Eletrobrás finaliza compra da Celg
Compromisso de compra e venda assinado ontem autoriza prorrogação da concessão da estatal goiana para os próximos 30 anos
Passados vários anos de negociações, o compromisso de compra e venda de 51% das ações da estatal goiana, enfim, foi assinado ontem pela Companhia Energética de Goiás (Celg) e a Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás). O acordo é essencial para a efetivação da transferência das ações à estatal federal.
“Conseguimos para o Estado o resguardo da mais valia da empresa. A negociação já se estende há algum tempo e ela tem o seu próprio ritmo. Demorou um pouco pela prorrogação da concessão, mas ela trará muitos lucros para a população goiana e para o governo do Estado de Goiás”, comenta o vice-presidente e diretor de regulação da Celg, Elie Chidiac.
Chidiac explica que a empresa estava em processo de caducidade desde 2008, por conta das dívidas. Ou seja, a retomada da concessão para o poder concedente, a união. Paralelamente, o fim da concessão da Celg estava previsto para o dia 15 de julho de 2015, o que poderia diminuir o valor da empresa.
Com a prorrogação, o acordo com a Eletrobrás valerá muito mais para o Estado. “A captura da empresa foi toda trabalhada em cima dessa nova premissa, com a nova concessão para os próximos 30 anos. Passamos de uma empresa que valia centena de milhões de reais, para uma que vale vários bilhões”, acrescenta.
“Essa medida resguarda o patrimônio goiano e dentro da promessa, conseguimos colocar uma cláusula de desempenho e a própria diretoria administrativa que irá assumir posteriormente, tem que ter o compromisso de trazer os índices de qualidade da empresa para os índices regulatórios que foram colocados pela Aneel. Esse é o maior ganho para a população goiana”, avalia o diretor de regulação da Celg.
Isso quer dizer, na opinião de Elie Chidiac, que os 49% que irão permanecer com o Estado, no caso de uma possível privatização, garante a mais valia que pode variar de 70% a 100% do valor da empresa.
Investimentos
Segundo informações do diretor de regulação da Celg, Elie Chidiac, a empresa tem um desequilíbrio econômico na ordem de R$ 7 bilhões, mais R$ 3 bilhões em ações trabalhistas e indenizações.
“A retomada da concessão seria o pior dos cenários para nós. A empresa estava devendo muito e o governo de Goiás ficaria com um rombo em seu caixa de mais de R$ 10 bilhões. Por isso é interessante a vinda da Eletrobrás para o aporte e reestruturação”, afirma.
De acordo com ele, a Eletrobrás já concedeu um aporte de R$3,5 bilhões e mais um empréstimo do governo federal no valor de R$1,9 bilhão já para os próximos dias. “Isso possibilitará o resgate do caixa da empresa, trazendo mais fôlego para fazer mais investimentos necessários para a manutenção e expansão da rede, atendendo dignamente a população. Além de reestruturar a dívida, os juros serão quatro vezes menores que nós estávamos pagando”, revela.
A transferência total deve acontecer, apenas, após os trâmites formais na bolsa de valores, já que Celg e Eletrobrás são sociedades anônimas de capital aberto, este processo pode durar entre um e três meses.
Nova tarifa
A partir de setembro a tarifa da energia elétrica no Estado deve aumentar. Nos últimos anos, a Celg ficou incapacitada de aumentar o valor cobrado porque não eram feitos investimentos. Com o acordo feito, os preços devem sofrer alteração.
“Nós estimamos, com o aumento médio nacional de 30% das tarifas e em alguns lugares até 50%, em Goiás o valor deve subir em torno de 25% a 30%. Mas quem vai deliberar sobre isso realmente é o governo federal e a própria Agência Nacional de Energia Elétrica”, diz Chidiac.
Fonte: Jornal O Hoje