Suposto caso de espionagem do governo de Goiás vai ser investigado pela PGR

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Caso haja indícios de prática de improbidade administrativa, uma investigação deverá ser aberta também pela Procuradoria Geral de Justiça
Fernando Leite/Jornal Opção
Procurador da República Helio Telho: “O que me chamou atenção foi o fato de que em várias mensagens Luiz Gama prometeu cargos públicos ao suposto hacker, e ele fala também em faturas"
Thiago Burigato

Em entrevista concedida ao Opção Online na tarde desta sexta-feira (26/4), o procurador da República Helio Telho afirmou que o Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) não tem em andamento uma investigação sobre o suposto caso de espionagem do governo de Goiás contra aliados e desafetos do governador Marconi Perillo. Ele ressaltou que como o chefe do Executivo tem foro privilegiado, a averiguação do caso compete à Procuradoria Geral da República.
O caso veio à tona na matéria de capa da revista CartaCapital desta semana, edição 746. Segundo a reportagem, haveria em Goiás um esquema de espionagem “desenhado e comandado de gabinetes do Palácio das Esmeraldas”. Pessoas ligadas ao governador Marconi Perillo (PSDB) seriam responsáveis por contratar um hacker – de codinome Mr. Magoo - para grampear telefones e invadir perfis de aliados e adversários do tucano. Outra atribuição sua seria a criação de dezenas perfis falsos em redes sociais para defender Marconi e atacar seus desafetos.

Os articulistas do esquema seriam os radialistas Eni Aquino e Luiz Gama, contatos do Mr. Magoo; o Secretário de Articulação Política, Sérgio Cardoso, e o ex-chefe da Agecom, José Bittencourt, responsáveis pelos pagamentos do hacker. Ele receberia entre R$ 500 e R$ 7 mil de acordo com a complexidade do serviço e a importância do alvo.
Telho contou que o caso chegou até ele por meio de um jornalista goiano que o procurou “há duas ou três semanas” para denunciar o esquema. O procurador, então, pediu que o jornalista levasse até o MPF-GO as provas para que ele pudesse analisar a abertura de uma investigação.
Os indícios chegaram às mãos de Telho nesta quinta-feira (25/4) – e não na sexta, conforme foi publicado na reportagem da CartaCapital -, quando o jornalista foi até ele junto ao publicitário Gercyley Batista, uma das supostas vítimas do esquema. O material, que inclui depoimento e um pen drive, foi enviado por meio de um ofício ao PGR para que seja analisada a abertura de um inquérito.
O procurador diz que não analisou profundamente os arquivos recebidos, mas garante que não havia entre eles nenhuma interceptação. “Só o que vi foram conversas entre Mr. Magoo e Gercyley”, disse Telho.
“O que me chamou atenção foi o fato de que em várias mensagens Luiz Gama prometeu cargos públicos ao suposto hacker, e ele fala também em faturas. Se for comprovado que estavam sendo usados recursos públicos para a contratação de um serviço de espionagem, isso configura peculato”, ressaltou.
O procurador reforçou que o MPF-GO não deve realizar nenhuma investigação sobre o assunto e diz que, caso haja indícios de prática de improbidade administrativa, uma investigação também deverá ser aberta pela Procuradoria Geral de Justiça. 
Fonte: Jornal Opção