Marconi se diz atento a protestos
Governador, no entanto, afirma que governo estadual não se pauta pelas manifestações populares.
Ao entregar obras da Rodovia dos Romeiros (GO-060, entre Goiânia e Trindade) ontem, o governador Marconi Perillo (PSDB) disse que a gestão estadual já está atenta às demandas da população “há muito tempo” e que não se pauta pelas manifestações. “O que posso assegurar é que aqui em Goiás nós já estamos antenados com as reivindicações do povo há muito tempo. Nós não esperamos pelas manifestações”, afirmou.
O governador também disse que a sacudida no cenário político por conta dos protestos pode favorecer mudanças nas eleições de 2014, mas que elas têm de ser positivas. “Acho que muitas mudanças acontecerão. O que espero é que sejam para melhor. O duro é quando as mudanças são para pior. Espero que as pessoas tenham muita consciência em relação ao que vão fazer ano que vem para que tenhamos um País melhor.”
Marconi cancelou reunião marcada para 8 horas de hoje com o secretariado. O argumento foi de cansaço, por conta da caminhada de 18 quilômetros na tarde de ontem. Ele andou do início da rodovia, no busto do Padre Pelágio, até o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade. No entanto, aliados afirmam que o governador quer afastar possíveis impressões de estar refém das manifestações.
Ele já anunciou que receberá representantes dos manifestantes na próxima semana e hoje terá reunião com 12 prefeitos (da Região Metropolitana mais Anápolis) no Palácio, além de ter assinado decreto instituindo o passe livre.
Na entrevista ontem, o governador disse que vai cumprir a promessa de realizar “o melhor governo da vida dos goianos”. Afirmou também que a obra entregue ontem é demonstração de que “o dinheiro público está sendo muito bem empregado no Estado”. “Eu disse que faria o melhor governo da vida dos goianos. Não tenham dúvida, ao final deste mandato vocês terão a certeza de que o tempo em que estive à frente do governo foi muito bem aproveitado em favor de todos.”
O governador sinalizou que deve manter o parcelamento da data-base do funcionalismo, alegando limite de gastos imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “A conta tem de fechar. A lei exige que governos não gastem mais de 60% da arrecadação com folha. Se percebermos que há possibilidade (de pagar), terei a maior boa vontade. Se não, vamos ter de cumprir a lei”, afirmou.
Nos últimos sete dias, houve duas manifestações de servidores em defesa da data-base integral. Pela manhã, havia boatos de que manifestantes poderiam ir à rodovia, mas ninguém apareceu. O governo intensificou a segurança. No início do evento, havia 32 policiais à paisana para isolar o governador na caminhada, helicóptero da Polícia Militar e grupo do Giro.
Foram distribuídos bonés nas cores azul e amarelo para o grupo que acompanhou o governador. O presidente da Agetop, Jayme Rincón, responsável pelas obras, disse que as cores são da logomarca do órgão – daí também as luminárias pintadas de azul.
Questionado sobre grandes eucaliptos retirados do canteiro central, substituídos por outdoors com propagadas do governo, Jayme disse que “placas não têm raiz” e que as plantas estavam danificando os canteiros.
Após críticas, Santana Gomes renuncia a cargo
Diante da repercussão negativa, o governo estadual divulgou ontem carta de renúncia do ex-vereador de Goiânia Santana Gomes (PSD), nomeado na quarta-feira chefe de Gabinete de Gestão e Apoio Legislativo Municipal da Secretaria Estadual de Articulação Institucional (Searti), segundo informou com exclusividade O POPULAR. Em curto texto, Santana diz que não quer “criar constrangimentos aos vereadores, ao PSD e ao governo do Estado”.
De acordo com a carta, a indicação do nome de Santana para o cargo, que foi criado no início do mês e tem salário de R$ 12 mil, foi feita pelos vereadores que integram os partidos da base aliada ao governo e pelo PSD. Ele deveria fazer a interlocução da gestão com os vereadores.
Santana foi punido com suspensão de 15 dias pela Câmara de Goiânia e questionado pelo partido no ano passado, após divulgadas conversas telefônicas dele com Carlos Cachoeira e integrantes de seu grupo.
Numa das ligações, ele diz ao contraventor: “Oh, Carlin! Eu vou falar mais uma coisa ‘procê’. Vou te dar uma dica. Eu sobrevivi até hoje nesse mundo do crime porque eu sei preservar as situações importantes, viu! Se eu fizer delatação (sic) premiada, muita coisa pode acontecer”. À época, Santana disse que foi “brincadeira”. Por conta dos desgastes, ele não conseguiu se reeleger.
Fonte: Jornal O Popular