Aparecida de Goiânia: Metade dos lotes está vazia
Na rua onde mora o pedreiro Divino Franquilino Ribeiro, de 55 anos, no Setor Pontal Sul, em Aparecida de Goiânia, lotes permanecem vazios há pelo menos 14 anos. Somente em frente à residência onde ele mora, sete terrenos, que margeiam quase todo o quarteirão, se encaixam nessa situação. O problema, segundo o morador, é que os proprietários não cuidam desses imóveis e, em consequência do descaso, a região mais parece um matagal do que um bairro residencial.
O mesmo cenário, que também contempla muita sujeira, pode ser visto na maior parte dos bairros de Aparecida de Goiânia. Dados da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, colhidos por meio do Imposto Territorial Urbano (ITU), dos 239.094 mil imóveis da cidade, 105.173 mil são lotes vazios. E basta uma vista aos locais para perceber que a maior parte deles está em situação de abandono e descuido.
Nem mesmo os setores considerados mais desenvolvidos escapam do descaso dos proprietários de imóveis. No Jardim Luz, por exemplo, onde há lotes à venda por mais de R$ 300 mil, a imagem de terrenos ocupados por vegetação alta e lixo disputa com imóveis de bom valor. Em um deles, na Avenida Maria Cardoso, em meio ao mato, encontram-se entulhos de construção e todo tipo de lixo – pedaços de móveis velhos, peças de carros, colchão, entre outros.
No setor Buriti Sereno 3, a situação parece ainda mais grave. A grande quantidade de lotes vazios, que estão totalmente cobertos pelo mato, causa confusão para quem chega ao local. Dificilmente consegue-se distinguir o que é rua do que é lote. Além da vegetação, a quantidade de lixo impressiona. Já na entrada do local, a recepção é feita por um bando de urubus, que rodeiam ossos de animais e restos de alimentos, que são jogados nos lotes.
Responsabilidade
Por meio da assessoria de comunicação da prefeitura, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goiânia informa que quase 100% dos imóveis vazios existentes na cidade é de proprietários particulares. Em nota, observa que esses proprietários têm a obrigação de manter esses locais limpos. Porém, esclarece que o serviço de roçagem, que até a administração anterior era executado em apenas um trimestre do ano, passou a ser realizado durante todo o ano.
No texto, o órgão afirma que foram adquiridos 20 tratores hidráulicos, que substituem o trabalho realizado anteriormente de forma braçal. Segundo a prefeitura, o primeiro ciclo de roçagem, que iniciou em fevereiro, deve ser concluído até maio – sendo que, até agora, 103 setores foram roçados. A prefeitura não disponibilizou ninguém para prestar esclarecimentos sobre o problema.
Providências
No bairro onde mora a comerciante Cecília dos Santos, 51, no Setor Araguaia, o trabalho feito pela prefeitura não tem chegado, segundo diz a própria moradora. Na rua da sua casa (Rua 6), parte dos lotes vazios está totalmente abandonada. Um deles, que fica em frente ao bar de propriedade dela, não é cuidado pelo dono há 20 anos. “Nem sabemos de quem é”, conta a comerciante, que está com dengue e atribui ter adquirido a doença à sujeira acumulada nos lotes. Nesse período, relata Cecília, a limpeza tem sido feita por ela, que paga pelos serviços periodicamente. “Se não fizer assim, nós (a família) que somos prejudicados, já que o lote está em frente a nossa casa”, salienta.
No setor Pontal Sul, Divino Franquilino também prefere fazer a limpeza a esperar providências dos proprietários dos terrenos. Mas, ao contrário de Cecília, ele mesmo, com o auxílio de uma enxada faz o trabalho de roçagem de parte dos lotes. “Pelo menos os próximos de casa, para dar uma clareada”, diz.
Fonte: Jornal O Hoje