Portas reabertas - Centro Cultural Marieta Telles Machado

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Após reformas, Centro Cultural Marieta Telles Machado é reinaugurado com melhor infraestrutura e acervos modernizados


O Centro Cultural Marieta Telles Machado reabre as portas hoje, às 20h, e inaugura três novos ambientes culturais – Sala de Eventos, Sala Multimeios e Biblioteca Temática. Na ocasião, apresenta também a digitalização de parte do acervo fonográfico e videográfico do Museu de Imagem e Som de Goiás (MIS-GO). Em noite de reinauguração, o espaço volta à ativa com cara nova e amplia a capacidade de atender pesquisadores, estudantes, cinéfilos, artistas e a população goiana com maior conforto, melhor infraestrutura e um rico conjunto de títulos, que foram digitalizados e estarão disponíveis para consulta pública no Centro e também no site do museu.

Na cerimônia de hoje, músicos, professores de universidades e pioneiros da Rádio e TV Brasil Central estarão presentes. Na ocasião, a presidente da Agepel, Linda Monteira, fará o descerramento de placas em homenagem à escritora goiana Marieta Telles (que dá nome ao prédio), ao cineasta Eduardo Benfica (que dará nome à sala de projeção do Cine Cultura), ao cartunista Jorge Braga (pela Gibiteca Jorge Braga) e ao poeta Pio Vargas (que dá nome à biblioteca).
Situado na Praça Cívica, o prédio criado em 1933 passou pela segunda reforma desde a fundação – obra executada com verbas do Tesouro Estadual em R$ 897 mil. Com o passar dos anos, esse patrimônio histórico teve as atividades prejudicadas e restringidas devido à carência de reestruturação no sistema elétrico, hidráulico, falta de mobiliários, construção de outros recintos e atualização de equipamentos. Agora, com a reforma, o público conta com a moderna e ampla Biblioteca Estadual Pio Vargas, uma Gibiteca repaginada, com novas ilustrações produzidas pelo cartunista Jorge Braga e a Biblioteca Braile.

“Os jovens, especialmente, terão a oportunidade de ter acesso a obras muito importantes, muito bem catalogadas. A reinauguração do Marieta Telles é importante porque, às vezes, pensa-se que não faz parte da gestão da cultura cuidar do patrimônio. Este cuidado é fundamental, porque se você não tem um patrimônio preservado, as pessoas não têm espaço para ter contato com a cultura”, destaca a presidente da Agepel, Linda Monteiro.

Revitalizado e Moderno
Mais amplo, o Centro Cultural estende as atividades artísticas por meio da Sala de Eventos, salão destinado para exposições temporárias de artes, fotos e demais acervos do complexo. Além disso, inova com a Sala Multimeios e a Biblioteca Temática, que compõem os espaços destinados ao trabalho do Museu de Imagem e Som, que foi criado em 1988, fechado, e posteriormente reaberto em 2000. Dentre as várias inaugurações do espaço que compõe o patrimônio material do Centro Cultural, o MIS torna público o resultado do projeto de digitalização dos acervos do museu, ação patrocinada pela Petrobras, por meio da Lei Rouanet. “A grande preocupação foi a preservação de títulos que integram o conjunto de vídeos e LPs doados pela TV Brasil Central e Rádio Brasil Central”, explica a especialista em museologia e diretora de Patrimônio da Agepel, Tânia Mendonça.

Nessa primeira etapa, o MIS digitalizou 5 mil itens – sendo 3.600 discos e 1.400 fitas U-Matic – cerca de 10% do acervo fonográfico e videográfico composto por 34 mil discos de 78 rotações, compactos e long-plays doados em 2005. “A preservação e disponibilização do acervo fonográfico e videográfico do Museo de Imagem e do Som de Goiás são fundamentais. Para se ter uma ideia, todo esse material estava se perdendo, pois não estavam acondicionados da maneira correta nem higienizados. Os títulos possuem temas riquíssimos”, destaca Tânia Mendonça.

O projeto de digitalização permitiu a confecção do catálogo fonográfico (344 páginas) e videográfico (124 páginas) do Volume n° 1, que disponibiliza informações sobre todo o material de áudio e vídeo que estará disponível para consulta de estudantes e pesquisadores no MIS. “Além disso, quatro mil catálogos serão reproduzidos e distribuídos para escolas, principalmente estaduais e bibliotecas”, afirma Tânia Mendonça. O MIS também moderniza suas ações. Sem sair de casa, especialistas e estudiosos podem acessar o banco de dados do museu por meio do portal (www.mis.go.gov.br).

No site, é possível encontrar obras de músicos regionais e nacionais, além de vídeos, documentários, entrevistas e produções feitas pelos dois veículos de comunicação (Rádio e TV) do governo do Estado. O que ainda é discutido, explica a diretora de Patrimônio da Agepel, é a maneira que os títulos serão disponibilizados. “Talvez, futuramente, pequenos trechos das obras possam ser escutados no meio virtual. Nada está certo ainda, pois nessa questão, pesa a preocupação com o direito autoral”, revela Tânia Mendonça. Assim, neste primeiro momento, o interessado pode consultar o banco de dados pelo site, encontrar a obra, porém, somente nas dependências do MIS é que se poderá ouvir o áudio ou assistir a um vídeo. Mas uma ressalva: o visitante não poderá tocar no disco ou nas fitas originais. O acesso será monitorado por técnicos fonográficos, videográficos e fotográficos. Na seção Depoimentos, o usuário do site poderá conferir a transcrição de falas de personalidades.

Na Sala Multimeios, três cabines equipadas com computadores com acesso à internet permitem à população buscar o título almejado no banco de dados informatizado. Um miniauditório com aparelhos de DVD e VHS torna possível desfrutar do material de pesquisa. “Ainda na sala, uma biblioteca temática estará disponível para consultas com seleções de principais títulos das áreas de Cinema, Fotografia, Vídeo, Museologia e Música”, diz Tânia Mendonça. O espaço Multimeios funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às12h e das 14h às 17h30.

Seleção bem catalogada
Toda a seleção desse vasto material contou com a curadoria da musicista e consultora do acervo fonográfico Maria Augusta Calado, que realizou uma análise dos títulos de áudio, separando toda a produção musical (título, autor, intérprete, estilo musical, data da produção) e categorizando-as em quatro grandes temas: Época de Ouro (1930-1940), que inclui músicas de Ciro Monteiro, Pixinguinha, Demônios da Garoa; Notáveis Cantores (1946-1958), que reúne Carmem Miranda, Dorival Caymmi, Maysa; A Bossa Nova e os Festivais ( a partir dos anos 60) e também Recortes de Cantores Goianos. “Este material traz as sonoridades, estilos, características de cada cantor, e possibilita uma infinidade de estudos de variados interesses”, destaca a musicista Maria Augusta Calado

Trabalho realizado pela jornalista Virgínia Daumas, o acervo videográfico foi dividido em cinco temas: Reportagem, Reportagem Especial, Depoimentos, Programas e Documentários – todas produções da TV Brasil Central realizadas até os anos de 1990. As fitas foram catalogadas e estão no formato DVD e DVDCam. “Acredito que o maior acervo sobre o césio 137 seja o da TV Brasil Central disponível aqui no MIS. Outros destaques são os depoimentos de Pedro Ludovico e Cora Coralina, material que interessa muito aos jornalistas, estudantes e agências de publicidade”, lembra Tânia Mendonça.

O MIS tem um trabalho de referência na preservação das produções audiovisuais. O órgão guarda 4.500 vídeos que foram exibidos em todas as edições do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). O museu, que finaliza hoje um ano de trabalho com a digitalização de 10% do acervo de Rádio e TV Brasil Central, iniciou tal processo ainda em 2006, quando ganhou o primeiro patrocínio da Petrobras. Nesse ano, a parceria com a Petrobras permitiu a recuperação, higienização dos títulos fonográfico e videográfico, além da compra dos armários que arquivam os acervos.

Outra parceria que beneficia o museu é o financiamento do BNDES, que possibilita a higienização e condicionamento de fotos e negativos que fazem parte do acervo fotográfico do MIS, ainda não disponível no lançamento do catálogo de hoje. “Essas parcerias nos deixam orgulhosos e demonstra exatamente o prestígio que o Museu da Imagem e do Som goza dentro dos organismos de dentro e fora do Brasil”, ressalta Linda Monteiro.

Mais doações
O jornalista e advogado Luiz de Carvalho, atualmente residindo em Palmas, confirmou a doação do seu acervo pessoal para o MIS. No total, são 200 fitas U-Matic e 100 fotografias (inclusos negativos) que registram a criação do Estado do Tocantins em 1989. Para ele, é importante manter na capital goiana o conteúdo sobre a criação do Estado tocantinense. Hoje, também durante a reinauguração, o cantor e violonista Cesinha Canedo doará cerca de três mil LPs, que compõem todo seu acervo particular, para o museu.

Diário da manhã