Proibição de estacionamentos em corredores exclusivos para o transporte coletivo não é aceita por comerciantes que cobram solução

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A expansão urbana de Goiânia preocupa àqueles que, utilizando veículos particulares, buscam vagas de estacionamento nas regiões centrais da capital. A extinção de vagas é preocupação de empresários – lojistas e comerciantes – afetados pelas transformações nas vias que circundam os estabelecimentos comerciais. Devido ao desassossego causado pelas mudanças, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), realizou na noite de ontem uma reunião para discutir o impacto da implantação de corredores exclusivos de ônibus na região central e em pontos comerciais da capital.

A medida, adotada e promovida pela Prefeitura de Goiânia, gerou diversas reclamações de comerciantes sobre a extinção de estacionamentos locais. A Avenida T-63 foi o mais recente logradouro, na cidade, a ser submetido às alterações para receber a passagem privativa de coletivos que, no entanto, ainda funciona em período de experiência. Motoristas que circulam pela via ainda são autuados apenas de forma educativa, caso forem flagrados transitando pela faixa exclusiva.

Presidente da Acieg, Helenir Queiroz defende as alterações estruturais no trânsito, todavia, a crítica é aplicada ao contexto de eliminar as vagas de estacionamento nas vias impactadas. Para ela “não se pode utilizar conceitos arrojados de trânsito, em uma estrutura antiga”, ou seja, antes de realizar a supressão dos estacionamentos o município precisa oferecer alternativas à população e a classe do comércio. Ela completa que é necessário, por exemplo, melhorar as condições do transporte público, como opção digna de mobilidade, e implantar estacionamentos verticais e subterrâneos para atender o público usuário de veículo.

Superintendente de uma rede varejista do Estado, Agenor Braga compartilha das críticas de Helenir e completa que uma das soluções, apontadas pela classe à prefeitura, foi a instalação de parquímetros, que são equipamentos que controlam a rotatividade de veículos nas vagas públicas, em cada via. Segundo ele, a proposta partiu da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL) que chegou a adquirir, por conta própria, os equipamentos, entretanto a Prefeitura não autorizou a instalação. “O aparelho funcionaria controlando o tempo de estacionamento e, caso excedido, registraria multa por meio de fotografia da placa do automóvel infrator”, completou. Braga esclareceu que o zoneamento de estacionamento, por meio da Área Azul é uma saída teoricamente eficaz, porém, carente de fiscalização, não é obedecido.

Responsável pela implantação dos corredores, o consultor de trânsito e transporte, Alexandre Zum, esclareceu que a reclamação de perda de consumidores não procede se comparado aos benefícios da instalação das vias exclusivas. Ele fornece dados de que, de 70 a 80% do uso dos estacionamentos eliminados são utilizados por funcionários e proprietários dos estabelecimentos, sendo que apenas 20 a 30% são usufruídos pelos clientes. Para ele, a diminuição constatada inicialmente no fluxo de consumidores não é relevante, se comparado à melhoria causada ao trânsito e à mobilidade de pedestres. “Quem compra normalmente é o pedestre, dificilmente o cliente escolhe o comércio pretendido quando está de carro”, esclarece.

Avenida deve receber outras intervenções

Consultor de trânsito e transporte da SMT, Alexandre Zum reconhece que os comércios mais elitistas são fomentados por clientes que utilizam apenas automóveis, mas justifica que a instalação dos corredores ocorre devido à necessidade de alargar as vias. Para ele, ainda é necessário eliminar as minirrotatórias, extinguir os semáforos de três tempos e realocar os pontos de ônibus. Presente na reunião, Alexandre Zum ainda informou que a Avenida T-7 será a próxima a receber o corredor exclusivo, depois de um ano de estacionamento proibido.

Alfaiate e técnico em vestuário, Josias Celestino Sal trabalha há 15 anos na Avenida T-7. Conforme relato dele, houve queda significativa no fluxo de clientes, situação que melhorou com o tempo. Porém ele alega que antes da proibição, a clientela era maior, e que há a “preocupação dos consumidores em estacionarem seus carros distantes do estabelecimento”. Em desabafo ele esclareceu que na região não há estacionamento particular.

Reunião apresenta opções para suprir carência criada

Os empresários reunidos na Acieg citaram algumas opções de estacionamento que podem ser adotadas pela Prefeitura. A instalação de parquímetros, a implantação de Área Azul, a construção de estacionamentos verticais – edifícios – e a fundação de estacionamentos subterrâneos no leito das vias foram saídas expostas na noite.

Algumas das alternativas, como parquímetros e Área Azul, dependem do poder público, mas outras são normalmente vinculadas a investimento privado. Atualmente tem se tornado comum, em regiões de grande fluxo, lotes ociosos serem transformados em estacionamentos pagos. A rotatividade é grande, assim como o lucro dos proprietários do local.

Uma opção que atenderia maior demanda seria de estacionamentos verticais, já presentes hoje em dia nas principais capitais brasileiras. Desenvolvidos inicialmente nos Estados Unidos, os modelos edifício-garagem apresentam módulos distintos, acessíveis de forma prática e com capacidade de até mil veículos. Os usuários não têm acesso ao interior, onde os carros são guardados, já que os veículos são direcionados para as vagas por meio de equipamentos totalmente robotizados.

De estrutura metálica, esses modelos de edifício dispensam lajes para pisos e são denominados de Sistema de Estacionamento Modular Automatizado (Modular Automated Parking Systems – de sigla MAPS, em inglês). Em Goiânia, o modelo que mais se aproxima, mas ainda com funcionabilidade tradicional, é o Edifício Parthenon Center, localizado na Rua 4, no Centro. O local oferece 819 vagas de estacionamento, distribuídas em sete andares, destinadas ao uso diário e a mensalistas. O funcionamento é ininterrupto (24h), sendo que o próprio motorista leva o próprio carro até a vaga. Cobra-se R$ 4 pela hora de estacionamento, sendo a diária R$ 15 e a mensalidade R$ 150.

Fonte: O Hoje