Aparecida: Maternidade ainda sem uma previsão

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Projeto de maternidade com UTI em Aparecida de Goiânia segue emperrado após questionamento e com estrutura abandonada .

Com 60% da estrutura concluída e gastos superiores a R$ 7 milhões, a Maternidade de Aparecida de Goiânia está parada desde que o Ministério da Saúde, responsável pelo pagamento de R$ 5 milhões do empreendimento, não aprovou os projetos e o orçamento, que descumpriam exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estabelecimento, localizado entre os jardins Boa Esperança e Tiradentes, seria responsável por desafogar o atendimento no município e de cidades vizinhas da região Centro-Sul, mas a conclusão, prevista inicialmente para 2012, ainda é uma incógnita.

Segundo o secretário municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, Paulo Rassi, ao assumir a Secretaria, a atual administração descobriu que o terreno não era do governo do município, mas da imobiliária Tropical Imóveis. “Só descobrimos porque a Anvisa pediu o documento de propriedade dos lotes. A obra já estava em estado avançado.”

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia comprou os lotes e, após remembramento, exigido pela Vigilância Sanitária, iniciará o processo de licitação para reiniciar as obras, pré-aprovada pela Agência. “O projeto ainda sofrerá modificações, pois a Anvisa exigiu a construção de mais um pavimento, já que, inicialmente, aUnidade de Terapia Intensiva (UTI) foi erguida ao lado da cozinha, entre outros problemas no projeto”, afirma o secretário.

Portanto, com o andamento do remembramento dos terrenos, a previsão da Secretaria de Saúde do município é de que pode ser retomada ainda este ano, mas sem estimativa de conclusão. “Só acho que deveria haver penalização para quem começou a obra. Tem que respeitar dinheiro público”, comenta Paulo Rassi.

Desde matéria publicada pelo jornal O HOJE, no dia 26 de janeiro, retratando a situação de abandono do prédio e o entrave na construção, pouca coisa mudou. Na época, a diretora do Departamento de Arquitetura e Engenharia da Prefeitura de Aparecida listou alguns itens da extensa ficha de problemas na obra.

De acordo com a diretora, a UTI foi planejada para estar entre a recepção e o refeitório da maternidade, ao lado da lavanderia – ambiente no qual haverá máquinas lavadoras que podem interferir na aparelhagem da UTI. Para os centros cirúrgicos foram projetadas janelas, o que é vetado.

Outra irregularidade é que não há previsão de posto policial, sala de higienização e sala de raio X, além do subsolo ser área sujeita a inundações, onde foi planejada a colocação do gerador e transformador.

Horta cultivada e galinheiro pelo pátio

Atualmente, é visível o estado de abandono da obra. Há apenas um funcionário da Prefeitura de Aparecida de Goiânia que afirma que mora no local. “Moro aqui. Por isso, fiz uma horta e também tenho um galinheiro”, conta.

Para o secretário municipal de Saúde, a situação é tranquila e afasta os problemas de abandono. “Até resolvermos todos os problemas burocráticos e pudermos retomar o projeto, a ocupação do funcionário é muito boa, pois cuida do terreno e afasta problemas com invasão de moradores de rua e usuários de drogas.”

A promessa é de que a construção da Maternidade atenda gestantes dos 25 municípios da região centro-sul de Goiás, com estimativa de 700 mil pessoas, por isso, a paralisação nas obras revolta a população. “É um prejuízo muito grande. Já me disseram que vão ter que demolir e fazer tudo de novo. Por que não fiscalizaram antes?”, reclama Divino da Silva, metalúrgico, morador da região.

“Se você precisa de um parto, tem que ir na Maternidade da Vila Brasília, que sempre está cheia, ou para hospital particular”, conta Jorceli Godoi, dona de casa, que acredita que a Maternidade Marlene Teixeira é cheia porque a população da cidade não tem opção de onde ir.

Uma questão recorrente é levantada pela comerciante Lucilene Xavier. “Como o governo começa uma obra sem um projeto de verdade? Só vê que tem problemas depois que gastou tanto?”.

Os prejuízos para os moradores são incontáveis. Segundo a comerciante Sônia Francisca, a demanda para os cais é muito grande, então, o prédio desafogaria os centros de saúde da região. “A região cresceu demais. O governo precisa olhar para o povo de cá.”

Fonte: Jornal O Hoje