Marginal Botafogo: Obra do viaduto está parada
Empresa diz que Prefeitura deve mais de R$ 6 milhões. Ainda falta mais 30 dias de serviços para conclusão
A obra do viaduto da Marginal Botafogo, no Setor Sul, está parada há pelo menos 10 dias, mas há pelo menos 20 dias que as pessoas que passam pelo local notaram uma redução drástica na movimentação de trabalhadores na construção do elevado que fica na pista sentido Centro–Setor Pedro Ludovico. O outro elevado, no sentido Pedro Ludovico–Centro, está pronto desde abril e já poderia ter sido liberado. A empresa responsável pelo serviço, GAE Construtora, afirma que a Prefeitura de Goiânia deve em torno de R$ 6,1 milhões e que há pelo menos seis meses não efetua nenhum pagamento.
Prevista para ter sido entregue em 24 de outubro do ano passado, a obra sofreu vários atrasos e o prazo mais recente – antes da atual paralisação – era para estar concluída em 21 de maio. De acordo com a empresa, são necessários mais 30 dias para o viaduto Centro–Pedro Ludovico ser finalizado. Falta colocar 3 mil metros cúbicos de aterro, passar a capa asfáltica e concluir o acabamento. Parte da estrutura de concreto foi colocada, mas o restante está empilhado em um dos lados da via.
No site da Prefeitura, consta que o último pagamento ocorreu no dia 31 de dezembro, no valor de R$ 2,4 milhões. Ao todo, teriam sido pagos R$ 5,7 milhões dos R$ 15,1 milhões que custaram os viadutos, ou seja, pouco mais de um terço da obra. Ainda de acordo com o site, o contrato, assinado em fevereiro de 2013, sofreu dois aditivos - um para modificar um item do contrato, e o outro, em dezembro, prorrogando os serviços por mais 240 dias.
O POPULAR visitou ontem o canteiro de obras por duas vezes e certificou a paralisação do trabalho. No fim da tarde, um operário e o guarda do depósito, onde ficam as ferramentas, conversaram com a reportagem e contaram que só estão indo, porque a empresa não pode abandonar a obra, mas o serviço está praticamente interrompido, por causa da falta de dinheiro. Diante da situação, segundo eles, alguns operários estão indo para marcar presença, mas em número bem menor que o habitual.
Não é a primeira vez que poucos funcionários são vistos na obra. Em janeiro, O POPULAR esteve no local e verificou a presença de apenas 12 homens trabalhando em um dos elevados. Ontem, não tinha nem isso. O depósito, onde os operários comem e se reúnem nos intervalos, estava praticamente vazio.
Quem passa pelo local pergunta o motivo de tanta demora, já que os transtornos gerados, principalmente no trânsito são nítidos e já está atingindo não só a 88 e a Marginal, mas também as ruas e avenidas paralelas do Setor Sul e Jardim Goiás. Em horário de pico, os efeitos do congestionamento também são sentidos em ruas, onde antes o tráfego era tranquilo. A situação tem revoltado moradores da região, que ainda não viram o lado positivo da obra. Só o negativo.
A dona de casa Joana Mesquita, de 56 anos, tentava ontem atravessar uma das ruas para conseguir chegar ao Jardim Goiás, onde mora. Ela, que é acostumada a andar a pé, pontuou que antes já era difícil, mas agora está mais ainda, “porque o trânsito está intenso e o movimento de carros e motos é muito grande. É perigoso”, contou. Ela lembrou também que, além desse risco, existe o perigo de se passar à noite pelo local, por causa da iluminação precária e da concentração de usuários de drogas. “Isso aqui está abandonado”, afirmou.
Outro morador da região, o auxiliar administrativo Sérgio Fonseca, de 31, diz que do jeito que está, a situação fez foi piorar, porque, se o objetivo principal era desafogar o trânsito, a situação está oposta a isso. Ele criticou ainda o visual dos viadutos, “que, além de serem feios, esteticamente, não passam confiança para quem vai passar em cima deles. Parece que estão tortos”, disse. O elevado no sentido Pedro Ludovico–Centro já poderia ter sido liberado, porque já está pronto, segundo a empresa responsável. A reportagem observou, ontem, que as sinalizações horizontal e vertical já estão prontas, inclusive.
Levantamento feito pela reportagem com base nas informações repassadas pela Prefeitura ao POPULAR desde o início das obras, no dia 11 de março de 2013, aponta pelo menos sete atrasos. Primeiro deveria ter ficado pronta no dia 24 de outubro, aniversário da cidade. Nas vésperas do feriado, a Prefeitura informou uma nova data: novembro. Depois, sempre adiando um mês. Em fevereiro, informou que a entrega seria em maio. Agora, afirma que a obra será entregue até julho.
Um dos elevados já poderia ser liberado
O elevado no sentido Setor Pedro Ludovico/Centro já está pronto e poderia ter veículos trafegando, segundo a empresa GAE Construção, responsável pela obra. Ontem, a Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou que a liberação está em análise e pode ser concretizada em breve. Por meio de nota, a Semob negou que a obra esteja paralisada, mas que a “rotina de trabalho” foi reduzida por “problemas técnicos e administrativos”, sem especificar quais. “A Semob informa que há homens trabalhando e a previsão de conclusão ficou para até o mês de Julho deste ano”, conclui a nota.
Questionada sobre a dívida e as alegações da empresa, a assessoria do órgão informou que a nota seria a única manifestação da pasta.
A empresa diz esperar uma negociação com a Prefeitura para pagamento e reinício das obras do elevado no sentido Centro/Pedro Ludovico. Do jeito que está hoje, dá para ficar 3 meses parado sem que sejam necessárias mais despesas com recuperação da obra.
Um dos sócios da GAE Construtora é também sócio da Tecpav, empresa proprietária da Metropolitana Serviços Ambientais, responsável pela locação de 28 caminhões compactadores de lixo. A Metropolitana chegou a paralisar a locação por duas vezes neste ano por causa de atraso nos pagamentos na ordem de R$ 4,5 milhões e só retomou as atividades após a Prefeitura pressionar em relação a outros contratos públicos do grupo, conforme O POPULAR apurou.
Fonte: Jornal O Popular