Finanças do município estão “próximas do caos”, diz Cairo

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Secretário diz que prefeito tem conhecimento da situação das contas, mas pediu medidas “menos duras”

O secretário de Finanças da Prefeitura de Goiânia, Cairo Peixoto, disse em entrevista ao POPULAR no sábado que a situação financeira do município está “próxima do caos”. Ele reafirmou as declarações feitas à coluna Giro do dia 26 e deste sábado de que o Paço terá de cortar benefícios de servidores, entre eles incorporações, gratificações e horas extras, além de suspender readequações salariais e criação de novos cargos, para evitar atrasos no pagamento.

Uma portaria suspendendo adicionais de incentivo, insalubridade e periculosidade dos servidores por tempo indeterminado chegou a ser publicada no Diário Oficial do município, mas diante do alvoroço da notícia entre os funcionários, o prefeito Paulo Garcia (PT) revogou a decisão na sexta-feira, tornando-a sem efeito.
Mas o secretário, ainda que em contrariedade ao posicionamento do prefeito, assegura que o corte de benefícios tem de ser feito e que é apenas uma medida inicial. Ele argumenta que se essas ações não resultarem em melhora da situação financeira a saída deve ser reduzir gastos com a máquina administrativa, como aluguel, energia, água, telefone, combustível e material de expediente, gastos que, segundo ele, somam 4,5% da receita do município, o que equivalente a cerca de R$ 6,5 milhões.

Cairo avalia, porém, que 4,5% é muito. “O ideal seria 3%, no máximo. Tinha de cair no mínimo para R$ 5 milhões”, alerta. Ele também aponta os gastos com a manutenção da cidade como “altos”. Segundo o auxiliar do prefeito, 10% da receita é destinada a esse serviço, que vai de iluminação pública a tapa-buraco. O número corresponde a aproximadamente R$ 15 milhões.

“Só isso toma 10% da arrecadação. Esse valor tinha de cair pelo menos para R$ 12 milhões. Ou seja, além de corte de pessoal vamos ter de entrar também nas despesas, gastos com energia pública, energia de poste, de semáforo, coleta de lixos, limpeza de ruas”, defendeu.

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o limite máximo com a folha de pessoal é de 60%. Dados do 3º quadrimestre de 2013 (últimos quatro meses do ano), que ainda será prestado conta pelo prefeito na Câmara de Goiânia, revelam que o Paço gastou 57,11% da despesa bruta com pessoal nesse período. Mas o secretário diz que esse índice deve estar mais alto. “Esse índice de 2013 já está extrapolado, com certeza vai passar do limite prudencial”.

Paulo, que cancelou a ida ao Legislativo na semana passada, deve ir à Câmara na quarta-feira prestar contas da gestão. Segundo o secretário, o prefeito tem conhecimento da “situação financeira difícil da Prefeitura”, mas que pediu a ele medidas “menos duras”.

“Ele é médico e brincou comigo que esse remédio (corte de benefícios) é amargo e que pode matar o paciente. Mas eu expliquei que nós mergulhamos em uma crise sem precedente e que vamos buscar sair dela”, contou.

Secretário afirma que burocracia atrapalha

Cairo Peixoto que assumiu a Secretaria de Finanças de Goiânia no final de janeiro reclama que chegou para aumentar a arrecadação, mas que virou um burocrata. Ele já ocupou o cargo na gestão de Darci Accorsi (PT) entre 1992 e 1996.

O secretário diz que não faz outra coisa a não ser buscar o equilíbrio financeiro da Prefeitura e atender cobrador. “Me deparei com essa situação. Não esperava que estivesse assim. Quiseram fazer média com o prefeito e acho que não contaram a real situação”, afirmou, num crítica indireta aos ex-ocupantes do cargo.
Cairo diz ainda que terá de estruturar a máquina e reciclar a metodologia de trabalho para aumentar a arrecadação e que as ações têm de ser imediatas porque o “Tesouro não está suportando a despesa com pessoal”. Ele deve se reunir com Paulo Garcia após o feriado de carnaval para conversar sobre a redução de gastos.

Fonte: Jornal O Popular