Setor Pedro Ludovico: Projeto foca na Avenida Circular

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Estudos sobre revitalização do setor aponta região como a mais importante da região do Jardim Botânico

A Avenida Circular, no Setor Pedro Ludovico, será valorizada e ganhará novas opções culturais em sua área sul a depender do projeto da Operação Urbana Consorciada (OUC) Jardim Botânico. A região foi diagnosticada como a mais importante da área de 6,12 milhões de metros quadrados do projeto, por se tratar do centro de mobilidade, em função do Terminal Isidória e das quatro avenidas radiais, e ainda centro comercial. O resultado foi obtido com a finalização da etapa de diagnóstico da OUC Jardim Botânico, que ocorreu em três meses, desde fevereiro.

Segundo o coordenador da Unidade de Coordenação da Execução de Projetos de Intervenções Urbanas (Uepiu), Ronaldo Vieira, o diagnóstico pode perceber o potencial de cada um dos cinco bairros da região, seus problemas e necessidades (ver mapa). Em relação à Avenida Circular, Vieira explica que todos os eixos de transporte coletivo da região passa por ali, sendo o destino da maior parte da população. Além disso, as cinco quadras que compõem a avenida, em frente ao Terminal Isidória, possui intenso comércio, capaz de abastecer toda a região da OUC.

“No projeto original do Setor Pedro Ludovico, cada quadra daquelas era pra ser igual e haveria a construção de um cinema em cada área, por exemplo”, afirma Vieira. No entanto, a parte oeste se desenvolveu muito comercialmente e a leste bem menos. Nas quadras mais ao oeste, é difícil encontrar estacionamento ao longo da via, enquanto as vagas sobram do lado contrário. Isso se dá, historicamente, pelo desenvolvimento da cidade para aquele sentido, com o prolongamento da Avenida T-63, por exemplo, enquanto o outro lado, da Avenida Segunda Radial, é mais próximo ao Parque Jardim Botânico.

No início do diagnóstico feito pela equipe da Uepiu, ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Semdus), o principal foco do grupo era o próprio Parque Jardim Botânico. Com as pesquisas em campo, os técnicos perceberam que a valorização do parque se daria com a melhoria do centro urbano, facilitando a mobilidade e estabelecendo o Jardim Botânico como o centro de lazer e ambiental da OUC e não a referência urbana da região. “O parque continua tendo toda a sua importância ambiental e a referência na área, mas a região da Avenida Circular é o pólo de mobilidade, é para lá que as pessoas se locomovem”, diz.

No diagnóstico, os técnicos obtiveram que, da área total, 58,89% já é privatizada ou parcelada, 32,86% é das vias e apenas 3,45% são aparelhos institucionais dos governos, o que demonstra a falta do Poder Público na região. Dos cinco bairros, três não tem qualquer aparelho de saúde ou educação pública. No Setor Pedro Ludovico, o maior da região, há apenas 11 escolas entre públicas e privadas, sendo que aquelas de ensino fundamental tendem a ser fechadas. O relatório afirma que a população da região é, em sua maioria, da terceira idade e esta média tende a crescer, o que reforça a necessidade de mobilidade e aparelhamento público, com áreas de lazer.

DISCUSSÃO

Todo o resultado desta etapa do projeto começará a ser divulgado amanhã, em um seminário no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), com representantes de entidades como o Ministério Público do Estado de Goiás, Câmara Municipal e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). O projeto da OUC, agora, se encaminha para a parte final, em que as propostas de intervenções urbanas serão discutidas com as entidades, o que é estimado para ocorrer em pelo menos 30 dias.

Representante do Instituto Cidades, entidade ligada à Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e que firmou parceria com a Prefeitura de Goiânia para o projeto da OUC Jardim Botânico, Marcel Canedo explica que uma série de conselhos ambientais, universidades, associações de bairros, associações comerciais e outras entidades foram convidadas para a discussão. “Agora chegou a hora da gente mostrar o que foi percebido no diagnóstico e as nossas ideias de intervenções para a área, para que possamos receber novas ideias e críticas, especialmente da população.”

O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Teixeira, o Xibiu, que também faz parte da equipe que trabalha no projeto, reforça que é a população do local quem vai definir o que será feito na região. “A sociedade pensante não pode decidir o que a população que está lá vai ter para viver. Quem está lá é que deve dizer o que precisa.” Esta etapa do trabalho vai gerar um projeto pré-definido que se tornará o projeto de lei a ser encaminhado na Câmara. Pelo menos três audiências públicas devem ocorrer até o início do processo de votação entre os vereadores.

Outras mudanças na região aumentam dificuldades

Os técnicos responsáveis pelo estudo da Operação Urbana Consorciada (OUC) Jardim Botânico afirmam que o projeto tem maior dificuldade pelo encontro de outros projetos já definidos para a região, como a instalação do corredor exclusivo do transporte coletivo para o BRT (da sigla em inglês, Bus Rapid Transit) e a transformação da BR-153 em avenida municipal. A rodovia, em cinco anos, será levada para outra área, com anel viário, e a atual via passará a ser uma avenida entre Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Como o projeto da OUC ainda está tomando forma e os demais já estão definidos, o desafio é fazer com que eles tenham conexões e possam se complementar. A maior dificuldade é estabelecer padrões urbanísticos equivalentes, que não sejam destoantes entre si. Para isso, os técnicos diagnosticaram diversos problemas na região, como a insegurança, a mobilidade (muitas ruas não possuem espaço para o trânsito), a condição de drenagem e, especialmente, a expansão da área construída sendo esta a quase a mesma que a do lote.

Nestes casos, as residências ficam com seus muros e portões praticamente na rua, dificultando a locomoção dos pedestres e mesmo dos veículos automotores. “Vamos reafirmar as diretrizes do Plano Diretor no projeto, com as ciclovias nas avenidas radiais, calçadas sustentáveis, iluminação para pedestres e valorização dos eixos viários, esse é o nosso projeto para a região do Jardim Botânico”, diz o coordenador do projeto, Ronaldo Vieira.

Fonte: Jornal o Popular