Ferrovia Norte-Sul, enfim, é uma realidade
Trecho de 855 km, entre Anápolis e Palmas, foi inaugurado ontem, no segundo dia seguido de visita da presidente a Goiás
Após 27 anos do início da execução do projeto e com duas horas de atraso para a realização da cerimônia, o trecho da ferrovia Norte-Sul, que liga Anápolis (GO) e Palmas (TO), foi inaugurado pela presidente Dilma Rouseff (PT) e o governador Marconi Perillo, no segundo dia seguido em que ela visitou Goiás.
O evento foi pautado por manifestações políticas e discursos dos representantes, que ressaltaram a diplomacia e o republicanismo entre as esferas de poder. Na cota dos trabalhadores da obra, que formaram a plateia em questão, ficaram as vaias contra o governador Marconi Perillo (PSDB).
As manifestações já eram esperadas. Antes mesmo da chegada da presidente, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Anápolis fecharam uma das vias de entrada ao Daia em protesto contra a morosidade na construção do viaduto da BR-060. Eles caminharam até a entrada do Porto Seco e recuaram.
Dilma chegou dentro do horário. Ela veio de helicóptero, acompanhada pelo ministro César Borges. Logo após a aterrissagem, a petista se uniu ao governador Marconi Perillo e sua comitiva para percorrer de trem um trecho da ferrovia e vistoriar o túnel que atravessa a 060.
A vistoria durou quase duas horas, até a chegada da presidente no auditório improvisado no pátio do Porto Seco. Ela foi recebida pelo pré-candidato a governador pelo PT e ex-prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, e o atual prefeito, João Gomes (PT), além dos deputados estaduais Karlos Cabral e Mauro Rubem (ambos PT), e os federais Rubens Otoni (PT) e Magda Moffato (PP). A senadora Lúcia Vânia (PSDB) também estava presente.
Quem abriu os discursos da inauguração foi o prefeito de Anápolis, João Gomes. O petista começou agradecendo a atenção que a presidente deu ao Estado em seu mandato e resumiu a Norte-Sul como o caminho para o progresso de Goiás. “Além de tudo, é uma resposta aos pessimistas que acreditaram que esta ferrovia nunca sairia. Hoje, ela é nossa realidade”, disse.
O ministro dos Transportes sucedeu João Gomes e acrescentou aos investimentos da União em Goiás o pacote de obras para duplicação de rodovias e construção de viadutos.
Vaias ao governador
Marconi foi o penúltimo a falar. Recebido com vaias pelos manifestantes, o governador demonstrou grande desconforto com a rejeição e pediu que os protestos parassem. Em todo seu discurso, focou nos agradecimentos à presidente Dilma pelos investimentos no Estado.
“A senhora nos permitiu ir além do pagamento de dívidas. Nós avançamos, investimos em Goiás. E sou imensamente agradecido pelo fato de a senhora ter possibilitado que caminhássemos para a frente”, destacou o tucano.
O governador disse à presidente que considera a Ferrovia Norte-Sul a mais importante obra da história de Goiás, comparando a obra a outros dois fatos históricos de grande relevância: a fundação de Goiânia e a de Brasília. Para ele, a ferrovia será o marco do modelo ferroviário de todo o País.
A presidente fechou a solenidade. Retribuiu os agradecimentos do governador e disse que Marconi e Goiás são provas de que a política brasileira está amadurecendo. “Estamos trabalhando em prol do povo, do cidadão. Isso é republicanismo. Parcerias independentes de partidos, religião ou opção futebolística”, afirmou.
Em agosto, trecho goiano começa a operar
Apesar da inauguração da manhã de ontem, o trecho da ferrovia entre Goiás e Palmas só entrará em funcionamento em agosto deste ano. A informação é do diretor de operações da Valec, José de Lima, que acrescentou que o fluxo inicial para o trecho é de transporte de aproximadamente 4 mil toneladas de minério de ferro.
Em outubro, deve começar o transporte de farelo de soja da safra deste ano, do pátio de Anápolis até o porto de Itaqui (MA). “Para a safra de 2015, poderemos transportar para o porto maranhense mais de 1 milhão de toneladas de grãos. É uma revolução em nosso escoamento”, finalizou o diretor.
O trecho da Norte-Sul inaugurado ontem, com 855 quilômetros, liga Anápolis (GO) a Palmas (TO), cortando 34 municípios, dez no Tocantins e 24 em Goiás. A obra, de responsabilidade da estatal federal Valec, custou R$ 4,2 bilhões aos cofres do governo federal, recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O trecho de Anápolis a Palmas se interliga com o segmento de Palmas a Açailândia (MA), com 719 quilômetros, que está em operação desde 2007. No total, são 1.574 quilômetros de linha férrea desde o Maranhão até Goiás.
Fonte: Jornal O Hoje