Saúde pública com estrutura precária
Sindsaúde protocola dossiê para investigação das más condições de trabalho nos postos de saúde da capital
Os servidores da Saúde protocolaram ontem, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE), denúncias de más condições de trabalho nas unidades de saúde de Goiânia. Foi levado ao órgão um dossiê com dois volumes, um de 94 páginas e outro de 84, com aproximadamente 300 fotos que registram a precariedade na infraestrutura, nos equipamentos e no funcionamento das unidades.
As fotos foram feitas nos Cais do Jardim Curitiba, Bairro Goiá e no Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde), Flaviana Alves, o exemplo dessas três unidades reflete a situação de todas as outras unidades de saúde da capital. “Esses locais estão depreciados e os trabalhadores correm risco de vida ao prestarem assistência aos usuários. Isso dificulta um atendimento adequado à população.”
De acordo com Maria de Fátima Veloso, diretora do Departamento Financeiro do Sindsaúde, existem “improvisos e irregularidades na infraestrutura e em equipamentos como caixas d’ água, caixas de esgoto, cozinhas e leitos hospitalares. Não temos também nenhuma segurança biológica para trabalhar nesses locais”, completa.
Conforme Flaviana, as imagens são para comprovar as irregularidades e para que a STRE compareça às unidades e cobre o cumprimento das regulamentações. “Queremos providências para as situações precárias que estamos vivendo”, destaca Flaviana.
De acordo com a assessoria de imprensa da SRTE, as denúncias do Sindsaúde serão encaminhadas para as fiscalizações necessárias.
Médicos ressaltam precariedade estrutural
As denúncias do Sindsaúde são reforçadas pelo Sindicato dos Médicos em Goiás (Simego). De acordo com o diretor da entidade, Robson Azevedo, Cais e postos de saúde da capital passam por dificuldades estruturais que colocam médicos, profissionais de saúde e pacientes em situações precárias. “Faltam equipamentos básicos como raio-x e eletrocardiograma e, às vezes, o médico tem até que fazer respiração manual no paciente”, diz ele.
Outra denúncia é de que nenhuma unidade de saúde da capital tem alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros. Conforme ele, a Prefeitura de Goiânia argumenta que lei federal ampara a ausência do documento. Relatório do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), realizado entre outubro de 2010 e julho de 2011, mostra que em 16 unidades de saúde nenhuma tinha alvará sanitário, diretor-técnico médico responsável pela unidade ou cadastro na entidade.
Ontem, o Cremego informou que realiza fiscalizações periódicas nas unidades e que recentemente encaminhou ofício ao secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, informando essas deficiências e reforçando que nenhum Cais, Ciams ou posto de saúde do município possui alvará sanitário para funcionar.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da assessoria de imprensa, informou que só vai se pronunciar sobre os documentos protocolados na STRE após ser notificada sobre o assunto. Em relação às denúncias do Simego, a pasta não se pronunciou.
Fonte: Jornal O Hoje