Transporte coletivo: Sindicato ameaça paralisação

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Sindicoletivo afirma que pode colocar motoristas em greve já a partir de hoje. Sindittransporte e Setransp entram em acordo

O Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo) ameaçou colocar os motoristas de ônibus em greve já a partir do primeiro minuto desta sexta-feira, após assinatura de acordo salarial entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittransporte) e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp). O Sindittransporte e o Sindicoletivo brigam pela representatividade da categoria.

A possibilidade de paralisação a partir de hoje depende da adesão, o que é uma incógnita pois não houve nenhuma assembleia para discutir a demanda. O Sindicoletivo não aceita o acordo firmado ontem pelo rival com as empresas e ontem promoveu uma série de protestos que começou em frente ao Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), passou pela Praça Cívica, pelos Terminais da Praça A e do Dergo, ambos na Avenida Anhanguera, e foi concluída no Terminal Padre Pelágio, na Região Noroeste. Algumas dezenas de motoristas teriam participado destas manifestações, que ao todo duraram cerca de quatro horas.
O acordo selado entre Sindittransporte e Setransp não teve o aval do MPT-GO, que havia começado uma mediação entre as partes na segunda-feira a pedido do Sindittransporte, mas desistiu após perceber uma “grande animosidade” entre os representantes dos motoristas e que não havia um consenso, segundo a procuradora do trabalho Jane Vilani. “Não tinha como ter êxito naquele momento e preferi apenas registrar na ata os fatos ocorridos pela manhã durante a reunião”, disse.

À tarde, representantes do Sindittransporte e do Setransp se reuniram na sede deste último para assinar o acordo que concede um reajuste salarial de 7%, mais 16% no valor do ticket alimentação. Além disso, os motoristas já contam com um anuênio de 3%. Inicialmente, a categoria queria 15% de reajuste e as empresas 7%. O reajuste de 16% no ticket foi sugestão da procuradora em reunião no dia 12. Hoje o Setransp leva o acordo para homologação na delegacia da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE-GO).

Um dos pontos divergentes que impediram a concretização do acordo na ata da reunião do MPT-GO foi a forma como os motoristas teriam sido consultados sobre a proposta salarial. Jane diz que, conforme a legislação, eles precisam ser convocados para avaliar a proposta. O presidente do Sindittransporte, Alberto Magno, diz que foi feita uma “intensa consulta” envolvendo todos os dirigentes do sindicato nos terminais de ônibus. “Mais de 80% da categoria concordou com a proposta”, afirma. O Sindicoletivo exige a realização de uma assembleia. “Começamos a redigir a ata, pensando que havia um consenso, mas parece que a convocação não teria sido feita de forma regular”, afirma Jane.

O Sindittransporte contradiz a versão da procuradora e insiste que o acordo foi com mediação do MPT-GO, já que foi feito após reunião com a procuradora. Segundo a assessoria do sindicato dos motoristas, o objetivo da reunião é que se saísse dali com um acordo e não que o acordo fosse necessariamente assinado na reunião.

O Setransp também defende que houve mediação da procuradora. “Na sede do MPT, ficou demonstrada a disposição dos dois sindicatos em assinar um aditivo à convenção coletiva, após consulta realizada com os representados das duas entidades”, informou.

PROTESTO

O movimento dos motoristas ligados ao Sindicoletivo provocou transtornos que duraram o dia todo. Pelo menos seis ônibus tiveram os vidros quebrados no Terminal Padre Pelágio, por volta de 12h30. O protesto, que começou com os motoristas, teve adesão dos usuários. Trabalhadores das empresas afirmam que apenas impediram a saída dos ônibus, e a quebradeira foi promovida pela população. Houve bloqueio em três terminais, o que ocasionou reflexo em todo o sistema (leia reportagem nesta página). A operação do Eixo Anhanguera não parou. A Polícia Militar (PM) foi chamada e a depredação cessou.

Às 15h30, o fluxo de ônibus que saiam das garagens próximas do Terminal Padre Pelágio aumentou gradualmente. Grupos de motoristas acompanhavam a movimentação e faziam comentários, a maioria desaprovando os colegas que não cruzaram os braços. Cerca de 20 mototaxistas e até taxistas esperavam em frente à entrada da Rua Apá em busca de usuários cansados de esperar.

Sindicoletivo questiona acordo

O vice-presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo), Fernando Neves, questiona o acordo assinado ontem entre representantes dos empresários do transporte coletivo e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittransporte). “Como fecham um acordo sem ouvir a categoria?”

O Sindicoletivo esteve presente na audiência de mediação entre categoria e empresários. Representantes entraram 10 minutos depois do início e se pronunciaram contra o acordo, mas não tiveram autoridade formal por ainda não terem uma carta sindical, que dá direito de representar a categoria.

O encontro serviria para que ratificassem ou não, depois de ouvir as categorias, o que já tinha sido negociado numa audiência realizada na segunda-feira. Por Basílio, “foi dito que fez consulta entre tais empregados acerca da proposta mencionada e 95% registrou sua aquiescência.”

O Sindittransporte informou que “realizou consulta à categoria nos termos legais e estatutários”, e o sindicato estava disposto a formalizar o acordo. Pouco depois, um dos representantes do Sindicoletivo disse que “a proposta foi rejeitada pela categoria e que a mesma não foi consultada adequadamente em Assembleia”.
Neves reforça a posição do colega: “Só realizamos assembleias aos domingos. Como ouviu a categoria? Cadê a ata?”

O presidente do Sindittransporte, Alberto Magno, disse que a consulta feita nos terminais tem validade e que todos os motoristas foram ouvidos. Ele disse não acreditar em greve. “O Sindicoletivo não tem a adesão dos motoristas.”

Bloqueio de ônibus em terminais

A ação dos motoristas durante o protesto era coordenada. As 29 linhas que iniciam o embarque no Terminal Padre Pelágio ficaram paralisadas durante o protesto, o que afetou todo o sistema, causando atrasos e superlotação dos veículos. De acordo com a assessoria de imprensa da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos da Grande Goiânia (RMTC), como a rede é integrada, os terminais próximos da área oeste também foram atingidos, como o Parque Oeste, Praça A e Dergo. Ao todo, a área oeste da RMTC atende mais de 280 bairros, com 80 linhas.

Às 16 horas havia dez ônibus fechando a entrada das linhas alimentadoras no Terminal do Dergo. Uma das linhas mais utilizadas, a 307, que vai até o Conjunto Vera Cruz, deixou de sair por aproximadamente 30 minutos. A quantidade de usuários aumentou rapidamente e, mais uma vez, a movimentação dos motoristas provocou a insatisfação popular. Cerca de 50 pessoas ocuparam a via e impediram a saída de outros ônibus.

Três viaturas da PM entraram no local e um dos policiais mediou o diálogo entre motoristas e usuários. Os motoristas conversavam entre si e divergiam. O POPULAR presenciou um diálogo em que um repreendia outro por este estava disposto a rodar. E a disposição não era por satisfação com a proposta, mas por medo da fúria popular. Apesar da confusão, não houve quebra-quebra. Em 20 minutos os ônibus voltaram a circular.

Fonte: Jornal O Popular