Alto Paraíso de Goiás: Tudo isso e o paraíso também
Alto Paraíso de Goiás é ideal para a purificação da alma, o desapego das coisas materiais.
Misticismo, energias naturais vitais, um possível contato com seres extraterrestres, cristais que renovam a vitalidade e afastam maus fluidos, natureza exuberante, cachoeiras caudalosas, formações rochosas intrigantes... Estes são apenas alguns dos elementos que fazem de Alto Paraíso de Goiás – e do vilarejo que lhe pertence, São Jorge – destino único até para os iniciados nos hábitos e nas crenças das comunidades alternativas. Os dois lugares até poderiam ser chamados de terra sem lei – na melhor das definições desta expressão –, pois a lei, conforme a conhecemos, é desnecessária por aqui. Basta viver e deixar viver, respeitar a diversidade e ser livre. É assim que vivem os locais. Sem regras rígidas de comportamento, de preferências em todo e qualquer aspecto, de pudores e de rancores. Quem vive em Alto Paraíso/São Jorge se lixa para o que acontece no mundo “infrachapada”. Eles é que são felizes. No stress at all!
Alto Paraíso de Goiás e São Jorge, localizados a 418 e 455 km a nordeste de Goiânia, respectivamente são, literalmente, o portal do paraíso, que é o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a grande estrela do local. Os cerca de 7 mil habitantes das duas localidades já estão até fartos de tanta beleza, mas os urbanoides vão se deslumbrar com toda a riqueza natural e cultural da região. Não pense em sofisticação, prefira conforto. Esqueça o glamour de destinos consagrados, opte pela simplicidade não menos chique e pomposa a seu jeito.
Uma vez em Alto Paraíso de Goiás, se você não abrir mão de suas concepções de conforto e bem-estar, procure uma das várias pousadas que oferecem facilidades como acesso à internet, apartamentos com televisão, uma piscina nada a ver nesse cenário, café da manhã tradicional e outros itens que só reproduzem o seu cotidiano numa grande cidade. Azar o seu, que quer tudo do mesmo jeito como sempre foi no seu dia a dia. Instale-se na sede do município, mas depois não reclame de que tem de ir e vir cerca de 80 km por dia – metade do caminho sem asfalto – para usufruir do que a Chapada tem de melhor. Hoteis e pousadas com mais infraestrutura são a Maya, a Casa Rosa, no Centro, e a Fazenda São Bento, a 8 km do centro da cidade, já no caminho para São Jorge.
O mais indicado é procurar uma das várias e simpaticíssimas pousadas e hospedarias em São Jorge, a 37 km dali. Saindo de Alto Paraíso em direção ao vilarejo, a menos de 15 minutos, já se dá de cara com os Jardins de Maitreya, uma linda visão de um alagado infinito salpicado por buritis. De tirar o fôlego tal paisagem, que transmite uma paz indescritível.
Em Alto Paraíso, visite as Cataratas dos Couros, as do Vale do Rio Macaquinho e as de Almécegas. Um pouco distantes do centro urbano, as três oferecem, além de lindas paisagens, excelentes lugares para banhos, inclusive para crianças, e piscinas naturais, mas é preciso estar mais ou menos com a forma física em dia, pois para acessá-las é preciso caminhar até dois quilômetros a partir do local onde o carro pode avançar ao máximo. Muita atenção porque nas duas primeiras é melhor contratar um guia, que vai indicar, com precisão, os melhores pontos de banho, as mais belas piscinas naturais nos poços e conduzir ao melhor ponto de foto das principais cachoeiras, que chegam a até 60 metros. Na Cachoeira de Almécegas, o guia é dispensável, a trilha é leve e dá até para fazer rapel. Há ainda as cachoeiras da Água Fria, dos Anjos e dos Arcanjos, de São Bento e do Vale Dourado. Mas não vá pensando que cachoeira é tudo igual. Cada uma tem sua beleza, sua particularidade e seu encanto, por isso, vá ao máximo que você puder.
Visitadas as quedas d’água de Alto Paraíso, pegar a estrada para São Jorge. São mais 19 km em estrada asfaltada até o km 18. Depois, muita paciência com a estrada cheia de pedregulhos e poeira – ou lama, dependendo da época do ano. Não desanime. Sem pressa, contemple o abismo à sua esquerda, com uma visão deslumbrante de vales intocados, com uma vegetação rica em exemplares raros do Cerrado e com fauna igualmente diversa.
Fonte: Jornal O Hoje