Nova tarde de revolta contra tarifa de R$ 3 (5ª manifestação contra o aumento da passagem de ônibus)

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Carro de som, cartazes e uma voz que não cala. Este foi o cenário da 5ª manifestação contra o aumento da passagem de ônibus realizada ontem no Centro de Goiânia. No total, cerca de 200 pessoas estiveram presentes pedindo a redução da passagem e o apoio do Ministério Público Estadual (MP-GO) na fiscalização do valor de acréscimo. De forma pacífica, os manifestantes chegaram a interditar cinco ruas durante o percurso que começou às 13h30 e terminou com uma assembleia geral no Instituto Federal Goiano (IFG) por volta de 17 horas. Eles prometeram novos protestos e disseram que não vão parar enquanto não tiverem seus pedidos atendidos.

A manifestação começou por volta de 13h30 na entrada do Teatro Goiânia, na Avenida Tocantins. Depois disso, eles se deslocaram até a Avenida Anhanguera, em algumas plataformas do transporte e passaram também pela Avenida Araguaia, acompanhados de agentes da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT). O percurso continuou, passou pelo Setransp e desceu a Avenida Goiás até a Independência. O destino era a sede da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), intitulada por eles como Roubo Metropolitano do Transporte Coletivo.

Na Avenida Independência, os estudantes protestaram durante aproximadamente meia hora, interditando o tráfego de veículos. Em frente à RMTC, queimaram pneus e tiveram discussão com um policial militar que tentou conter a queima. O policial foi expulso do meio da multidão que também quebrou o vidro traseiro de sua viatura. Na saída, foram abordados pela cavalaria da polícia que acabou se retirando para a passagem do movimento.

Eles também usaram caçambas de lixo para bloquear a rua e quebraram cavaletes da AMT quando a cavalaria chegou. Os pedaços de pau eles seguraram à espera de um possível confronto com a PM. “Não somos criminosos e não vamos sair das ruas. Esta é a 5ª manifestação e eu fui a todas. Acho que a população em geral precisa se manifestar. Em Porto Alegre, a população conseguiu a diminuição, nós podemos também. Por dia, eu uso pego seis ônibus. Sou contra o aumento”, afirmou o estudante de Geografia, Caio Alves.

Tiago Madureira, estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) chegou a pedir ajuda de militares para afastamento da cavalaria, mas não foi atendido. “Somos estudantes, adolescentes, não somos um movimento criminoso. Eu pedi para o militar a informação de quem comandava a cavalaria, queria apenas que eles se retirassem, mas eles disseram que não sabiam. Somos moradores da cidade e o aumento pesa no orçamento da família. Queremos nosso direitos”, afirmou.

Apoio popular

Não só estudantes estiveram presentes, mas a população em geral mostrou adesão ao movimento. Durante o trajeto todo, responderam com buzinaço e alguns também foram para as ruas. “Viemos para garantir os direitos da cidade. Protesto pelo transporte desde 2005 e posso afirmar que os estudantes estão nas ruas há anos. O transporte é um direito fundamental e nós precisamos acreditar que podemos ter um serviço de qualidade não só no transporte, mas na saúde, na educação. Goiânia ainda tem medo, mas está descobrindo que tem o direito de exigir. Aqui as pessoas ainda desconhecem o próprio poder”, afirma a produtora Lu Celestino, de 32 anos.

O auxiliar administrativo Mário Lisandro Ribeiro, de 32 anos, também decidiu acompanhar os estudantes. Morador do bairro Vera Cruz, ele se mostra revoltado com o aumento da passagem em detrimento da qualidade dos serviços prestados. “Eu passo quase 4 horas do meu dia dentro de oito ônibus que pego. O aumento é abusivo e a qualidade é péssima”, lamenta.

Fonte: O Hoje