Logística: Goiás precisa de R$ 44 bilhões

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Estudo da CNT mostra que Estado necessita concluir 62 obras nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário

Para corrigir seus principais problemas de infraestrutura e deixar sua logística de transportes eficiente, Goiás precisa concluir 62 obras nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário, que demandam R$ 44,460 bilhões em investimentos.

É o que diz o Plano CNT de Transporte e Logística 2014, da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Só na Região Metropolitana de Goiânia, o investimento mínimo para melhorar a mobilidade urbana é de R$ 2 bilhões.

Apesar de algumas delas já estarem concluídas, nem todas estão operando plenamente, como é o caso do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Anápolis e o Maranhão. Os investimentos apontados como prioritários no Estado incluem obras como a ampliação de aeroportos, construção de ferrovias, entre elas o VLT ou monotrilho no Eixo Anhanguera, construção, duplicação e pavimentação de rodovias, e construção de terminais de carga.

A pesquisa é feita a cada dois anos. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, lembra que as obras demandadas são importantes não apenas para as empresas de transportes, mas para todo setor produtivo do País. Ele explica que os projetos são sistematizados para serem conectáveis, resultando numa eficiência logística. “Analisamos todas as modalidades num aspecto de rede, pois o transporte só funciona se for integrado”, afirma Bruno Batista.

OBSOLETOS

Para se ter uma ideia, 79,3% da malha rodoviária brasileira (que é de 1,7 milhão de quilômetros) sequer é pavimentada e, entre as rodovias federais com pavimento, quase 90% tem pista simples. Para o diretor executivo da CNT, o País carece de infraestrutura de transportes em todas as modalidades. “Nossos sistemas de transporte são obsoletos e saturados. Não há nenhuma modalidade que seja uma boa referência”, avalia. Na última semana, O POPULAR publicou reportagem mostrando que Goiás precisa de R$ 11,4 bilhões em investimentos de infraestrutura.

Os projetos apontados no estudo da CNT, segundo Bruno Batista, são necessários para eliminar o passivo em infraestrutura logística. Para ele, o grande problema é que esses investimentos não são prioridade no Brasil. Enquanto a China investe 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB), a Índia 8% e a Rússia quase 7%, o Brasil investiu apenas 0,3% em 2013. “E esses são os países com os quais o Brasil quer competir”, alerta.
Na visão do diretor da CNT, ou o País prioriza este tipo de investimento, ampliando recursos orçamentários, ou continua vivendo sobressaltos econômicos, no chamado “voo de galinha”, com picos pequenos de crescimento que logo esbarram em infraestrutura. Ele lembra que as queixas passam por todos os setores, como transportes, indústria e agronegócio.

HIDROVIAS

Para Bruno Batista, o País tem um grande potencial hidroviário, mas somente a hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná está em operação, no Sul do Estado, mesmo assim sem as condições ideais. Só a construção de cinco eclusas para transposição de rios no Estado demanda R$ 8,5 bilhões em investimentos. “Rios navegáveis são diferentes de hidrovias, que requerem infraestrutura”. O desperdício desse potencial sobrecarrega as rodovias.

O coordenador técnico da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Welington da Silva Vieira, lembra que as conclusões da CNT se aproximam dos resultados obtidos em outro estudo: o Centro-Oeste Competitivo, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para ele, o grande problema é a dificuldade que o Brasil tem para planejar as coisas, que demoram a sair do papel.

“Faltam projetos e o País sempre fica apagando incêndios”, adverte, se referindo ao hábito do País de realizar apenas obras emergenciais. Apesar dos avanços do PAC e da conclusão de obras importantes, como a duplicação da BR-153 e a Ferrovia Norte-Sul, Welington lembra que a infraestrutura nunca foi prioridade no Brasil. “O governo precisa criar regras mais claras para estimular investimentos, facilitando concessões e parcerias público-privadas”, lembra.

Por causa dos problemas de logística, o coordenador da Fieg observa que o transporte de uma tonelada de soja consome 20% do faturamento obtido com a venda do grão. “Os Estados Unidos têm um custo de produção elevado, mas ganham muito do Brasil com uma logística bem mais barata”, destaca.

Mobilidade urbana é uma das preocupações

Só a Região Metropolitana de Goiânia precisa concluir R$ 2 bilhões em investimentos prioritários para deixar sua mobilidade urbana mais eficiente. São três obras prioritárias: a construção do VLT ou monotrilho no Eixo Anhanguera, a implantação do Corredor Expresso ou BRT e a adequação de 54 quilômetros de vias urbanas. Só no VLT deve ser quase R$ 1,6 bilhão em investimentos.

O estudo da CNT lembra que os sistemas de mobilidade urbana têm importância fundamental para a economia do País e qualidade de vida das pessoas. A ausência de planejamento adequado e investimento continuado nas redes de transporte das cidades têm se refletido na redução do número de passageiros do transporte público e no aumento dos congestionamentos. De acordo com o estudo, a ineficiência do transporte público conduz à perda de competitividade das cidades na capacidade de atração de investimentos.

DESLOCAMENTO

O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, lembra que a cada três anos 10 milhões de novos veículos ganham as ruas e a infraestrutura urbana não acompanha esse ritmo de crescimento. Hoje, o trabalhador brasileiro gasta mais de duas horas no deslocamento diário entre sua casa e o trabalho. Isso significa 12 horas perdidas apenas no trânsito. “Isso gera problemas de saúde e perda de produtividade no trabalho, já que o funcionário chega cansado. Por isso, o transporte coletivo deve ser priorizado.”

O presidente licenciado do Grupo Executivo do VLT, Carlos Maranhão, informou que a obra está em fase preparatória para assinatura da ordem de serviços, com o atendimento das pré-condições do contrato de concessão, vencida pelo consórcio formado pela Odebrecht TransPort e a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC).

Essas condições são a liberação de áreas que precisam ser desapropriadas ou usadas para realização dos serviços, a obtenção de licenças junto à Prefeitura de Goiânia e a assinatura de contratos de financiamento do poder público e parceiros. De acordo com Maranhão, a estimativa é que as obras, que devem durar 24 meses, comecem em março do próximo ano.

Fonte: Jornal O Popular (Lúcia Monteiro)