Fim de buracos é quase impossível

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Recapeamento da malha viária da capital seria a melhor solução, mas sua extensão torna isto muito difícil.

Molas quebradas, eixos danificados, pneus estourados, rodas empenadas, alinhamento e balanceamento desestruturados. Este é o saldo que os motoristas goianienses somam ao enfrentar os buracos espalhados por todas as vias de Goiânia. Problema constante na capital, os estragos no asfalto e os causados por eles são velhos conhecidos do poder público, além de alvo de inúmeras reclamações da população. Mas, mesmo assim, nunca foram tidos como prioridade nos planos de governo da Prefeitura. Mesmo em relação às medidas tomadas para possível solução, o problema permanece, já que as operações de tapa-buracos são apenas uma medida de manutenção, ou seja, paliativa.

Diretor de operações da Agência Municipal de Obras (Amob), Gustavo Zenaltti alega que a dificuldade está em Goiânia ser uma cidade com grande quantidade de ruas e avenidas. “O grande problema da capital é a extensão da malha viária.” Segundo ele, a idade avançada do asfalto também é um dos agravantes. “Tem alguns [asfaltamentos] muito antigos, com mais de 30 anos. Então, não dá para comparar de uma região para outra e dizer da qualidade em geral aqui em Goiânia em comparação às outras cidades”, sustenta Gustavo.

Ele conta que a realização da operação tapa-buracos é necessária o ano todo, e que ela não é intensificada durante os períodos de chuvas. O motivo é que, mesmo que a danificação da malha asfáltica aumente durante os meses chuvosos, os buracos continuam a se formar durante todo o ano, sendo necessária a manutenção da capa asfáltica.

Hoje, a Amob conta com 14 equipes de tapa-buracos, que trabalham todos os dias. E, quanto à qualidade dos serviços prestados por elas, o diretor admite que, “realmente, não é a ideal”. “Pelo trabalho ser muito manual e a demanda muito grande”, justifica.

Ineficiência

De acordo com a doutora em Geotécnica, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lilian Ribeiro de Rezende, a operação é um serviço de emergência, sendo, portanto, um tratamento paliativo, vez que o buraco representa o último estágio de um problema que já havia iniciado em outra esfera. “O que acontece é que, quando o trabalho não é executado corretamente, se faz necessário lançar mão desta medida”, levanta.

Para ela, “como técnica, deveria haver um investimento na gerência de pavimento, onde é realizada a avaliação estrutural da malha, e onde se descobre a origem do problema, o que está estragado, de fato.” Já para o diretor da Amob, Gustavo Zenalti, “na prática, a melhor solução é o recapeamento, pois este teria a função de reduzir drasticamente a quantidade de buracos”. Entretanto, ele diz que a logística atrapalha o processo. “O ideal seria que pudéssemos recortar tudo envolta do buraco, retirar e recapear o local, mas a demanda é muito grande e trabalhamos de maneira otimizada para atender tudo”, avalia Lilian.

Para que seja considerado de qualidade, um bom pavimento asfáltico tem de apresentar inúmeras camadas abaixo do asfalto, que não é mais do que a “capa” de toda a estrutura, lembra a professora da UFG. A primeira delas, chamada de subleito, é a fundação, vindo, logo em seguida, a base, que sustenta o asfalto. Este processo ainda pode ser incrementado com uma sub-base, o que seria mais resistente.

Fonte: Jornal O Hoje