Municípios preferem parceria com Saneago

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Presidente da Saneago prepara empresa para diversificar serviços.

Em um cenário de paz e trabalhando em prol do resultado, as municipalizações dos sistemas de água e esgoto em Goiás deixaram de ser tendência. Atualmente, segunda o presidente da Saneago, Nilson Freire, as cidades pretendem se aproximar da estatal, que possui maior capacidade técnica e de captação de recursos, para solucionar os problemas de esgoto – a estimativa é que, em cinco anos, 80% dos goianos tenham rede, valor atual é 41% – e que a água tratada chegue a toda a população – percentual de hoje é 91,5%.

Em visita ao jornal O HOJE, o presidente Nilson Freire e o diretor de operações, Olegário Martins, reafirmaram que a Saneago está a postos para realizar parcerias com as cidades goianas. Nilson ainda anunciou que a primeira grande obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Goiás, o Sistema Vila Adélia, deve resolver o problema de abastecimento em Aparecida de Goiânia, levando água tratada a 80% da população.

Como está a relação da Saneago com os municípios que preferem ter o próprio serviço de abastecimento de água?
Nilson Freire – No momento, o que temos é uma situação reversa: os municípios querendo voltar para a Saneago. Por exemplo, Caldas Novas, Rio Quente, Mineiros, Trindade. Parte do serviço é municipal, hoje. Em Caldas Novas tem uma demanda judicial, municipalizou, mas não ressarciu. Há uma demanda de mais de R$ 70 milhões. Lá, se tentou arrumar parceiro privado, mas não conseguiu. Estão analisando se a mão de obra de lá iria voltar a trabalhar com a Saneago.

Mas eles estão voltando tranquilos e satisfeitos?
Eles perceberam que não é negócio. A vantagem da Saneago é justamente essa: captação de recursos. Hoje, há 21 municípios que não trabalham com a Saneago, nós estamos com 225. São aqueles de porte médio, como Catalão, Senador Canedo, Caldas Novas, Mineiros e os pequenos municípios.

Em Senador Canedo, o pessoal está satisfeito com a municipalização. Lá não há pelo menos o interesse de devolver o tratamento de água?
A questão da volta para a Saneago é pela capacidade de investimento. Para esses municípios atingirem a expansão agora, eles tiveram de buscar uma parceria privada também. Lá não tem 100% de esgotamento sanitário, há dificuldade de água. Em um tempo não muito longo, ele vai necessitar da água, como aqui em Goiânia e em Aparecida.

Olegário Martins - E lá tem manancial. Mas nós vamos ter uma água tratada do Ribeirão João Leite que pode abastecer toda a Região Metropolitana de Goiânia e equilibrar o nosso sistema aqui. Vamos ter à disposição uma água já tratada e reservada, pronta para ser distribuída. Eu penso que a nossa água deve ser mais barata para eles, porque ela já vai estar tratada e em uma localidade bem apropriada para isto. Isso é uma questão de bom senso. Penso que o bom senso é utilizar a água já produzida. A água do João Leite e mais do Rio Meia Ponte vai resolver toda questão, até a estabilização do crescimento de Goiânia até 2 040.

A Saneago trabalha com um cronograma de investimentos anual, por exemplo, quantos bilhões investidos neste ano?
Nilson - Estamos trabalhando com os próximos cinco anos R$ 1 bilhão por ano. Hoje a empresa tem capacidade de contrair empréstimos com o BNDES, e vamos buscar nesses outros quatro anos, com essas parcerias – uma já bastante encaminhada, com a licitação praticamente.

O senhor tem tido domínio dessa questão política, em relação a partidos da oposição?
Não, o relacionamento está tranquilo, estamos investindo, trabalhando juntos, em parceria.

Os municípios não têm capacidade financeira para desenvolver projetos?
Não. Só que eles também cobram, fizeram um plano de saneamento, de investimento e querem que ele se concretize. Por exemplo, querem que Aparecida saia de 20 para 80% o padrão de esgotamento, em cinco anos. Se a Saneago não conseguir, o município que a concessão, porque não dá para esperar mais. No entanto, como o município está vendo que tem o encaminhamento, eles buscam a parceria.

Como está a situação dos cinco municípios em que iriam ser privatizados os serviços, como Aparecida, Anápolis?
São essas subconcessões. Só Anápolis que não evoluiu, porque lá eles estão comprando saneamento e não fechou com a gente. O prefeito (Antônio Gomide, PT) preferiu esperar. Lá nós estimamos que falte, para universalizar o esquema de orçamento sanitário, de R$ 120 a 200 milhões. Quais recursos eles têm hoje pelo PAC? R$ 17 milhões. Nós, com recursos próprios, estamos investindo na água R$ 120 milhões e estamos cumprindo. No ano passado teve mais de R$ 30 milhões em investimentos, mais em esgotamento sanitário. Se não buscar uma parceria, não consegue. Não adianta nada se é do PT. Vai chegar lá, mesmo com pr ojeto, e não vai conseguir R$ 150 milhões só para Anápolis.

Qual é a diferença entre subconcessão e privatização?
Privatização a gente teria se passar a empresa ou parte dela para a iniciativa privada, como ocorreu no Tocantins. Lá passou o saneamento, antes era da Enza e hoje é outro grupo. Privatizou tudo.

E funciona bem? Vocês conhecem o sistema de privatização deles?
Olegário – O que eles têm lá é o que Goiás tem. Eu participei do inicio da implantação do sistema de água e esgoto, depois da separação do Estado. O que acontece nesse tipo de privatização é que o governo federal não põe dinheiro, então não resolve, porque prioriza o retorno. Nós estamos atendendo a cidade no que diz respeito à água e esgoto, a comunidade. É bom deixar claro que a subconcessão é para o sistema de esgoto, onde nós estamos um pouco atrasados, é onde precisa maior intervenção.

Qual é o índice hoje para universalizar o esgoto?
Temos 41% das cidades. Aparecida tem 20%, por exemplo, mas Goiânia tem 77% e vai chegar a 80% em cinco anos. Aparecida vai sair de 20% para 80%. Goiânia, em três anos, vai sair de 77% para 95%.

Qual a receita da Saneago para responder a essas obras? Como é esse percentual? Existe superávit?
Nós temos 14% de superávit. Nosso custeio é de 70%, então, para gente alterar o sistema do que a gente arrecada de 60%, 16% são pagamentos de dividas.

Qual o faturamento previsto?
O faturamento é de R$ 1 bilhão. Do ano passado para este ano, de R$ 1,06 bilhão. Neste ano vamos chegar a R$ 1,2 bilhão.

Parece um BNDES em termos financeiros?
Não. O que é importante é deixar claro que, com recursos próprios, nós fazemos obras, mas temos recurso do BNDES, do FGTS, dos PACs 1 e 2. É esse o diferencial.

Olegário – Ele vai pegar água do Rio Meia Ponte e jogar 600 litros por segundo na região norte de Aparecida, chegando a Goiânia. É a região do Setor Garavelo. Nós vamos passar de 600 para 1.000 litros por segundo e isso vai atender mais de 150 mil pessoas, além de estabilizar o sistema de água. Passaremos o abastecimento de Aparecida de Goiânia de 60% para 75%.

Nilson – A água que Aparecida consegue é de 300 litros por segundo com o manancial que ela tem. Só com esse sistema estamos mandando os mesmo 300 que ela produz. Houve investimento do PAC que implicou na substituição do Buster que nos tínhamos para outro maior. Hoje estamos com os dois e isso significa segurança, qualidade e a questão da reserva, lá do Jardim Atlântico. Duplicamos o reservatório, quer dizer que em Aparecida nós já temos 150 km de rede. Vários bairros lá de Aparecida de Goiânia vão ser atendidos, temos dois reservatórios com 5 milhões de litros, são obras que estão em fase final.

Fonte: Jornal O Hoje