Goiânia nova, bela e moderna
Capital completa hoje 79 anos e é considerada uma cidade nova em um país com mais de 500 anos.
Com uma média de 950 mil árvores, Goiânia foi intitulada a cidade mais arborizada do País, ultrapassando referências nacionais como Curitiba, com 300 mil árvores, e João Pessoa, que tem cerca de 40 mil. O estudo foi realizado pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) antes da elaboração do Plano Diretor de Urbanização, em 2007. O inventário era uma exigência do plano e, segundo o órgão municipal, foi submetido à Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (Sbau) e constatou uma média de 0,79 árvore por habitante.
Segundo o Plano Diretor, as Áreas Verdes de Goiânia são compostas por 187 unidades de conservação, perfazendo um total de 16.567.685,17 m². Isso engloba 16 parques implantados e cerca de 400 praças, totalizando um Índice de Áreas Verdes (IAV) de 94,0 m² de áreas verdes por habitante.
Para o engenheiro florestal e gerente de arborização da Amma, Antônio Esteves Dos Reis, a arborização está completamente relacionada ao conforto da população. Isso porque ele defende que, além do embelezamento da cidade, há ainda o aumento da umidade e a retenção do calor.
Mineiro e morador de Goiânia há 15 anos, ele diz que morar aqui significa estar em uma cidade que alcançou um grande porte de metrópole, mas ainda não perdeu por completo as características de interior. “Em Goiânia, as pessoas ainda não perderam a identidade com o meio rural, as pessoas têm chácaras, muitas plantas em casa. A cidade está crescendo e, apesar dos problemas, principalmente relacionados à violência, ainda não chegaram aos níveis do eixo Rio-São Paulo”, finaliza.
Árvores não são adequadas
Engenheiro agrônomo e doutor em botânica, Jales Teixeira tem opinião contrária a de Antônio Esteves. Para ele, apesar da quantidade de árvores em Goiânia, é preciso analisar a qualidade e o tipo de planta existente. “A cidade possui muitos ipês, por exemplo, árvores que ficam sem folhas durante o período seco e, portanto, não aumentam a umidade do ar. Além disso, existem muitas irregularidades e o Plano Diretor não é cumprido. A lei federal prevê que não haja construções a uma distância de 30 metros de rios. A lei municipal é ainda mais rígida e pede 50 metros. Esta medida não é cumprida”, argumenta.
Para o doutor, o conceito de casas e condomínios à beira de lagos e rios é controverso porque, ao mesmo tempo em que eleva o aspecto meio ambiente, destrói o que deveria ser preservado. “Na linha do Macambira-Anicuns, parque que será construído, já podemos perceber inúmeros prédios sendo construídos liberados pela mesma Prefeitura que determinou o projeto. O Goiânia Shopping, por exemplo, é construído em cima de uma nascente. É preciso analisar antes de dizer que a cidade possui qualidade de vida e arborização”, completa.
Economia recorde
A última balança comercial, divulgada no início de outubro, mostrou saldo positivo de US$ 289,6 milhões. Enquanto a balança brasileira cai em média 5%, Goiás avança quase 25%. As importações, entretanto, caíram cerca de 83,95% em agosto, para 82,38% em setembro. Para o secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, Goiânia ganha em capital, consumo, oferta de trabalho e, consequentemente, em qualidade de vida.
“Com todo o crescimento, o ganho para Goiânia é incontestável. Com mais empresas, os salários crescem, assim como o consumo que está acima da média nacional. Estamos nos transformando em uma economia forte ao mesmo tempo em que percebemos crises internacionais”, afirma o secretário.
Para o presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), Veríssimo Aparecido da Silva, a crescente população e economia vai transformando Goiânia em uma grande potência. “Goiás está com um Produto Interno Bruno (PIB) acima da média nacional. São inúmeras possibilidades com foco no cidadão. A previsão é de que tenhamos de 11 a 13 milhões de habitantes em Goiânia e Brasília até 2020. Com essa população crescente, temos geração de empregos, vestuário, alimentação, e as necessidades do povo são ilimitadas. A tendência é melhorar sempre”, afirma.
Referência no quesito medicina
Procurada no tratamento de áreas médicas como oftalmologia, queimaduras, cirurgias de mudança de sexo, separação de siameses, urologia e ortopedia, Goiânia garantiu forte público de turismo médico. A informação é do presidente da Associação Médica de Goiás (AMG), Rui Gilberto, que destaca ainda cursos de atualização científica promovidos por escolas médicas, em especial pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
“O que temos percebido na área médica é que o eixo Rio-São Paulo perdeu um pouco de espaço e muitos se tratam em Goiânia, que se tornou referência. Devemos isso não só à universidade, mas também a grupos específicos de médicos que se dedicaram para se tornar especialistas. Semana passada, por exemplo, participei de uma reunião marcando 25 anos de um grupo de médicos especialistas em ortopedia de ombros e cotovelos”, exemplifica.
Outro nome que se destacou no mundo todo foi o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que ficou conhecido depois de separar as gêmeas Larissa e Lorrayne, em 1999. Sem experiência e sem estudar o assunto na universidade, decidiu montar uma equipe no Hospital Materno-Infantil. Elas foram as primeiras operadas no Centro-Oeste e o sexto caso no País. Desde então, outros casos foram surgindo, totalizando nove. No mês passado, o cirurgião chegou a ir para o México examinar os meninos Santiago e Alex, que devem ser operados em janeiro.
Fonte: Jornal O Hoje