Anápolis: Começa construção do viaduto do Daia
Obra tem início com pelo menos 10 anos de atraso e quase 2 anos depois da 1ª licitação, que foi denunciada por irregularidades.
Com aproximadamente dez anos de atraso e passados 22 meses desde a primeira licitação, revogada pelo Dnit após o Ministério Público Federal (MPF) denunciar superfaturamento no preço inicial do projeto, enfim foi lançada, na manhã de ontem, 22, a obra do viaduto do trevo do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), na interseção das BRs 060 e 153, acesso à Avenida Brasil Sul e à rodovia GO-330, via principal do distrito.
No início da tarde, homens e máquinas foram a campo para a primeira intervenção, que é a abertura de um dos desvios, no antigo kartódromo de Anápolis, por onde os veículos deverão passar. Serão investidos na construção do viaduto R$ 24.594.793,84, recursos advindos do governo federal, via Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). Desse total, R$ 17 milhões já foram liberados ao consórcio formado pelas empresas Seta Engenharia e AJL Engenharia, responsável pela execução da obra. A previsão é de que a obra esteja concluída em 2 de fevereiro de 2014.
O viaduto é uma reivindicação antiga e coletiva. Para os motoristas que transitam entre Goiânia e Brasília e, principalmente, para aqueles que acessam o Daia para trabalhar, a obra deve significar o fim dos congestionamentos e da espera. Para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o alívio da sobrecarga. Há ainda a perspectiva de reflexos positivos sobre a economia e sobre a segurança dos pedestres no local.
Para o diretor-geral do Dnit, general Jorge Fraxe, a obra vai abrandar o conflito de mobilidade observado na região há vários anos, facilitando o transporte de passageiros e de carga. “A obra é mais que necessária. Ela chega um pouco atrasada, mas estamos aqui para garantir o começo e o final dela. Esse é o objetivo e estaremos atentos. Nosso superintendente em Goiás e o prefeito de Anápolis vão acompanhar de perto e terão canal direto comigo para passar qualquer eventual contratempo”, disse o executivo.
O prefeito Antônio Gomide assegurou que a prefeitura estará acompanhando os trabalhos na condição de parceira do Dnit. “Teremos um ganho enorme no trânsito entre Goiânia e Brasília e também no sentido do Daia”.
Os deputados federais Rubens Otoni (PT) e Sandro Mabel (PMDB) tiveram papel de destaque para a liberação dos recursos do PAC junto ao governo federal, viabilizando a retomada da obra.
PRF alerta que obra vai provocar filas
Se é fato que os transtornos passam e os benefícios ficam, também é verdade que o exercício da paciência será intenso durante a obra. De acordo com o inspetor César Oliveira, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as mudanças no trânsito vão provocar constantes dores de cabeça para os motoristas que trafegam nas BR 060/153, e adentram o Daia ou a Avenida Brasil.
As principais mudanças incluem um desvio para que a rodovia passe ao lado da obra, em pista dupla e sem o cruzamento atual, que será deslocado para dois pontos. Um deles saindo da Avenida Brasil por dentro do kartódromo para cruzar a rodovia e adentrar o Daia. O outro vai sair da Avenida Pedro Ludovico. O motorista vai passar pelo retorno e pegar a via lateral que já existe para entrar no distrito.
“Aqui não haverá mais o cruzamento, somente o trânsito entre as duas capitais. Quem vem de Goiânia e precisa adentrar Anápolis também terá de pegar um desses dois pontos, ou seguir um pouco mais à frente e tomar a entrada do Viaduto Josias Braga”, explica César Oliveira.
O inspetor lembra que a paciência será fundamental, já que além da obra em si, há alguns complicadores na região. “Um deles é passar a ter dois cruzamentos onde antes havia um, o que vai provocar lentidão no local porque o veículo terá de aguardar dois fluxos”, diz. Ele ainda destaca o fato de as pistas improvisadas serem mais estreitas que as das rodovias, o que reduz a velocidade, além da sinalização, das máquinas na pista e dos homens trabalhando.
“Considerando que o percurso é razoavelmente extenso, de 2 a 3 quilômetros, todos esses fatores vão contribuir para provocar filas e será necessária a paciência do motorista”, reconhece o inspetor César Oliveira, destacando que ainda assim o viaduto é a melhor forma de resolver o problema. “Nós ainda sugerimos alterações no projeto que nos foi apresentado para que não tenhamos um represamento de veículos. Vamos ver se serão acatadas”, conclui.
Saiba mais
A obra do viaduto começa 22 meses depois da revogação da primeira licitação, decisão tomada pelo Dnit depois de o Ministério Público Federal (MPF) denunciar superfaturamento no preço inicial dado ao projeto, de R$ 44.738.857,96. À época, o órgão admitiu sobrepreço de R$ 5 milhões. Por fim, concordou em cancelar o processo todo.
A segunda licitação, cujo edital foi lançado em junho de 2012, sofreu atrasos, já que as empresas concorrentes apresentaram recursos questionando decisões do Dnit relacionadas ao processo. Por fim, em 30 de janeiro último foi homologado o resultado do certame, cujo vencedor foi o consórcio Seta/AJL.
Nessa segunda concorrência pública, o Dnit estimou R$ 27.848.129,47 para a obra, mas o grupo vencedor vai executá-la por R$ 24.594.793,84. Caso não haja aditivo, a economia será de R$ 3.253.335,63 só nessa segunda etapa. Em relação à primeira licitação, superfaturada, a diferença de valores é de 20.144.064,12.
Fonte: Jornal O Hoje