Lixo eleitoral aumentou 150% em relação a 2010
Comurg começou limpeza de 50 toneladas de papel às 4h de ontem e só termina amanhã.
Apesar da proibição por lei, dos esforços e dos apelos das autoridades no sentido de evitar a sujeira eleitoral, principalmente nas ruas das seções de votação, os cabos eleitorais não respeitaram, e Goiânia amanheceu ontem tomada de montes de santinhos acumulados por todos os lados. No entanto, o Ministério Público promete agir e, se não conseguir chegar, com ajuda da polícia, aos autores da infração, os candidatos cujas propagandas foram espalhadas poderão ser responsabilizados.
Superando as expectativas da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), o lixo recolhido ontem, com início às 4h, ultrapassou 50 toneladas. No total, 1.200 funcionários estavam escalados para o trabalho de domingo, mas outros 2.500 que estavam de folga tiveram de ser convocados. A quantidade de material jogado na rua superou em 150% o da última eleição estadual, em 2010.
“É um absurdo o que está acontecendo. Nós limpamos a porta de escolas, e, quando passei novamente nos locais, haviam sujado tudo de novo. O lixo superou a expectativa e ainda a quantidade recolhida nas eleições para governador, senador, presidente e deputados federais e estaduais. A limpeza começou às 4 da manhã e só deve terminar na próxima terça-feira (9/10)”, afirmou o presidente da Comurg, Luciano de Castro.
Gari indignado
O presidente explica ainda que a quantidade de funcionários terá que ser dobrada para suportar o trabalho. Entre os garis de plantão, José Marques, de 64 anos, sendo 15 dedicados à atual profissão. A indignação é tremenda, e ele afirma que este é o pior dia do ano para se trabalhar.
“Se os candidatos começam logo com essa sujeira, imaginem o que eles vão fazer depois de eleitos. A sujeira na política já começa por aqui e, neste ano, está pior que os outros. Até na última eleição, que era estadual, não teve tanta sujeira. Para o gari, este é o pior dia para se trabalhar”, afirma José. O colega de trabalho Gilberto Souza Martinhs, de 60 anos, também se exalta: “O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) tem que tomar decisões mais enérgicas”.
Relatórios devem gerar multas
Nestas eleições, o Ministério Público Estadual (MPE) decidiu multar candidatos beneficiados por despejo de santinhos, caso ninguém seja preso em flagrante. De acordo com o promotor Juliano de Barros, quem fosse pego jogando o material na rua seria preso e, em caso de desconhecimento do autor, o candidato beneficiado pela ação deverá pagar multa por poluição ambiental, emitida pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).
Durante o dia de ontem, Polícia Militar, TRE, MPE e Polícia Federal fizeram o levantamento de crimes envolvendo a situação. Segundo o assessor jurídico da Amma, José de Moraes Neto, um relatório deve ser entregue hoje à agência para que sejam tomadas as medidas cabíveis. “O levantamento vai indicar quem são os candidatos responsáveis, assim como fotos e provas que possam contribuir para a multa. O promotor definiu que, se não for constatado o autor do despejo, o candidato será autuado. Juliano entende que a lei não exige o flagrante. O valor mínimo da multa é de R$ 5 mil, mas dependerá do poder de degradação, também do poder aquisitivo do candidato”, finaliza.
Esse foi o primeiro ano em que a Comurg tentou promover a coleta de material eleitoral diretamente dos comitês de candidatos, a fim de evitar os santinhos espalhados pela cidade. O material seria repassado posteriormente para empresas de reciclagem. Porém, nenhum comitê acionou a companhia.
Fonte: Jornal O Hoje