Como andam as obras na capital

11:30 0 Comments A+ a-


As obras que acontecem em Goiânia são visíveis e delas acontecerem o cidadão não pode reclamar. O problema é a demora na conclusão de algumas. Visam beneficiar áreas fundamentais, como saúde, trânsito, educação ou mobilidade urbana. Mas tanto nas obras do Estado quanto nas do Município e da União, o que se observa é uma corrida para cumprimento do cronograma inicialmente planejado. Há obras adiantadas, e algumas com meses e anos, sem que tenham fim. Exemplos não faltam.

A construção do Centro de Excelência do Esporte (composto do Ginásio Rio Vermelho, Laboratório de Capacitação, Parque Aquático e Estádio Olímpico), no Centro de Goiânia, teve início em 2001. No entanto, ficou paralisada por mais de dez anos, ganhando até o apelido de buracão, depois que o Estádio Olímpico foi demolido. As obras de construção do Estádio Olímpico e do Laboratório foram retomadas no ano passado e a promessa é que os espaços sejam entregues até setembro. O custo dos empreendimentos é de R$ 47 milhões. Segundo a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), até agora 60% do estádio e 75% do laboratório de pesquisa estão com a execução adiantada. O presidente da Agetop, Jayme Rincón, já declarou em diversas ocasiões que a inauguração do espaço acontecerá em 1° de julho.

Os viadutos na GO-060 (saída para Trindade) e GO-070 (Inhumas) também estão na fila para serem entregues. Com obras lançadas em maio de 2013, a previsão para a conclusão dos elevados era dezembro de 2013. Agora, os operários correm contra o tempo para finalizar os trabalhos até julho. Na GO-060, o rebaixamento da Avenida Castelo Branco já aconteceu, os viadutos foram instalados, mas faltam outras intervenções. Segundo a Agetop, 70% da construção está concluída. A obra está orçada em R$ 12,8 milhões.

O viaduto da GO-070 na saída para Goianira/Inhumas, no entrocamento com a Avenida Perimetral Norte, orçado em R$ 9,5 milhões, está menos adiantado. Segundo a Agetop, 60% da obra já foi concluída. A chuva tem atrapalhado os trabalhos. No dia em que a reportagem esteve no local, operários reclamavam que o excesso de água atrapalhava fazer o ‘rachão’, que é um serviço de terraplanagem feito com brita. O viaduto da GO-080, no cruzamento com a Avenida Perimentral, na saída para Nerópolis, também foi anunciado em maio do ano passado, mas as obras só iniciaram agora. A previsão de conclusão do empreendimento, que custará R$ 24 milhões, é novembro deste ano.

Anunciada no ano passado, a reforma do Estádio Serra Dourada está por começar. Contrato foi firmado com uma empreiteira em abril de 2013 e a previsão era que a adequação do local ficasse pronta até julho passado. A Agetop informa estar em fase de levantamento para realizar a obra. O contrato inicial previa gastar R$ 224 mil na reforma. Mais adiantadas estão as obras do Autódromo, que começaram em outubro do ano passado e tinham previsão de gasto de R$ 28 milhões. A readequação do espaço era prevista para ficar pronta em março, mas a data foi alterada para junho. A justificativa é que o excesso de chuva atrapalhou o andamento das atividades. Até agora, 60% da obra está concluída.

Dentro do prazo

O Estado realiza outras obras em Goiânia, estas ainda dentro do prazo. É o caso do Hospital de Urgências de Goiânia na Região Noroeste, o Hugo 2, que tem previsão de ser entregue em junho. No local, a movimentação de operários é intensa o dia todo. Um prédio e blocos anexos estão em fase adiantada. Segundo a Agetop, 60% da obra está executada. Orçada inicialmente em R$ 57,3 milhões, já se sabe que a construção, devido a alterações no projeto, terá um custo total de pelo menos R$ 145 milhões.

O governo estadual também prometeu duplicar as saídas das rodovias estaduais de Goiânia. Na GO-020, saída para Bela Vista, o trecho está duplicado entre o viaduto da BR-153 e o Autódromo, inclusive com a construção de uma ciclovia. A obra está em andamento. A duplicação, orçada em mais de R$ 65 milhões, tinha previsão de ser entregue até julho, prazo que foi estendido para setembro. Apenas 40% da obra está concluída. Na GO-070, a duplicação entre Goiânia e Inhumas está concluída. Entre Inhumas e Itauçu, 87% da obra já foi realizada; entre Itauçu e Itaberaí, apenas 13% da duplicação está pronta.

Na GO-403, que liga Goiânia a Senador Canedo, o início do contrato foi em maio de 2013 e a previsão de entrega é dezembro, mas o governo afirma que inaugurará a duplicação até julho deste ano. Segundo a Agetop, 75% da duplicação já foi executada. Vários trechos estão prontos, mas falta, por exemplo, a construção de um viaduto sobre o Rio Meia Ponte. A obra está orçada em R$ 37,3 milhões. Já na GO-080 (saída para Nerópolis), os trabalhos não começaram. A Agetop informa que está em fase de contrato. A duplicação terá custo de R$ 158 milhões. Outro trabalho do Estado na capital é a iluminação da BR-153, ao custo de R$ 4,9 milhões. A previsão é concluir a intervenção no próximo mês. Até agora, 15% da obra foi concluída.

Governo não desistiu do VLT

Promessa do governador Marconi Perillo (PSDB) durante a campanha de 2010, a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Capital vive uma novela para definir o início das obras. É bem provável, e o governador já assumiu isso, que as obras não se iniciem neste ano, último deste terceiro mandato de Marconi. A justificativa é a falta de recursos e o fato das obras só poderem começar em outubro. A construção do VLT está orçada em R$ 1,3 bilhão. A previsão de início da construção desse novo modal de transporte foi adiada algumas vezes. A última data não cumprida foi janeiro deste ano.

O VLT de Goiânia contará com 30 composições com 2 vagões cada. Cada vagão transportará 300 pessoas e as composições terão partidas a cada três minutos. Atualmente, os ônibus biarticulados que circulam pelo Eixo Anhanguera transportam cada um cerca de 200 passageiros por hora, enquanto os dois vagões vão levar 600 por viagem e com um tempo inferior. A obra deverá gerar um incremento de 30% no número de pessoas transportadas. “Vamos passar de 9 mil para 12 mil passageiros por hora”, explica Carlos Maranhão, presidente do grupo executivo do VLT.

Segundo Maranhão, o governo está em fase final da contratação do consórcio vencedor para fazer a obra. Mas antes do governo emitir a ordem de serviço é preciso finalizar trabalhos preliminares, como conseguir todas as licenças para a realização da obra, concluir os processos de desapropriação - que custarão R$ 90 milhões aos cofres do Estado -, e, por último, realizar os contratos com os bancos que financiarão a construção ou que repassarão os recursos advindos do governo federal. Investirão na obra os governos estadual e federal, bancos e investidores privados.

A previsão é de que até setembro os trabalhos preliminares estejam finalizados. Mas aí surge outro problema. Esse é o período em que começam as chuvas no Estado, o que pode atrapalhar o início das obras. “Por se tratar de uma Parceria Público Privada (PPP), a partir do momento em que for emitida a ordem de Serviço, há um prazo de 24 meses para que ela seja finalizada. A obra não pode ser parada, porque se houver atraso na entrega, o grupo executor, como prevê o contrato, é multado. Então só vamos iniciar a obra quando tudo estiver acertado e não corrermos o risco da obra parar”, afirma Carlos Maranhão.

O que são

* Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) – Terá custo de R$ 1,3 bilhão. Obra será executada pelo Estado, mas até agora está no papel. O governo está em fase de finalizar os trabalhos de contratação do consórcio que irá executar o empreendimento.




* BRT NORTE-SUL – A obra terá 21 quilômetros de extensão e é orçada em mais de R$ 408 milhões. Ainda não há  previsão de início. O projeto depende de aprovação do Ministério das Cidades, que liberará a maioria dos recursos.



Município também tem obras em execução

Nas obras realizadas pelo município também é comum os prazos serem esticados. Os viadutos da Marginal Botafogo sobre as Avenidas E e 88, que tiveram as obras iniciadas em março do ano passado, até hoje não estão prontos. O prazo para a execução do empreendimento era de 180 dias, mas chegou novembro, dezembro e já estamos em março de 2014. O complexo está orçado em mais de R$ 15 milhões. Dois viadutos estão praticamento concluídos. Em um terceiro, as vigas já foram colocadas e homens da construtora responsável trabalham na terraplanagem das rampas de acesso ao viaduto.

Enquanto a obra não é finalizada, sobra para os motoristas que passam pela região ter paciência. A Secretária Municipal de Obras (Semob) informou que era vontade do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), entregar o complexo em 24 de outubro, mas que isso não foi possível devido a problemas técnicos e administrativos. “O primeiro adiamento da obra se deu porque a Companhia de Eletricidade (Celg) não havia feito a retirada de postes que impediam a construção do elevado. Posteriormente, o período chuvoso impediu a compactação do solo”, informou nota da assessoria de imprensa da Semob encaminhada à Tribuna do Planalto.

Ainda de acordo com a Semob, a entrega da obra está prevista para maio. Atualmente há cerca de 100 operários trabalhando no complexo, que conta com 80% da construção já concluída. A secretaria ainda informou que, devido ao período chuvoso, agora em março, estão sendo encontradas dificuldades na realização do aterro e muro armado.

A ciclovia da T-63, na região Sul da Capital, também vive uma novela. A obra começou em abril de 2013 com previsão de término em oito meses, mas não chegou ao fim. Apenas o trecho entre o Parque Anhanguera e a Praça Nova Suíça está pronto. A parte que passa pelo Setor Bueno, Bela Vista e Pedro Ludovico em nada foi adaptada para receber a ciclovia.

Educação

O prefeito Paulo Garcia, durante a sua campanha, em 2012, para solucionar a falta de vagas na educação infantil, prometeu a construção de 81 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei). Mas até agora cinco foram entregues. De acordo com Valfran Ribeiro, diretor do departamento administrativo da Secretaria Municipal de Educação (SME), esse número está dentro do que se previa. A tendência é que esse número aumente gradativamente. “Há toda uma tramitação para respeitar, fazer projetos e achar áreas. Por isso, naturalmente, as primeiras construções demoram mais para ocorrer”, explica.

Com uma técnica canadense que facilita a construção, a previsão é de que em 2014 sejam construídas outras 22 unidades. Para 2015 o número sobe para 33; e em 2016, 21. A previsão da SME é gastar com a construção desses 76 Cmeis R$ 97 milhões. Os recursos virão do tesouro municipal e do governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo Valfran, estão em andamento a construção de nove unidades. Na segunda-feira, 31 de março, a prefeitura fará o lançamento da construção de mais 14 unidades. “Serão iniciadas as obras de quatro unidades a cada mês. Com a previsão de conclusão de sete meses”, pontua o diretor. As construções seguem dois tipos de padrões: para 160 alunos ou para 120 alunos.

Mobilidade Urbana

Outra obra que pode trazer  benefícios é o BRT, corredor exclusivo para ônibus, que terá 21,7 km de extensão e ligará as regiões Noroeste (Recanto do Bosque) e Sudoeste (na divisa com Aparecida de Goiânia). Mais de 120 mil passageiros poderão ser atendidos por dia em seis terminais de integração e 40 estações de embarque e desembarque. Em março o governo federal liberou R$ 545 milhões para a Prefeitura de Goiânia investir na área de mobilidade urbana. Mais da metade dos recursos é destinada ao BRT, que vai receber R$ 390 milhões. A obra está orçada em mais de R$ 408 milhões. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Goiânia, não há como precisar data para o início da obra. O Paço aguarda avaliação do projeto de implantação do BRT, que é realizada pelo Ministério das Cidades.

Novo aeroporto deverá ficar pronto em 2015

Obra que ganhou destaque por nunca ter fim é a do Aeroporto Santa Genoveva. A construção de um novo terminal é de responsabilidade do governo federal. As obras foram iniciadas em 2005, mas ficaram paralisadas entre 2007 e 2013, após o Tribunal de Contas da União (TCU) embargá-las por suspeita de superfaturamento. Somente em setembro do ano passado é que o TCU autorizou a volta dos trabalhos no local.

Na época da paralisação da obra, 33% dela estava concluída, mas agora, com a retomada, foram precisos novos ajustes no projeto. Até fevereiro último, apenas 73% dos serviços haviam sido executados, informa a Infraero. A previsão é de que as obras estejam concluídas em março de 2015, com investimento de R$ 246,2 milhões.

Após o reinício das atividades, um outro problema surgiu. Em fevereiro, cerca de 600 operários paralisaram as atividades no canteiro de obras. Alegavam estar descontentes com a remuneração e os benefícios oferecidos. O Tribunal do Trabalho interveio e a situação foi sanada. Mesmo após o episódio, a Infraero afirma que o novo terminal de passageiros segue dentro do cronograma estabelecido com o consórcio construtor.

O novo aeroporto de Goiânia terá dois andares e 34,1 mil metros quadrados, que abrigarão quatro pontes de embarque, 23 balcões de check-in, 11 elevadores, quatro escadas rolantes, três esteiras de restituição de bagagem e sete canais de inspeção (raio-x e detector de metal). Com a conclusão das obras, a capacidade total do Aeroporto de Goiânia passará de 3,5 milhões para 9,8 milhões de passageiros por ano.

Fonte: Tribuna do Planalto