 mil metros quadrados iniciais para 34 mil metros quadrados. Tudo com sobras do repasse do governo, sob a administração da OS. O outro exemplo, a administração do Huana, que é mais uma questão religiosa. A Fasa [Fundação de Assistência Social de Anápolis] é gerida pela irmã Rita Cecília, que é de uma congregação católica que faz esse tipo de prestação de serviços. A Fasa já existia com a Santa Casa e foi ampliada para o Huana. O que há de interesse em lucro? Nada, as irmãs apenas querem seguir seus princípios de vida. Obviamente, há interessados que têm em seu bojo profissionais que querem ganhar dinheiro com sua atividade.
Euler de França Belém — A OS que gere o Crer está querendo participar da administração do Huapa. Isso é possível?
Nossa ideia é de que o Huapa fosse também uma referência em ortopedia. Sobre a questão de estatuto da entidade, há condições de se fazer determinadas adequações para a entidade assumir a unidade, se assim quiser.
Cezar Santos — Faltam recursos para a saúde por parte do Estado? Ou a questão são realmente as amarras burocráticas?
Em minha gestão nunca faltou, apesar de eu achar que os recursos para a saúde precisam ser maiores por parte do governo federal. De qualquer forma, a maior necessidade é de se modernizar a administração, fazê-la mais ágil. Também é necessário separar recursos para investimento, em áreas que precisam ter oferta de serviço, como os Credeqs, os hospitais da mulher etc., em unidades que possam dar vazão a essa grande demanda. Todo mundo fala em caos na saúde, mas o que há é um estrangulamento no atendimento hospitalar. Saúde pública não se faz em hospital, que é um lugar para curar doenças. Saúde pública se faz é com promoção de saúde, com ações básicas. Aqui em Goiás ninguém ouve falar mais em crise de dengue, por exemplo. Reduzimos em mais de 90% os casos de dengue no Estado, por meio de investimentos em promoção de saúde e conscientização. Hoje não temos crise com o vírus H1N1, apesar de estarmos alertando a população sobre a possibilidade de um surto, já que o vírus está circulando por aqui também. Onde está o gargalo, então? Justamente na administração hospitalar. Estamos falando então daquilo que interessa a não mais do que 15% da população, que realmente precisa de atendimento hospitalar. O restante não vai a hospital, é atendida nas unidades básicas de saúde. Ano passado, repassamos R$ 58 milhões aos municípios, para ajudá-los a tomar as ações básicas, medidas que levam em conta o complexo regulador do Samu, a farmácia básica e doenças como a diabete, a hipertensão. Estamos fazendo nosso papel e a crise hospitalar está começando a ceder. Hoje saiu a outorga do contrato com o Ins­tituto Sócrates Guanaes, OS que vai administrar o HDT [Hos­pital de Doenças Tropicais]. No HMI, a OS começa a gerenciar a unidade a partir de 1º de julho, se Deus quiser. Em relação ao Huapa, estamos em fase final de escolha da OS. Conclusão: não vamos ter mais esse tipo de crise na rede hospitalar. Isso já estará solucionado com a gerência por meio das OS. Por que não se ouve falar em crise no Crer, no Hurso, no Huana e, agora, já não estamos ouvindo falar disso também no HGG e no Hugo? As coisas pontuais ainda ocorrem, como um problema com autoclave no Hurso, porque o Estado está devendo o equipamento. No Huana, talvez o excesso de demanda seja um problema, porque funcionam com 110% de sua capacidade, mas é algo que se pode corrigir.
Euler de França Belém — Qual é o problema do HDT?
É algo semelhante ao problema do HMI. Sua estrutura física tem cerca de 30 anos. A última ampliação e reforma do hospital foi ainda quando estávamos no governo Santillo, no fim da década de 1980. Não houve mais qualquer aumento de capacidade do hospital nem reforma física. O que há hoje é autoclave velho, que estamos trocando, infiltrações, vazamentos. O Hugo, outro exemplo, foi construído há 23 anos, em minha administração, e depois nenhuma manutenção foi dada, nem mesmo uma pintura.
Frederico Vitor — O HDT e o Hugo recebem pacientes de outras unidades federativas, como Acre, Mato Grosso, Tocantins e Rondônia. Como fazer para reverter esse problema de migração de pacientes?
Isso é um complicador a mais, somente. Além da população de Goiânia, que já carece de outro hospital, e do interior, há pacientes de outros Estados. Isso será resolvido quando conseguirmos fazer a regulação estadual e criar o cartão SUS, para que possamos fazer um encontro de contas com os municípios do interior e também de outros Estados. Sem o cartão SUS, as pessoas às vezes vêm e ficam em casa de parentes e, como não há como identificar sua origem, acabam onerando nosso sistema. Mas não acho que seja o principal problema: o ponto central é a oferta de serviços. Senão aumentarem a verba de serviços, não há como coibir a demanda. Outra coisa em que pouca gente toca o dedo na ferida é a ridícula tabela do SUS. A gestão da política pública de saúde de Goiânia é a cargo da Secretaria Municipal de Saúde. O que acontece? Como ela não tem nenhum leito, a secretaria compra os nossos serviços e os da rede particular. Só que esta se nega a atender os procedimentos mais caros e complexos. Aí vem tudo para a rede pública. Eu falei que há mais de 30 anos não se constrói um leito público, mas leito particular há. Por que a Secretaria Municipal de Saúde não exige que esses hospitais atendam à demanda? Os hospitais não têm interesse, porque é só paciente problemático, só prejuízo. Apesar da ação social que cada hospital tem, cada um precisa ter condições de pagar as próprias despesas e acaba tudo na rede pública. E assim o setor público é atingido dessa forma. Ora, se o HMI tem 180 leitos não adianta mandar 300 pacientes, porque não haverá jeito de atender todo mundo.
Cezar Santos — Como está o entrosamento entre o Estado e a Prefeitura de Goiânia no setor da saúde?
Temos um ótimo relacionamento com o município, o dr. Elias Rassi [secretário municipal de Saúde] é meu amigo. E o Estado presta serviço ao município de Goiânia, é este quem faz o encaminhamento de pacientes para nós, até que se conclua nosso complexo regulador, que já está para ser colocado em prática a partir do mês que vem, aí sim vamos gerenciar nossas unidades.
Frederico Vitor — Temos observado um trabalho conjunto de vários órgãos do Estado nas blitze da Balada Responsável. Isso tem surtido efeito nas estatísticas de acidentes? Há efeitos positivos na demanda do Hugo, por exemplo?
Toda e qualquer ação que evite ou diminua a ocorrência de acidentes tem o apoio da SES. Nosso objetivo é sempre fazer promoção de saúde. Isso se faz preventivamente. A Balada Responsável é, guardadas as devidas proporções, a uma campanha de vacinação, porque o objetivo é evitar que pessoas alcoolizadas provoquem acidentes. Infelizmente, apesar desses esforços, o que vemos é um número crescente de acidentes, já que há um número excessivo de carros e motos. Se você for ao Hugo hoje, verá que quase a totalidade dos atropelados é vítima de acidente de moto. Na próxima semana vamos lançar o Ob­servatório de Mobilidade Ur­bana, que vai envolver os municípios com maior incidência de acidentes de trânsito.
Frederico Vitor — Isso não demanda também um incremento das campanhas de conscientização?
Claro. Temos feito várias campanhas nesse sentido, como as de vacinação e as mobilizações contra a dengue. O primeiro ato que fiz como secretário da Saúde foi visitar todas as unidades regionais de saúde em dois meses, para que todos tomassem consciência da gravidade da doença. Em 2010, tivemos 94 óbitos por dengue. Parece que a sociedade se anestesiou. Com o episódio do césio, tivemos apenas quatro mortes — claro que “só” é modo de dizer. Naquela época houve uma mobilização, um grande movimento. Agora, com 94 óbitos por causa da dengue, parece que a sociedade não estava dando atenção. Fe­lizmente, este ano tivemos oito casos de mortes suspeitas por dengue, ainda não confirmados. Então, vimos diminuir assustadoramente o número de ocorrências.
Cezar Santos — Como o sr. resumiria esse momento da saúde?
Todas as vezes que chegamos a um ponto para dar um salto de qualidade é natural ocorrer alguma turbulência. É o que estou sentindo agora. Estamos na fase de solucionar as crises nos hospitais. Sou contra usar essa expressão “caos na saúde”, porque não há isso. O que há é uma dificuldade na administração das unidades hospitalares. E não são todas: temos o Hurso, em Santa Helena; o Huana, em Anápolis; e o Crer, em Goiânia. Todas elas funcionando bem. Além disso, temos o HGG e o Hugo também na capital já em bom funcionamento. A partir desta semana temos uma OS gerenciando o HDT e já escolhemos quem vai administrar o HMI. Estamos também fazendo o chamamento para a escolha de quem vai gerir o Huapa. Tenho convicção de que todas essas nossas unidades vão dar atendimento de maior qualidade à população e uma estrutura melhor a nossos servidores. Acredito, então, que resolvemos o problema de nossos hospitais. Resta-nos, agora, fazer planejamento de ações básicas de saúde, o que é verdadeiramente nossa função como Secretaria Estadual da Saúde.
Saúde pública é promover condições para que o cidadão não adoeça. A pessoa doente é uma frustração para o sanitarista. Quando há uma avalanche de críticas sobre uma parte da ação política de saúde, essa crítica às vezes se sobrepõe às outras ações, como as que já expus aqui, como as campanhas exitosas de vacinação, a redução da incidência da dengue e os poucos casos do vírus H1N1. Precisamos continuar implantando redes que possam melhorar outros índices, como o de mortalidade materna e o de mortalidade infantil. Isso não vem para a mídia porque não chama a atenção, mas é isso a função do poder público na saúde. Hospital é uma pequena parte de nossa tarefa, embora seja a que apareça mais. Por fim, digo com convicção: saúde pública não se faz em hospital; saúde pública é promoção de saúde, hospital é para curar doenças. Em relação a isso, estamos buscando a melhor forma de dar dignidade à população.
Cezar Santos - F alando agora de política, o PSDB está encalacrado na questão da sucessão municipal em Goiânia. Pode-se dizer que só sobrou o deputado Fábio Sousa para ser lançado pelo partido?
Apesar de ter visto essa declaração pelos jornais, não há por que dizer que "só sobrou" Fábio Sousa. Ele é um grande candidato e está em igualdade de condições com os concorrentes que estão postos aí. Seu eleitorado é, de fato, um pouco segmentado ainda, mais ligado a grupos religiosos. No entanto, acredito que isso, em vez de ser defeito, é uma virtude, porque os eleitores sabem que estão votando em uma pessoa cristã, o que tem um apelo social muito grande. Acho que ele é um ótimo candidato e tem condições plenas de disputar as eleições pela base governista. Porém, sabemos que há outros nomes de outros partidos que também têm interesse na disputa, o que também acho natural. Não posso falar contra aquilo que eu fiz, porque, quando eu era presidente do PSDB e o partido era pequeno, nossa meta era consolidar a sigla. Para isso, nada melhor do que uma candidatura majoritária. Foi isso que fizemos quando tivemos Nion Albernaz. Assim, é natural a opção de Jovair Arantes querer se consolidar como candidato do PTB e temos de respeitar isso. Da mesma forma, com o PSD e com outros partidos, que querem que a sigla se consolide na mente dos eleitores. O que é preciso é ter consciência para que os atos não sejam de cizânia, já que nós todos estamos na base de apoio do governo do Estado.
Cezar Santos - O governador já se manifestou a favor de candidato único pela base estadual. O sr., particularmente, nesse momento delicado, acredita que essa seja a solução ideal em um pleito no qual a situação está à frente?
Esse sempre foi meu ponto de vista. Além de defender um candidato de meu partido, sempre defendi também alguém que tivesse condições de fazer uma boa articulação e ser o nome único. Nunca me fiei nessa história de que é melhor dividir antes para depois se juntar para um segundo turno. Isso cria muitas arestas, apesar de que tudo pode mudar. Mas, se não for possível estabelecer o candidato único, que não haja uma disputa muito acirrada no primeiro turno, para que possamos ir fortes e recompostos para a segunda fase da eleição.
Cezar Santos - O prefeito é médico, como o sr. Qual é a avaliação pessoal que o sr. faz da gestão de Paulo Garcia? Quais pontos seriam mais passíveis de crítica?
Paulo Garcia, politicamente, ainda não teve uma consolidação de seu nome. Primeiro, porque ele não foi eleito: perdeu uma eleição em 2006 para deputado estadual e foi escolhido como vice na chapa do ex-prefeito. Assumiu a Prefeitura e temos visto seu trabalho, principalmente em termos de uma maquiagem, vamos dizer assim, pelas ruas da capital. Mas ainda não vimos uma consolidação de seu nome como líder político. Pode ser até que isso venha a acontecer, mas não é o que temos visto. A prova é que, apesar da propaganda maciça que tem sido feita de sua administração, seus índices nas pesquisas, apesar de estar em 1º lugar, não são satisfatórios para alguém que está no comando do Executivo. Em relação à saúde, particularmente, há muita coisa a ser observada. Temos feito tudo o possível para caminharmos juntos e, de minha parte, tenho procurado ser isento, não há nenhuma restrição a qualquer partido político, mesmo porque o cidadão que precisa do serviço não pode estar sujeito a entraves por causa de outra esferas. Porém, tivemos um embate sério com respeito a nossos hospitais, que eram colocados à disposição do município, prestavam serviços, mas não recebiam. A Prefeitura pagava a rede particular, mas não os hospitais públicos. Foi preciso haver um grande acordo no Ministério da Saúde para começarmos a receber em cinco meses, que vencem agora em julho. Haverá um novo acordo para, então, continuarmos a receber do Ministério da Saúde.
Cezar Santos - A Operação Monte Carlo abateu vários pré-candidatos à Prefeitura, entre eles o primeiro nome do PSDB, o deputado Leonardo Vilela. O sr. acha que esse caso vai continuar a ter reflexos na disputa eleitoral?
Só se houver fatos novos. Do contrário, não. O governador Marconi Perillo foi para o depoimento na CPMI e saiu melhor do que entrou. Demonstrou seriedade e sinceridade. A meu ver, ele cresceu na crise e saiu ovacionado pela população de Goiás. Em nossas caminhadas pelo interior, o que vemos é só um mesmo comentário: essa questão de Cachoeira no governo de Goiás é passado. Obviamente, se houver fatos novos para os candidatos que estarão na disputa, isso pode realmente influenciar.
Frederico Vitor - Corre-se o risco de o tema Operação Monte Carlo predominar nos debates políticos, ao invés da discussão dos planos de governo?
Eu espero que não. A população não merece. Já chega esse trauma que tivemos desde 29 de fevereiro, quando esse caso tomou dos meios de comunicação. Espero que a disputa em cada cidade seja em relação ao projeto de cada um dos concorrentes para seu município. Não é virtude de qualquer candidato ser honesto, é uma obrigação. Qualquer pessoa que tiver vinculação com algo ilícito tem de pagar por isso e o próprio eleitor vai reconhecer isso.
Cezar Santos - O PSDB comandou o País por dois governos e agora o PT está no terceiro mandato. Que comparação pode ser feita entre essas duas forças na administração do Brasil?
O PT soube se aproveitar daquilo que fizemos. É o mesmo que ocorrerá com o secretário da Saúde que me suceder: quem me suceder vai pegar a casa arrumada, vai colher os frutos de um céu de brigadeiro. O PT sempre foi o partido do contra: votou contra o Plano Real, foi ao Supremo Tribunal Federal contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Todas as boas ações foram questionadas pelo PT. Agora, no governo, o partido soube capitalizar o momento. Eu digo com toda sinceridade, embora o passado não tenha como ser reescrito: se Lula tivesse ganhado qualquer das eleições que perdeu teria sido um desastre para ele. A sorte dele é que ele ganhou após oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, que arcou com todos os desgastes de fazer as reformas necessárias. Por exemplo, o PT foi um crítico do Proer [programa que repassou dinheiro a bancos e instituições financeiras em dificuldade]. Não fosse o Proer não teríamos a estabilidade financeira de hoje. No poder, o PT recorreu ao artifício do Proer. Tudo o que precisava ser feito e que deu desgaste, o PSDB fez. Acabou preparando o Brasil para eles continuarem o projeto e ganhando eleições, embora legitimamente. Tanto nosso projeto serviu que eles não mudaram absolutamente nada e até copiaram algumas coisas, como foi o caso do Bolsa Família, que foi cópia do Renda Cidadã do governo Marconi.
Frederico Vitor - O sr. acredita que o mensalão tenha sido o maior escândalo político do País? E sobre o julgamento do caso, o sr. acha que será julgado neste ano?
Não tenho dúvida de nenhuma das duas questões: tanto de que o mensalão foi o maior escândalo político como o fato de que deverá ser julgado pelo Supremo a partir de agosto. E não tenho o menor receio: os acusados serão condenados. O Brasil é talvez a nação de maior futuro até por causa disso: vivemos hoje a plenitude da democracia representativa e do Estado democrático de direito. Hoje temos bem consolidadas as funções de cada setor, tanto do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, o que não há em outros países, como a China, a Rússia e a Índia. No mundo inteiro se sabe que aqui as regras do jogo são respeitadas. Isso faz nossas chances crescerem.
Fonte: Jornal Opção

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Anônimo
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13 de julho de 2013 às 13:31 delete

Além de caro eh ridículo pagar para entrar em um local público...
A população goiana merece um local decente para levar as criança a ter lazer... Pagamos impostos altíssimos para essa máfia. Política não temos que pagar para visitar um ambiente público...
Revolta revolta revolta prefeitura de goiânia tenha vergonha não sou obrigada pagar para visitar o parque concordo em pagar pelo uso do brinquedo apenas...

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Anônimo
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13 de julho de 2013 às 13:35 delete

Sou Aline esse site eh uma porceria...
Além de caro eh ridículo pagar para entrar em um local público...
A população goiana merece um local decente para levar as criança a ter lazer... Pagamos impostos altíssimos para essa máfia. Política não temos que pagar para visitar um ambiente público...
Revolta revolta revolta prefeitura de goiânia tenha vergonha não sou obrigada pagar para visitar o parque concordo em pagar pelo uso do brinquedo apenas...

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