Economia goiana ainda pode sofrer com a crise
Opinião é do doutor em Economia Paulo Rabello, que ministrou palestra ontem no Sebrae. Ele ainda deu dicas para empresários .
Os dez últimos anos foram de pujança para Goiás. A economia se expandiu de maneira sólida e consistente, fato jamais visto na história não só do Estado, mas também do Brasil. Porém, os ventos fortes do crescimento tendem a diminuir. Esta é a opinião do professor doutor em Economia, Paulo Rabello de Castro, que ministrou palestra na noite de ontem na sede do Sebrae Goiás, em Goiânia.
“O centro da crise ainda não chegou a Goiás, pois a região ainda tem muito óleo para queimar. Mas a crise está bem perto”, diz Castro. “Acredito que os empresários goianos sintam o recuo na economia logo após o Natal, no início do primeiro semestre de 2013”, afirmou o especialista, momentos antes do início da palestra.
Ele lembrou, por exemplo, a estiagem na região central dos Estados Unidos, que afetou a produção de milho e soja daquele país este ano. Com isso, beneficiou diretamente Goiás, que deve bater o recorde na exportação de milho. “Os preços das commodities estão caindo, mas milho e soja pegaram o caminho contrário. Os produtores foram salvos pelo gongo.”
Rabello também comentou sobre os segmentos que devem ser mais afetados pela crise iniciada na Europa e Estados Unidos. “Na medida em que o empresário negocie para fora do Centro-Oeste, ele vai ser mais afetado. As regiões Sul e Sudeste já sentem o efeito da crise.”
Empresas que têm muito crédito para receber de terceiros também precisa ficar mais atenta, bem como empresários que lidam com produtos cotados em dólar. “Quem estava contando com câmbio abaixo de R$ 2 até o final do ano, pode ser surpreendido. O dólar vai continuar acima dos R$ 2 e acredito, inclusive, que possa subir mais.”
Blindagem
Por outro lado, o economista não trouxe apenas más notícias. Ele deu dicas aos empresários, sejam eles pequenos, médios ou grandes, de como se blindar. Segundo Rabello, é preciso apostar na eficiência, produzir mais, com menos.
“Os custos trabalhistas continuarão em alta, pois, em determinadas atividades, mesmo com recuo na geração de empregos, haverá carência de mão de obra especializada. Isso vai manter a alta nos salários. Quando a empresa está bem, vendendo, as pessoas não prestam atenção nos custos trabalhistas, mas, de agora em diante, redução de custos será essencial para sobrevivência.”
Fonte: Jornal O Hoje