Pelo 3º mês, indústria goiana tem maior crescimento do País
Setor fechou março com avanço de 24% em relação ao mesmo mês de 2011 e de 6,7% ante fevereiro
A indústria goiana não para de crescer. Pelo terceiro mês consecutivo, o setor teve em março o maior avanço porcentual do País. Puxada pelo setor químico, especialmente o farmacêutico, a atividade industrial avançou 24% em relação ao mesmo período de 2011, enquanto a média brasileira teve retração de 2,1%.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação de março com fevereiro, o salto de Goiás foi de 6,7%. A produção industrial vem crescendo nos últimos meses, segundo especialistas, por conta da nova classe C e por reflexos de medidas internas de empresas e de ações do governo federal.
Apenas o setor químico avançou 70,2%. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás, Heribaldo Egídio, explica que esta expansão da atividade ocorre por conta da alta da demanda.
“No segmento de medicamento, por exemplo, há dez anos, 40% da população não tinha acesso a medicamentos. Hoje, este indicador caiu para 20%. A classe C e D aumentou a renda e passou a se preocupar mais com a saúde. Isso produz reflexo imediato na produção”, explica.
Ele destaca que o ano de 2011 não foi interessante para as indústrias farmacêuticas, o que poderia, em tese, afetar a base de comparação. Com trocas de ministros no governo federal e cortes no orçamento para a saúde pelo Ministério da Fazenda, a produção seguiu em ritmo menor.
Por outro lado, a transferência de parte da produção de algumas empresas do setor de São Paulo para Goiás, no segundo mestre, começou a apresentar resultados só agora. “Algumas empresas passaram a fabricar medicamento de alto valor agregado, na área oncologica e outros, a partir da transferência. Isso contribuiu para a alta”, revela Heribaldo Egídio.
O economista da Federação da Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Cláudio Henrique de Oliveira, por sua vez, ressalta que alterações do câmbio, com dólar mais em conta em março, fizeram o setor farmacêutico importar mais insumos do que no mesmo período do ano passado. Com matéria prima, produziu-se mais.
Para ele, há uma tendência de resultados positivos para a indústria daqui para frente. A diminuição da taxa de juros, o implemento do PAC 2, divulgado no mês passado, e o Plano Brasil Maior, pacote de estímulos para o setor, devem começar a fazer seus efeitos em breve. “Temos perspectivas positivas.”
Distribuição
Embora a indústria farmacêutica tenha contribuído em mais de 90% para o crescimento da atividade em março, outros setores também tiveram sua parcela de responsabilidade. O de alimentos e bebidas, por exemplo, cresceu 7,3% em relação a março do ano passado. A influência veio, em grande parte, pelo aumento na fabricação de molhos de tomate, maionese, refrigerantes e farinhas.
Os demais resultados positivos foram assinalados por minerais não metálicos (28,3%) e metalurgia básica (23,7%), impulsionados em grande parte pela maior produção de cimentos e ferronióbio, respectivamente. Por outro lado, a indústria extrativa (-4,0%) exerceu o único impacto negativo sobre a média global, pressionada principalmente pela menor produção de amianto.
Acumulado
No índice acumulado de 2012, o setor industrial de Goiás avançou 18,8%, impulsionado pela maior produção em também quatro dos cinco setores pesquisados, com destaque para o crescimento de 84,7% da atividade de produtos químicos, com influencia do setor farmacêutico.
Nesse período, o IBGE elenca ainda os resultados positivos vindos de minerais não metálicos (18,1%), indústrias extrativas (4,0%) e metalurgia básica (5,8%). Nos ramos sobressaíram, respectivamente, a maior fabricação dos itens medicamentos, cimentos Portland, amianto e ferronióbio.
Em sentido oposto, a única influência negativa sobre a média global foi verificada no setor de alimentos e bebidas (-6,6%), pressionado em grande parte pelos recuos na fabricação de refrigerantes, leite em pó, cervejas, chope, maionese, molhos de tomates preparados, milho doce preparado e carnes bovinas frescas ou refrigeradas.
Nacional
A produção industrial de março registrou queda em cinco dos 14 locais pesquisados pelo IBGE, conforme foi divulgado ontem. Na média geral nacional, houve redução de 0,5%.
Os recuos foram registrados na Bahia (-1,3%), Minas Gerais (-0,7%) e Santa Catarina (-0,7%). Os Estados do Paraná (9,8%), Goiás (6,7%) e Amazonas (6,5%) assinalaram os resultados positivos mais acentuados.
Fonte: Ricardo César (com FrancePress), O Popular