"Não haverá greve, pelo menos até a quarta-feira da semana que vem.", diz Sindttransporte
Impasse entre companhias de transporte coletivo e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sindttransporte), que representa motoristas da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) de Goiânia, pode resultar em greve na próxima semana. As divergências quanto ao reajuste do salário dos motoristas seriam motivadas pela articulação de novo aumento do valor da passagem cobrado na Capital e cidades adjacentes.
Na última sexta-feira, 19, motoristas e empregadores tentaram negociar o reajuste salarial. Por intermédio da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRT) o sindicato que representa os motoristas pediu reajuste salarial de 19%, enquanto o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp) propôs um aumento de 6,75% no salário dos motoristas, além de uma gratificação complementar.
O presidente do Sindttransporte, Alberto Magno, afirma que a instituição não está mobilizando os motoristas para a realização de greve antes que seja realizada uma nova tentativa de conciliação com as empresas concessionárias da Região Metropolitana da Goiânia, desta vez através do Ministério público em Goiás (MP). “Só haverá greve se não conseguirmos chegar a uma solução para esse impasse.”
Quanto às diretrizes dadas pelo sindicato aos motoristas, sobre como operar o sistema de transporte ao longo das negociações, o presidente afirma: “Não orientamos os motoristas a boicotar o serviço. A ‘Operação Tartaruga’ já ocorre no sistema sem intervenção dos motoristas, através dos problemas de trânsito da cidade, e da grande demanda de passageiros.” Quando questionado sobre a possibilidade de uma paralisação ocorrer ainda nesta semana, Alberto garante: "Não haverá greve, pelo menos até a quarta-feira da semana que vem. Há a regulamentação de greves na lei brasileira, através da Constituição de 1988, e esse regimento será respeitado.”
Conforme a regulamentação citada pelo representante do Sindttransporte, a paralisação do serviço de transporte público deve ser comunicada à população com 72 horas de antecedência. Alberto Magno informa que o sindicato aguarda, ao longo desta semana, uma nova proposta de reajuste: “procuramos o Ministério Público, deve haver uma proposta de conciliação. Pensamos no reajuste de 10% no salário e 30% no ticket.” Após a proposta de conciliação ser formalizada através do MP, uma assembleia do Sindtransporte será realizada, domingo, 28, para definir se os motoristas aceitam o reajuste proposto, ou se partem para a paralisação do serviço.
ALARME FALSO
Em 2012, foi veiculado em alguns terminais de Goiânia um panfleto alertando os usuários do transporte coletivo da Capital para uma possível paralisação dos motoristas nos dias 30 e 31 de março daquele ano. A movimentação foi negada pelo presidente do Sindttransporte, que atribui a panfletagem ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (Sindcoletivo).
Segundo Alberto Magno, esta entidade não representa legalmente os trabalhadores do sistema de transporte da Capital. “As intenções do Sindcoletivo são políticas, não sindicais” afirma. Em seu endereço eletrônico, o sindicato informa não ter nenhum envolvimento com a ação panfletária: “Para o Sindittransporte, tal panfleto pode ter sido feito por pessoa ou grupo que não tem legitimidade junto aos trabalhadores do transporte coletivo, e por isso não possui nenhuma assinatura que o identifique.”
Em nota oficial, enviada ao Diário da Manhã pela sua assessoria de imprensa, o Setransp declara: “Negociações de reajuste salarial para os motoristas do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia ainda estão em andamento, e os ônibus estão circulando normalmente. O Setransp tem empreendido todos os esforços possíveis no sentido de garantir que a operação do transporte coletivo permaneça de modo que os clientes não sejam prejudicados.”
ÚLTIMO PROTESTO
2010 – Em protesto ante a falta de diálogo com o sindicato que representa os empresários do transporte coletivo (Setransp), os motoristas paralisaram o serviço no dia 26 de abril de 2010. Além de se queixarem dos salários defasados, os motoristas relataram condições humilhantes de trabalho, com carga de até 12 horas por dia. Relatos da época denunciavam uma rotina composta por cinco viagens, cada uma com mais de duas horas de duração, sem intervalo para descanso. Esta paralisação partiu dos próprios motoristas, sem abranger os sindicatos existentes na Capital, Sindtransporte e Sindcoletivo. Os motoristas envolvidos na manifestação não atenderam às condições legais para a realização da greve, que deveria garantir 30% do funcionamento normal do serviço.
Fonte: Diário da Manhã