VLT tem data próxima e transtornos são esperados

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Valor integral de R$ 1,3 bilhão ainda não foi obtido, mas obra deve ter início em julho e durar dois anos

O início das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) está cada vez mais próximo. O governo prevê a abertura do canteiro de obras na Avenida Anhanguera – principal via urbana de Goiânia – para julho, quando haverá conclusão do processo de licitação, que tem edital previsto para ser divulgado nos próximos dias. Além disso, a obtenção de recursos contribui para a celeridade do projeto. Na terça-feira (23), a Assembleia Legislativa de Goiás concedeu aval para o governo contratar empréstimo no valor de até R$ 108 milhões, junto à Caixa Econômica Federal. Outros recursos serão captados do governo federal e da iniciativa privada. Estima-se que o investimento total será de 1,3 bilhão (veja box).

No entanto, apesar de a divulgação do edital de licitação ter sido adiada – anteriormente estava previsto para o final de abril, agora já se cogita para o começo de maio –, os transtornos causados pela implantação e o valor alto do investimento provocam desconfiança de especialistas e preocupação de comerciantes, além da população que necessita da via para se deslocar. Mudanças na funcionalidade do Eixo durante as obras, que vão se estender por 24 meses, serão intensas. Com o corredor exclusivo de ônibus em obras, os veículos articulados e bi-articulados do transporte público vão disputar espaço com os veículos particulares nas vias laterais. Para que as mudanças não sejam traumáticas, as obras do VLT serão realizadas por etapas.

O coordenador do projeto do VLT e ex-secretário de Infraestrutura do Estado, Carlos Maranhão, assume que a obra pode gerar transtornos, mas que estes devem ser minimizados. “Evidentemente que terá tumulto, mas vamos fazer tudo para diminuir os transtornos provocados.” Ele garantiu que a construção será realizada de forma modular. “Será uma quadra de cada vez, começando pelo setor central. Só depois de passar para outra quadra que vamos liberar a anterior”, detalhou. O estacionamento ao longo da Avenida Anhanguera também será prejudicado. Um plano de trabalho será colocado em prática e com isso o governo poderá prever algumas situações e intervenções.

Maranhão destacou que o VLT será composto por 30 trens, de duas composições cada, os trilhos terão um novo transporte que deverá alcançar uma média de 23,5 km/hora. Cada trem terá capacidade para 600 passageiros. O que na prática proporciona embarque de pelo menos 12 mil pessoas no intervalo de 1 hora. Haverá também controle inteligente de semáforos, o que permitirá que o transporte tenha o próprio controle de paradas. O objetivo é diminuir o tempo por quilômetro rodado entre uma estação e outra, para que o intervalo entre os trens seja de 3 minutos. O tempo de viagem deve ser reduzido de 72 para 36 minutos em um percurso de 13,6 quilômetros.

“É claro que o VLT terá capacidade superior ao Eixo Anhanguera. Se isso não fosse fato não seria necessário gastar mais dinheiro”, defendeu Carlos Maranhão. As vantagens enumeradas por ele são: capacidade de passageiros, conforto, velocidade superior e ausência de emissão de poluentes, já que os veículos serão movidos a energia elétrica. O VLT não será dependente da rede urbana convencional. “Ele será ligado diretamente a uma subestação que vai mover toda linha. Só teremos problemas se acontecer um apagão regional”, avaliou.

Especialista teme paralisação de obra

O mestre em transporte e professor do Instituto Federal Goiano (IFG) Marcos Rothem avalia o projeto como oneroso e que não atende as necessidades dos usuários do Eixo Anhanguera. “A solução seria melhorar os ônibus que já circulam no eixo, dando prioridade nos semáforos. Apenas com isso o serviço já seria melhor e por um custo menor”, disse. O especialista acredita que a implantação do VLT irá gerar um transtorno que não deve ser compensado com o resultado após a finalização das obras.

Além disso, Marcos Ro­them aponta a possibilidade, devido ao alto custo da obra, da construção ser paralisada antes do término. “Eu temo que a obra possa ser iniciada e depois paralisada, devido a quantidade de recursos que ainda não foram totalmente obtidos. O projeto pode ficar perdido, enquanto o que já atende bem a população ficará comprometido”, explicou.

Rothem disse ainda que não existe em nenhum outro lugar do mundo um VLT que acolhe trecho tão extenso quanto o de Goiânia. “Isso é possível em cidade de médio porte para atender um percurso pequeno. O maior que se tem transporta 45 mil passageiros, enquanto o eixo atualmente transporta 220 mil passageiros por dia.” O estudioso também disse ter analisado o serviço do Eixo Anhanguera após as substituições dos veículos. “Depois dos ônibus mais modernos o eixo obteve acréscimo de 15% no transporte de passageiros”, alegou. Acredita também que os custos com a manutenção devem ser dispendiosos, chegando a até R$ 100 mil por dia. “Sem contar que tem que pagar a obra.”

Apontou inclusive o efeito negativo que as obras podem ocasionar para as centenas de comerciantes da região. “Quando fecha uma rua para uma obra gera prejuízos. Em São Paulo, quando foi construído o metro, muitos comerciantes foram à falência.” O presidente do Sindilojas, José Carlos Palma Ribeiro, disse que esteve olhando o projeto de implantação do VLT em Cuiabá e que no Estado existe um projeto que protege os comerciantes de prejuízos. “Mesmo assim existem efeitos negativos. Teve um supermercado que fechou”, ressaltou.

Ribeiro disse que a maior preocupação do sindicato é na proteção das empresas goianas. “As modificações não resultam apenas em impacto financeiro para os lojistas. Há funcionários, pais de famílias que dependem de empregos que essas empresas geram.” Ele defende que seja aberto diálogo entre governo e comerciantes para que sejam acatadas sugestões. “Vejo a necessidade de uma avaliação do impacto que obra vai causar na vida das pessoas que usufruem e dependem do comércio”, defendeu.

Para o presidente do Sindiloja a questão do estacionamento no Centro e em Campinas deveria ser resolvida antes do início das obras do VLT. “Se isso não acontecer não só os lojistas vão ter prejuízo, mas a cidade também. Os empresários perdem a segurança de investir. Pois não sabem se amanhã ou depois haverá mudanças”, reclamou.

Fonte: O Hoje

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Anônimo
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26 de abril de 2013 às 02:10 delete

Que ridículo, maquiagem do governo pra fazer campanha política.

Pra quê uma obra tão cara pra no final transportar o mesmo número de passageiros pelo mesmo trajeto? O resultado seria o mesmo se colocasse mais ônibus no eixo anhanguera e o custo muito mais baixo.

A av Anhanguera é estreita, não vale a pena fazer uma obra dessa. Se dobrar ou triplicar a frota de onibus do eixo já ajuda bastante e não atrapalha o trânsito por ser um corredor exclusivo do eixo.

Se quer investir esse dinheiro todo, faz logo algo mais funcional.

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