Ação policial foi enérgica em confronto

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Apesar de a Polícia Militar ter distribuído rosas brancas à população goianiense, como um sinal de pedido de paz, e de o movimento em geral ter transcorrido de forma pacífica, pequenos grupos mais radicais que seguiram a marcha em direção à Assembleia Legislativa, no Bosque dos Buritis, entraram em confronto com policiais que faziam o isolamento do prédio, utilizando-se de bombas caseiras e pedras. Até o fechamento da edição, pelo menos 11 manifestantes haviam sido presos por vandalismo e agressão à polícia, no sexto protesto contra o aumento das passagens e em defesa do transporte público.

No momento de confronto mais crítico em toda a mobilização, foi preciso a intervenção dos homens do Batalhão de Choque, que utilizaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes da frente da Assembleia, que só dispersaram com a chegada da Cavalaria. Os prédios de uma agência do Banco Itaú e de uma floricultura também foram depredados. Um dos manifestantes foi detido por atirar pedras e objetos contra os policiais, ferindo um deles no ombro.

Segundo informações da PM, Tiago Oliveira da Silva, 25 anos, um dos detidos, foi preso após utilizar pedaços de pedra e uma mangueira para atingir o cordão humano de segurança. Tiago da Silva não possui antecedentes criminais e foi encaminhado, junto com dois policiais atingidos por ele e os demais detidos, ao 1º Distrito Policial (DP). A reportagem não conseguiu contato com o delegado responsável pelo caso.

Alguns manifestantes também foram atingidos na cabeça com pedaços de pedra. Um deles, que acompanhava a mobilização em frente à Assembleia, por volta das 21 horas, teve o olho ferido por uma bomba arremessada pelos próprios manifestantes. Ele foi encaminhado pelo Corpo de Bombeiros até um posto de atendimento montado no Fórum.

Mais de 2 mil policiais

Mais de 2 mil policiais fizeram a segurança das ruas da capital, inclusive das forças especializadas e com monitoramento aéreo. Policiais à paisana também estiveram infiltrados entre os manifestantes, tentando identificar pessoas mais exaltadas. Outros 2 mil PMs permaneceram de prontidão, para ser acionados caso fosse necessário. Por volta do meio-dia, policiais já estavam posicionados nos principais pontos de concentração: Praça Universitária, Praça do Ratinho e Praça Cívica. Outras unidades seguiam distribuídas por ruas até o epicentro da marcha, na Praça do Bandeirante.

No início da manifestação, a PM priorizou a segurança em volta da Praça Cívica, local que abriga o Palácio Pedro Ludovico Teixeira – Centro Administrativo e a sede oficial do governo – Palácio das Esmeraldas, onde os manifestantes permaneceram por quase uma hora. Grades de proteção metálica e policiais foram posicionados formando um cordão de isolamento no local. No interior dos prédios e da Assembleia Legislativa, policiais também estavam a postos.

A preocupação inicial era de a população tomar o interior da praça que está ocupada por uma estrutura metálica montada para a realização do Arraial do Cerrado. Porém, segundo informações do chefe do planejamento operacional da PM, tenente-coronel Aparecido Correia de Almeida, antes de a caminhada se iniciar a polícia se reuniu com líderes da manifestação para informar dos riscos de entrar na praça.

Os primeiros manifestantes que passaram pela Avenida Goiás, seguindo para a Praça do Bandeirante – ponto de encontro do protesto – receberam rosas brancas de policiais. A população foi amigável com a abordagem que pedia paz e alguns pediam até mesmo para tirar fotos. Quando a caminhada de fato começou, sentido Praça do Bandeirantes–Praça Cívica, nenhum manifestante mostrou intenção de furar o bloqueio policial. Nos primeiros momentos de aproximação ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira houve tumulto e correria, mas boa parte da população pedia calma e gritava “sem violência”, agachando-se até a confusão cessar.

Na tentativa de evitar qualquer tipo de depredação de prédios particulares, a PM recomendou aos comerciantes que fechassem as portas por voltas das 15 horas. Todo o comércio central permaneceu fechado, alguns, inclusive, colocaram bandeiras brancas na porta.

A Segurança Pública também espalhou faixas na Avenida Goiás com os dizeres: “Vamos construir um país sem violência” e “A paz é o caminho.” Manifestantes engrossavam o discurso, mas pontuavam: “Você aí, fardado, também é explorado.” Boa parte do movimento seguiu pela Avenida 84, em direção à Praça do Cruzeiro.

Mas, antes da chegada dos manifestantes, a PM bloqueou o acesso de veículos da Rua 86 à Praça do Cruzeiro. Motoristas tiveram de retornar pelo sentido contrário da Rua 86, mas muitos demonstraram apoio ao movimento com buzinas. A marcha seguiu até o viaduto da Praça do Ratinho, onde os movimentos se uniram e decidiram continuar caminhando pela Avenida 85, sentido Praça do Chafariz. Desde então, os grupos se dispersaram, com movimentações isoladas em várias regiões da cidade.

Fonte: Jornal O Hoje