Goiânia: Bairros na capital ainda sonham com asfalto

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Onde não tem pavimento, os moradores da região aproveitam para jogar lixo e entulho

O tempo chuvoso passou e o clima seco já demonstra que veio para ficar. Com ele, muita poeira. Para quem mora em bairros sem asfalto, o sonho do benefício renasce. No ano passado, a Prefeitura divulgou que 31 bairros ainda aguardavam a pavimentação. A Secretaria Municipal de Obras (Semob) não atualizou a lista, mas informou que uma nova reunião sobre esse assunto será realizada no dia 15 de maio e um novo cronograma será traçado. Até que as máquinas retomem os trabalhos, a expectativa continua grande, principalmente na periferia da capital.

No Residencial das Acácias, a dona de casa Zilda Gomes da Silva, 51, sonha com o asfalto na sua porta. Ela mora na Rua Maria Benedita e a principal reclamação é porque o asfalto parou a menos de 50 metros da porta de sua casa. “Tem dez anos que moro aqui. Dezenas de políticos já vieram com promessas, mas o asfalto, que é bom, nunca veio”. Ela acrescenta que técnicos da Prefeitura já estiveram no endereço quatro vezes, fazendo medições e cálculos, “mas nunca voltaram”.

Na mesma rua, o costureiro Eder de Paula, 27, mora com a mulher e o filho, de 4 anos. Ele comprou o lote há três anos e começou a construção. “Falei com técnicos que asfaltavam o bairro vizinho e eles me garantiram que o Residencial das Acácias estava no cronograma. As máquinas operaram aqui do lado e não chegaram na nossa rua. É um desrespeito, já que o meu IPTU chega todos os anos sem falta e ali, a menos de cem metros, tem asfalto”.

A Rua Maria Benedita tem asfalto apenas em um trecho. Onde não tem pavimento, os moradores da região aproveitam para jogar lixo e entulho. Seguindo nessa via, ela deveria chegar em uma outra avenida, mas não é possível porque o mato já tomou conta do local, que também conta com dezenas de sacolas de lixo, pedaços de móveis e restos de animais. A rua tem identificação no poste, mas não serve para nada, já que ninguém pode passar por ali. “E, para piorar, é perigoso. Precisamos de asfalto e cuidado nessa rua. Pagamos nossos impostos e merecemos o benefício.”

No Residencial Paulo Pacheco, nenhuma rua recebeu pavimento até agora. O bairro já existe há mais de dez anos e as promessas são constantes, segundo moradores da região. Letícia Souza de Carvalho, 29, mora na Rua 13 há oito anos. “Desde sempre, ouço falar que o asfalto vem, principalmente em época de campanha. Até agora não tenho expectativa e nem acredito mais em promessas. Só vou acreditar quando tudo estiver asfaltado. Estamos cansados de tanta promessa”, critica.

O aposentado Moacir de Paula, 70, também mora no bairro. Ele reclama principalmente dos buracos. “Quando é chuva, tem muita lama. Quando é seco, poeira. Nem velho, nem criança não aguenta. Parece que esses políticos não se importam com a gente”. Para o aposentado, o pagamento do IPTU justificaria o asfalto na região. “Muitos bairros precisam e sei que eles prometem de um tudo. Mas eles têm de ver que as famílias que moram aqui merecem respeito. Queremos não só o asfalto, mas esse seria um bom começo.”

Clima

A previsão do tempo é de redução da temperatura para todo o Estado. A média da temperatura mínima deve ficar em torno dos 15ºC e a máxima, por volta dos 29ºC nas próximas semanas. E o médico Alexandre Cercal, otorrinolaringologista, especialista em ouvido, nariz e garganta, lembra que as doenças respiratórias devem passar a fazer parte do dia a dia da população. O inverno só começa em 21 de junho, mas a queda da umidade e as mudanças bruscas de temperatura já são suficientes para aparecerem os primeiros sintomas.

O médico é membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e destaca que pessoas que têm problemas respiratórios podem ter o quadro agravado quando não há o asfalto.

Ele defende que esse é um dos benefícios básicos para garantia da saúde da população. Com investimentos nesse setor, menos gastos o próprio Estado tem com despesas de saúde.

Segundo ele, as baixas temperaturas e as chegadas das massas de ar frio propiciam a congestão do nariz, dos seios da face e dos ouvidos, e podem gerar sintomas típicos dos resfriados, como obstrução nasal, dor na face, coriza e espirros.

Outro fator comum nesta época é a presença da neblina e da inversão térmica, responsáveis por um maior acúmulo de poluentes na atmosfera, o que faz com que a qualidade do ar que a população respire fique pior. A situação fica ainda mais grave com a poeira das ruas sem asfalto.

Fonte: Jornal O Hoje