Lixo: Convênio com Estado é suspenso

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Problema em conta fez depósito do governo para compra de caminhões ser devolvido

A aquisição de 23 caminhões compactadores para a coleta de lixo de Goiânia por um convênio entre Prefeitura e Estado está suspensa pelo menos até o fim das eleições deste ano. Pelo acordo, o Estado cederia R$ 5,66 milhões ao Paço em duas parcelas, sendo a primeira até o dia 5 de julho e a segunda um mês depois, para auxiliar no serviço de coleta de lixo. A primeira parcela chegou a ser depositada em uma conta da Prefeitura no Banco do Brasil, mas teve o valor estornado. Após isso, encerrou-se o prazo para o repasse de valores pelo Estado em virtude da legislação eleitoral.

De acordo com o secretário da Casa Civil, José Carlos Siqueira, a primeira parcela de cerca de R$ 2,8 milhões foi depositada, primeiramente, no dia 3 de julho e estornada. Tentou-se o novo depósito no dia 4 e novamente ocorreu o estorno. Como o prazo final para o repasse da valor, de acordo com a lei eleitoral, era no dia 5 de julho, o Estado se recusou a fazer novo depósito, já que o governador Marconi Perillo (PSDB) tenta a reeleição. Para Siqueira, o período eleitoral é válido até a posse do governador eleito e, só então, seria possível realizar o convênio, ou seja, só em 2015.

No entanto, o diretor do Tesouro Municipal, Paulo Roberto Carrion, entende que um dia após as eleições de outubro o depósito poderá ser realizado. De acordo com Carrion, a conta do Banco do Brasil foi aberta em maio pelo Paço justamente em virtude do convênio para a aquisição dos caminhões compactadores. O acordo havia sido anunciado em abril, quando a capital vivia o auge da crise pela falta da coleta de lixo, em função da menor quantidade de caminhões atuando no serviço. Mas desde que a conta bancária foi criada não houve movimentação financeira.

Como a assinatura do acordo se deu no dia 30 de junho, entre o prefeito Paulo Garcia e o secretário Siqueira, a tentativa dos depósitos nos dias 3 e 4 de julho não se deu porque a conta apresentou inconformidade, como se estivesse suspensa, já que não havia movimentação financeira. No dia 7 de julho, a segunda-feira posterior aos depósitos, a Prefeitura contatou o Estado sobre o problema, mas a resposta foi a de que não poderia mais repassar o dinheiro, já que a legislação eleitoral proibiria. A Prefeitura alega que, assim, terá de esperar o fim do período eleitoral para comprar os caminhões.

A HL Locadora seria a empresa responsável por vender os caminhões compactadores à Prefeitura e condicionou o repasse da primeira parcela do pagamento com a entrega dos veículos. Assim mesmo, para que os caminhões pudessem atuar haveria um tempo mínimo para isso, que seria de 30 dias. Ou seja, os caminhões seriam entregues, no mínimo, em agosto deste ano, quando o segundo repasse seria efetuado. Agora, se o repasse estadual ocorrer em outubro, os novos caminhões só estariam à disposição no mês de novembro. Pelo acordo, a Prefeitura daria uma compensação de R$ 200 mil.

ATRASOS

Carrion, em contrapartida, afirma que a suspensão do convênio não deve atrapalhar a coleta de lixo em Goiânia, já que os contratos de aluguel dos caminhões com a empresa HL Locadora vão continuar em vigor. Os veículos adquiridos, mais novos, iriam substituir os mais antigos, alugados. Na edição de ontem, O POPULAR mostrou que a população goianiense voltou a conviver com os atrasos na coleta de lixo em função dos constantes estragos nos veículos alugados pela Prefeitura. Desta forma, boa parte da frota passaria mais tempo na oficina mecânica e isso ocorreria porque os caminhões estavam sobrecarregados.

Os veículos alugados, ainda de acordo com a reportagem da edição de ontem, foram fabricados de 2011 para cá, mas estragam constantemente em especial na embreagem e sistema de suspensão. Caminhões mais novos, em tese, poderiam ter maior durabilidade e melhor tempo de recuperação. A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), por outro lado, nega que os atrasos na coleta estejam resultando em acúmulo de lixo na capital. A companhia afirma que todos os dias tem coletado uma média de 1.300 toneladas por dia, que é o número comum na cidade. Na edição de ontem, O POPULAR mostrou diversos locais com lixos acumulados na capital.

Em relação ao conserto dos caminhões, a Comurg também informa que não há um problema. Segundo a companhia, a entrega das peças pedidas para os reparos ocorre de acordo com a disponibilidade do mercado. A demora no conserto dos caminhões também seguiria o ritmo natural das oficinas mecânicas, dependendo da complexidade do problema que o veículo possui.

15 novos caminhões devem começar a rodar

A Comurg deve receber até 15 novos caminhões no fim da próxima semana, sendo 10 deles garantidos, por um contrato de empréstimo de 3 anos com a MT Locadora, em que os veículos passam a ser da Prefeitura após este período.

Neste contrato, o Paço adquiriu 27 caminhões que terão entregas escalonadas. Os primeiros dez, a chegar no final da semana, serão trazidos de Santa Bárbara de Goiás, a 42 quilômetros de Goiânia. Os motoristas vão até o interior na próxima semana, para treinamento. Já em relação aos 40 caminhões adquiridos via licitação realizada no ano passado e que estão no pátio da Planalto Indústria Mecânica, a Comurg informa que os primeiros veículos devem ser entregues também no final da próxima semana.

A companhia diz que no máximo 5 caminhões serão entregues por já estarem prontos depois de testados e remodelados. O POPULAR apurou, no entanto, que a entrega escalonada desses caminhões ocorre por um acordo financeiro entre as partes.

Fonte: Jornal O Popular (Vandré Abreu)
Foto: Ricardo Rafael