Cadê a internet sem fio gratuita que Iris prometeu para Goiânia?

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No primeiro mandato de Iris Rezende na Prefeitura, um dos projetos anunciados com estardalhaço foi a implantação de uma rede de internet sem fio e de graça em Goiânia. Uma idéia revolucionária, sem dúvidas, que seria tocada pela Comdata, a empresa municipal de informática. Até mesmo um nome pomposo foi arranjado e a coisa se chamaria Gestão Moderna de Serviços Disponibilizados para a População, cujo objetivo seria “permitir que a pessoa que estiver em casa ou em uma empresa possa acessar essa internet por meio de simples antena, levando o sinal sem a necessidade de nenhum fio para conectá-la ao computador.”

Cidades como Porto Alegre e grande parte do Rio de Janeiro já dispõem há tempos de internet sem fio e de graça para a população. Nada impediria, portanto, que Goiânia, pelo seu tamanho relativamente menor que essas grandes metrópoles, oferecesse aos seus habitantes a possibilidade de acesso gratuito à web, via wireless. Parecia algo muito simples e fácil. Mas nada aconteceu. Iris não implantou a internet sem fio. Na campanha da reeleição, em 2008, o programa de televisão do prefeito do PMDB voltou novamente a prometer acesso gratuito à web, de qualquer ponto da cidade. Iris ganhou a eleição e simplesmente nunca mais tocou no assunto.

Internet sem fio e gratuita em toda uma cidade é um projeto que demanda poucos recursos e não enfrenta mais nenhuma dificuldade técnica para ser implantado. Existe até um programa do governo federal que disponibiliza verbas para as prefeituras interessadas, a título de fundo perdido. Há também um decreto federal, que determina que até dezembro de 2010 todos os 5.565 municípios brasileiros deverão estar interligados via banda larga, que seria redistribuída para os cidadãos na medida do interesse e da ação de cada prefeitura.

O projeto que Iris não tocou para diante previa acesso à internet sem fio (wireless) em locais públicos, através do endereço eletrônico da Prefeitura de Goiânia. Cerca de 400 pontos fariam a interligação entre as escolas públicas municipais, Cais e postos de saúde e pontos públicos, como, por exemplo, os parques, praças e demais órgãos do governo municipal. A nossa capital seria transformada de fato em uma cidade digital e não de mentira, como foi o caso da propagandeada e fracassada Estação Digital, que um secretário de Iris, Joelzinho Santanna Braga, hoje secretário de Ciência & Tecnologia do Estado, chegou até mesmo a inaugurar na antiga estação ferroviária do Centro de Goiânia – e que nunca funcionou de verdade.

Além de não ter dado um passo para transformar em realidade a internet sem fio de graça para os goianienses, Iris foi mais longe e demitiu o secretário de Governo de Prefeitura, Flávio Peixoto, um dos defensores do projeto. Flávio queria gastar R$ 600 mil reais para interligar on-line as estruturas tributárias, financeiras e administrativas da cidade, garantindo melhor atendimento para a população. Iris achou que os recursos seriam melhor aplicados na pavimentação de mais alguns metros de ruas, Flávio insistiu, os dois bateram boca e, é claro, a corda rompeu do lado mais fraco, com o a esta altura já ex-secretário remetido de volta aos seus negócios particulares.

Benitez Calil, que dirigia a Comdata, também foi mandado para casa por conta da insistência com que cobrava de Iris os recursos necessários para a internet sem fio e gratuita em Goiânia. Hoje, Benitez apoia a provável candidatura do senador Marconi Perillo ao governo do Estado, convencido de que o futuro de Goiás passa pela absorção de todas as ferramentas da moderna tecnologia da informação – o que, se Iris for o governador, jamais entrará sequer em cogitação.

Possivelmente, o prefeito pensa que a internet é um mecanismo para a diversão dos jovens. Na verdade, é sim, o que não é nenhum mal, mas vai muito além disso. O acesso sem fio e gratuito à web, em última análise, teria o condão de pré-qualificar a juventude ao mercado de trabalho e de elevar a sua produtividade nos estudos. Em poucos anos, teríamos em Goiânia uma geração de gênios.

Tudo isso já foi contado em inúmeras reportagens de jornais. Fiz apenas uma síntese. Mas, também, quem imaginaria que Iris, logo Iris, poderia ser o prefeito que converteria Goiânia em uma cidade digital?

Ninguém. Iris não tem e-mail nem sabe exatamente como operar um computador. Implantar internet sem fio e de graça em Goiânia seria esperar demais de um político do tempo passado.


Luiz Faleiro é gestor municipal, graduado em Administração, com MBA em Marketing pela Uni-Anhanguera

Fonte: Diário da Manhã

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Anônimo
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2 de janeiro de 2010 às 13:42 delete

a internet sem fio representa a democratização da informação, o que é algo impensável para o pecuarista iris rezende.

a melhor coisa é esperar que esta gestão passe logo. foi muito bom ter um prefeito interessado em infra estrutura, agora a hora é outra.

é preciso alguém que faça o balanço e insira Goiás no polo digital do Brasil

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Bullukka
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13 de janeiro de 2010 às 13:43 delete

É uma vergonha para o próprio prefeito mesmo e principalmente para a cidade. Goiânia a muito tempo, tenta se incluir nas cidades de maiores destaques internacionais. Tentamos até trazer a copa do mundo. Mas sem nem mesmo serviços que países e cidades mais desenvolvidas tem, fazer o que não é? Tem jeito não. Acorda Goiânia.

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