Corredor Universitário só deve ficar pronto 22 dias depois do previsto
A Prefeitura de Goiânia tem um desafio a cumprir até o final de junho. A intenção é concluir toda a obra de revitalização e implantar o corredor preferencial de ônibus na Avenida Universitária, entre a Praça Cívica e a Praça da Bíblia. Pretende-se inaugurar tudo por volta do dia 26 de junho. No entanto, responsáveis por acompanhar a evolução da obra reconhecem que, para isso, vai ser preciso trabalhar em regime de força-tarefa, pois há muito a ser feito. Moradores e comerciantes da região, que acompanham o dia a dia da obra, possuem a mesma opinião e desacreditam que o término seja possível no prazo estipulado.
No dia 8 de novembro do ano passado, quando o prefeito Paulo Garcia inaugurou o término da primeira parte da obra, ele declarou que tudo estaria pronto em seis meses, ou seja, até o último dia 8 de maio. O chefe de gabinete da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Sávio Afonso, argumenta que o período chuvoso, no fim do ano passado e início deste, atrapalhou o andamento, retardando a conclusão. “É um desafio. Falta muita coisa a ser feita. Só espero que seja um desafio bom”, diz. A obra está avaliada em R$ 4 milhões, dinheiro proveniente do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano.
A Agência Municipal de Obras (Amob) deve iniciar o recapeamento do asfalto de toda a Avenida no fim deste mês. Para tanto, a Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT) vai interditar a pista, obstruindo a passagem dos veículos. Conforme o planejamento feito, a princípio, a intervenção deve durar em torno de duas semanas e o bloqueio da via vai ser paulatino, feito em trechos. “Deve ser uma quadra por vez. Fechar tudo gera muito problema”, adianta o engenheiro de tráfego da AMT, Sérgio Bitencourt. O motorista goianiense, acostumado a passar pela Avenida, deve ficar atento a isso.
Calçadas
No início dessa semana, os operários da Engel Engenharia e Construção Ltda., empresa responsável pela obra, deram início à recuperação das calçadas e meios-fios na Praça Universitária e arredores, em frente às faculdades da região. Os estudantes chegaram para frequentar as aulas, na segunda-feira (14), em um ambiente preenchido por máquinas, pedaços de concreto e muita poeira. Até os abrigos dos pontos de ônibus foram retirados. Sávio Afonso, da CMTC, explica que as intervenções estão sendo aceleradas na altura da Praça, pois é o ponto mais crítico, com maior circulação de veículos e pessoas. “Concluído ali, fica mais fácil terminar as outras partes”, acredita o chefe de gabinete. O meio da praça deve ser reformado após o término da obra do Mutirama, ainda sem data certa.
No trecho da Avenida que fica entre a Praça Universitária e a Praça da Bíblia nada foi feito, ainda. Os operários atuam, por enquanto, em partes da Rua 10 e próximo às universidades. Sávio calcula que, neste caso, o tempo de trabalho vai ser menor. Primeiro pelo número reduzido de veículos que passam pelo local e, segundo, porque as ilhas são menores e não existem os pit dogs, como na Rua 10, que tiveram de ser demolidos e reconstruídos em modelo padrão. Apesar disso, todo o asfalto do trecho deve ser recapeado até o final de junho, e o andamento da obra prevê a necessidade de se concluir a parte estrutural primeiro para depois revitalizar o asfalto e implantar a sinalização horizontal e a fiscalização eletrônica.
Corredor preferencial vai ser o primeiro instalado em Goiânia
O corredor preferencial da Avenida Universitária, em torno de 2,5 km, vai ser o primeiro de Goiânia. A novidade promete mudanças nos hábitos dos motoristas que sempre passam pela via. A pista será dividida em três faixas, sendo a da direita reservada especialmente para os ônibus e as outras duas para os demais veículos. Para fiscalizar, sistemas eletrônicos e câmeras vão ser colocados em pontos estratégicos. O automóvel que invadir a pista do ônibus e for flagrado pelas filmagens vai ser multado.
O diretor de Infraestrutura Viária da Amob, Leandro Helou, diz que todo o sistema estará instalado até o dia da inauguração. No entanto, as autuações não vão ser imediatas. No início, vai ter um período de conscientização e adaptação do motorista em relação à mudança. A AMT já organiza campanhas de educação para serem veiculadas na mídia. “O veículo não vai poder andar por duas quadras consecutivas na faixa exclusiva do ônibus. Menos que isso, será permitido, para os casos em que houver necessidade de fazer alguma conversão para entrar em pistas que cortam a avenida”, orienta Sérgio Bitencourt.
O projeto prevê a construção de uma ciclovia, que também seria a primeira da capital, com áreas de passeio, quiosques padronizados, bancos de concreto e padronização das calçadas, em modelo sustentável, com maior permeabilidade, piso especial para deficientes visuais e faixas exclusivas para cadeirantes. Isso só foi feito em parte da Rua 10, correspondendo ao trecho inaugurado em novembro do ano passado. Pretende-se ofertar internet sem fio (wi-fi) em todo o corredor. Este é um modelo de trânsito que a CMTC estuda adotar em outros locais da cidade. A intenção é constituir um total de 102 quilômetros de corredores exclusivos. Concluído o da Avenida Universitária, vão faltar outros 99,5 quilômetros para serem implantados.
População sofre com transtornos da reforma
Iniciada no meio do ano passado, a obra na Avenida Universitária sofreu duras críticas pelos transtornos causados à população. Na época, parte da pista ficou interditada e as árvores foram derrubadas, o que gerou, a princípio, certa indignação de quem passava pelo local. Feita a primeira inauguração, em novembro, tudo voltou ao normal, mas agora, os pedestres e motoristas vão ser obrigados, novamente, a conviver com as restrições no trânsito e a poeira na pista.
A retirada dos abrigos dos pontos de ônibus pegou os usuários do transporte coletivo de surpresa. Eles estão recorrendo, agora, ao meio da rua, até mesmo porque as calçadas estão quebradas e cheias de concreto. Além da falta de segurança, a poeira também tem sido um incômodo para estes que se arriscam em aguardar a parada do ônibus. O comerciante Jorge Dias da Silva, de 66 anos, trabalha há 27 anos como vendedor de frutas numa das calçadas da Rua 10. Ele pontua a poeira como maior incômodo, mas acredita que a obra vai melhorar muito a estrutura da Avenida. “Só não acho que vai ser possível terminar tudo até o final do próximo mês”, diz.
Fonte: O Hoje