47% dos goianienses estão acima do peso
Risco de doenças cardiovasculares, problemas de coluna e diabetes aumentam entre os que têm excesso de peso.
Que o excesso de peso é prejudicial para a saúde todo mundo já sabe. Os quilinhos a mais são um risco para o desenvolvimento de diversas doenças. Mesmo assim o número de brasileiros com excesso de peso e obesidade aumentou nos últimos seis anos. Nesse período, a proporção da população acima do peso avançou de 42,7% para 48,5%. O percentual de obesos subiu de 11,4% para 15,8%. Em Goiânia, a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostra que 13% da população está obesa e 47% com excesso de peso. No último dia 11 foi celebrado o Dia Mundial de Combate à Obesidade.
O endocrinologista do laboratório Atalaia, Sérgio Vêncio, explica que a pessoa só é considerada obesa se seu índice de massa corporal – divisão do peso do indivíduo pelo quadrado de sua altura – for maior que 30. Ele lembra que, se o resultado for maior que 25, a pessoa já é considerada com sobrepeso e que isso já deve ser motivo de preocupação. Segundo o médico, os problemas psicológicos são muito comuns nesse grupo de pessoas. “A gente vive em uma ditadura da magreza em que a sociedade massifica a necessidade do corpo ideal. Isso acaba de alguma forma afetando os mais gordinhos, que ficam mais propícios a ter problemas por isso”, explica.
Além de afetar o psicológico, Sérgio afirma que as pessoas com sobrepeso têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e problemas de coluna. O médico ressalta que, se não existisse ninguém no mundo com mais de 27 de índice de massa corporal, pelo menos 60% dessas doenças seriam evitadas. “Só ficaria quem tem predisposição genética mesmo. Pense no que isso representaria, por exemplo, para o sistema público de saúde”, comenta.
Problema cultural
Para o endocrinologista, os números de Goiânia e os nacionais são bastante alarmantes. “De forma geral, a gente já se preocupa com a obesidade há décadas e, infelizmente, o Brasil está caminhando para ficar que nem os Estados Unidos”, afirma. Segundo Sérgio, desde o Plano Real, quando as pessoas mais carentes começaram a ter uma renda melhor, a alimentação no País está baseada em mais gordura e mais doce. “É uma questão cultural. As pessoas sentem que podem frequentar uma lanchonete famosa e o fazem com cada vez mais frequência. Isso está errado”, adverte. O médico lembra que o Brasil está indo na contramão dos países mais desenvolvidos, onde o consumo de doce, gordura e álcool está diminuindo.
O médico lembra que a receita para combater o excesso de peso e a obesidade continua a mesma: fazer exercício e aprender a comer. “Não é parar de comer, é comer certo”, ressalta. “Pelo menos três porções de verdura e fruta por dia e se alimentar de três em três horas. O resto vai depender da genética”, detalha o endocrinologista. A pesquisa Vigitel mostra que, entre os adultos da capital, 21% consomem cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças e 30% praticam atividades físicas no tempo livre. No entanto, mostra também que 42% dos goianienses costumam consumir carnes com excesso de gordura.
Fonte: Jornal O Hoje