Tecnoshow é aberta com cobranças ao governo
Falta de estradas para escoar a produção e de portos para exportar foram temas de críticas dos produtores.
Os gargalos na infraestrutura, principalmente as falhas logísticas e a incapacidade dos portos de darem vazão à supersafra brasileira deste ano, foram os temas das críticas do setor produtivo ao governo federal na abertura da 12ª edição da Tecnoshow Comigo ontem, em Rio Verde. “Está faltando responsabilidade ao governo. É uma vergonha”, atacou o presidente da Comigo, Antonio Chavaglia, lembrando que países como a China já cancelaram a compra de soja brasileira por causa do atraso nos embarques.
Para o presidente da cooperativa, a falta de investimentos que favoreçam a exportação de commodities agrícolas fez com que o Brasil perdesse a oportunidade de aproveitar a quebra de safra em países produtores para atender a demanda mundial. “O mundo vive um cenário de quebra de produção e nós não estamos conseguindo exportar. O produtor faz sua parte, investe em tecnologia, máquinas e equipamentos, mas não conseguimos colocar nossos produtos dentro de um navio. Temos condições de vender para fora, mas não temos ajuda do poder público. O governo está simplesmente dormindo nessa área.”
ARMAZENAGEM
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, alertou que Goiás precisa antecipar a solução dos problemas de escoamento para não comprometer a produção agrícola em um futuro breve. Para isso, sugeriu a duplicação de rodovias estaduais como a GO-174 em pontos estratégicos. Ele também cobrou a criação de um plano nacional de armazenagem do governo federal.
Representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Celso Casale reclamou dos impostos sobre as matérias primas. De acordo com ele, a política de controle da inflação tem sacrificado o parque industrial nacional e incentivado apenas as empresas estrangeiras.
GOVERNO
O governador em exercício, José Éliton, ouviu as reivindicações de lideranças e produtores rurais sobre investimentos nas rodovias estaduais. Ele afirmou que a atual gestão já reconstruiu 2 mil quilômetros de rodovia e que, até o final de 2014, Goiás terá a melhor malha viária de todo o território nacional.
O secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Nery Gueller, defendeu os benefícios do Plano Safra 2013-2014 em prol do setor produtivo.
Ele assegurou que o governo pretende implantar políticas agrícolas a longo prazo com foco na armazenagem de grãos, linhas de crédito facilitadas e prazos para pagamentos definidos conforme a necessidade de cada região. “Devemos fazer o anúncio e muito mais até o mês de maio.”
FALTA DE INVESTIMENTO
O deputado federal e representante do agronegócio em Brasília, Ronaldo Caiado (DEM-GO), revelou que, em 2011, o governo federal gastou R$ 220 bilhões para manter a máquina administrativa em funcionamento – 39 ministérios e cinco estatais. Em investimentos de infraestrutura, foram R$ 50 bilhões. “Desse jeito, é impossível termos rodovias duplicadas, hidrovias e portos que funcionem. Temos a maior carga tributária do mundo, mas o governo não investe corretamente o dinheiro da sociedade”, afirmou
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) lembrou que as medidas provisórias são um empecilho para os parlamentares trabalharem pelo agronegócio no Congresso Nacional. “Elas chegam prontas e travam nossa pauta, mas estamos lutando para derrubá-las e fazer com que os projetos de lei importantes possam ser votados”, disse.
Fonte: Jornal O Popular