Goiás é 11º em exploração sexual
Média de atendimentos a crianças e adolescentes é de três a cada dia
Estado contabiliza 3,8 mil relatos pelo “Disque 100”, da Presidência
São 64 denúncias a cada 100 mil habitantes. No Distrito Federal são 103
Goiás ocupa a 11ª posição no ranking nacional de denúncias de abuso sexual de crianças e adolescentes. Entre maio de 2003 e julho deste ano, o Estado registrou mais de 3,8 mil atendimentos pelo Disque 100, serviço de enfrentamento da violência sexual de menores ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República. O Estado teve média de 64,84 denúncias a cada grupo de 100 mil habitantes, superior à média nacional, de 56,82.
A média de denúncias pelo Disque 100 em Goiás é de, aproximadamente, três por dia; 49 no Brasil. O Distrito Federal encabeça a lista, com média de 103,55 denúncias por 100 mil habitantes. São Paulo e Amapá foram os últimos colocados, com 34,35, e 28,09, nesta ordem.
Os números, embora reflitam o aumento da intolerância da população contra a violência sexual, não representam boa notícia. Estima-se que a cada caso denunciado, outros três permaneçam nas sombras. O medo do agressor e a vergonha da violação impedem as vítimas de delatar os algozes, que continuam agindo anônimos.
“Acreditamos que os casos que vêm à tona representam apenas 30% do que realmente acontece”, afirma o promotor Everaldo Sebastião de Sousa, coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Juventude do Ministério Público Estadual (MP). O órgão mapeou, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pontos prováveis de prostituição infanto-juvenil nas rodovias federais goianas. Ao todo, são 94 trechos (20 em Goiânia) com a presença de menores se prostituindo.
Este ano, a PRF já flagrou cerca de 40 situações de prostituição envolvendo menores. Pelo menos 80 crianças e adolescentes foram apreendidos, alguns ainda pré-adolescentes. Foi o que aconteceu em junho deste ano, em um posto de combustíveis às margens da BR-060, em Posselândia. Os policiais suspeitaram de uma menina de 11 anos, parada próxima a um caminhão. Ao verificarem, constataram que ela vigiava o local enquanto o irmão, de 13 anos, fazia um programa com o dono do veículo. Daniel Aparecido Abreu Rezende, 28, foi preso por estupro presumido e corrupção de menores.
Caminhoneiros
Nas estradas, os caminhoneiros são os maiores agressores dessas crianças, conforme explica o inspetor Newton de Morais, da PRF. Em contrapartida, são esses profissionais os responsáveis pela maioria das denúncias e têm contribuído para a realização de muitos flagrantes. “O caminhoneiro vê tudo e, enquanto alguns não se importam com as consequências dos atos, sabemos que muitos têm família, filhos e não aprovam práticas como a prostituição”, explica.
Se, por um lado, a prostituição infantil nas estradas é mais fácil de identificar pelas características quase óbvias (menores sozinhas às margens das rodovias, muitas vezes em trajes mínimos), por outro ela é difícil de ser rastreada por causa do caráter migratório. Pontos de prostituição infantil não ficam em um mesmo local por muito tempo, em decorrência da ilegalidade da prática. “Em uma primeira noite, podemos encontrar 20 meninas, na outra 30 e na terceira nenhuma”, afirma Newton.
85% dos agressores estão em casa
É em casa, entretanto, que a violência sexual mostra a faceta mais cruel. 85% dos agressores pertencem ao círculo social da vítima e contam com a confiança e afeto delas. Deste número, 40% são pais e padrastos, pessoas cuja responsabilidade maior é garantir a proteção da criança. “Os agressores são, normalmente, pessoas centradas no próprio prazer e vêem a criança como objeto”, avalia o psicólogo e coordenador do Fórum Goiano de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Joseleno Santos.
Embora não haja relação de causa e efeito estreita entre o abuso sexual e a prostituição infantil, a violência pode fragilizar a vítima e expô-la à situação de risco. Outra sequela é a fragmentação do processo de construção da sexualidade do agredido, que crescerá marcado pelas referências negativas e poderá se tornar um potencial agressor.
A média de denúncias pelo Disque 100 em Goiás é de, aproximadamente, três por dia; 49 no Brasil. O Distrito Federal encabeça a lista, com média de 103,55 denúncias por 100 mil habitantes. São Paulo e Amapá foram os últimos colocados, com 34,35, e 28,09, nesta ordem.
Os números, embora reflitam o aumento da intolerância da população contra a violência sexual, não representam boa notícia. Estima-se que a cada caso denunciado, outros três permaneçam nas sombras. O medo do agressor e a vergonha da violação impedem as vítimas de delatar os algozes, que continuam agindo anônimos.
“Acreditamos que os casos que vêm à tona representam apenas 30% do que realmente acontece”, afirma o promotor Everaldo Sebastião de Sousa, coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Juventude do Ministério Público Estadual (MP). O órgão mapeou, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pontos prováveis de prostituição infanto-juvenil nas rodovias federais goianas. Ao todo, são 94 trechos (20 em Goiânia) com a presença de menores se prostituindo.
Este ano, a PRF já flagrou cerca de 40 situações de prostituição envolvendo menores. Pelo menos 80 crianças e adolescentes foram apreendidos, alguns ainda pré-adolescentes. Foi o que aconteceu em junho deste ano, em um posto de combustíveis às margens da BR-060, em Posselândia. Os policiais suspeitaram de uma menina de 11 anos, parada próxima a um caminhão. Ao verificarem, constataram que ela vigiava o local enquanto o irmão, de 13 anos, fazia um programa com o dono do veículo. Daniel Aparecido Abreu Rezende, 28, foi preso por estupro presumido e corrupção de menores.
Caminhoneiros
Nas estradas, os caminhoneiros são os maiores agressores dessas crianças, conforme explica o inspetor Newton de Morais, da PRF. Em contrapartida, são esses profissionais os responsáveis pela maioria das denúncias e têm contribuído para a realização de muitos flagrantes. “O caminhoneiro vê tudo e, enquanto alguns não se importam com as consequências dos atos, sabemos que muitos têm família, filhos e não aprovam práticas como a prostituição”, explica.
Se, por um lado, a prostituição infantil nas estradas é mais fácil de identificar pelas características quase óbvias (menores sozinhas às margens das rodovias, muitas vezes em trajes mínimos), por outro ela é difícil de ser rastreada por causa do caráter migratório. Pontos de prostituição infantil não ficam em um mesmo local por muito tempo, em decorrência da ilegalidade da prática. “Em uma primeira noite, podemos encontrar 20 meninas, na outra 30 e na terceira nenhuma”, afirma Newton.
85% dos agressores estão em casa
É em casa, entretanto, que a violência sexual mostra a faceta mais cruel. 85% dos agressores pertencem ao círculo social da vítima e contam com a confiança e afeto delas. Deste número, 40% são pais e padrastos, pessoas cuja responsabilidade maior é garantir a proteção da criança. “Os agressores são, normalmente, pessoas centradas no próprio prazer e vêem a criança como objeto”, avalia o psicólogo e coordenador do Fórum Goiano de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Joseleno Santos.
Embora não haja relação de causa e efeito estreita entre o abuso sexual e a prostituição infantil, a violência pode fragilizar a vítima e expô-la à situação de risco. Outra sequela é a fragmentação do processo de construção da sexualidade do agredido, que crescerá marcado pelas referências negativas e poderá se tornar um potencial agressor.
Diário da Manhã