Passe livre é ameaça ao sistema de transporte, diz Setransp

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Na questão dos subsídios a estudantes e outras classes, Goiás e Goiânia saíram na frente. Depois das pressões advindas das manifestações de junho, além da redução da tarifa de R$ 3 para o valor anterior, de R$ 2,70, o governo estadual e a Prefeitura da capital decidiram pela implantação do passe livre estudantil — que já era uma promessa do então candidato Marconi Perillo.

A medida, festejada pela classe estudantil como um avanço, coloca na berlinda a já combalida qualidade do transporte coletivo na capital. Se o sistema estava em xeque, agora é xeque-mate, na avaliação do Setransp. É o que garante o presidente da instituição, Décio Caetano Filho. “Toda vez que um subsídio é concedido, alguém vai pagar por ele. No caso, isso vai cair, de qualquer forma, de volta no colo da população”, diz.

Décio Caetano lembra que Goiânia já era a cidade que tinha tido a maior redução proporcional da tarifa no transporte em todo o Brasil, com o retorno aos R$ 2,70 (10% de redução). Com o passe livre aos estudantes, a tendência é de que o serviço seja afetado ainda mais. “Já estamos com uma queda na condição de oferecer o transporte. As empresas estão trabalhando no limite, no vermelho, com dificuldades de fechar a folha.”

O presidente do Setransp também questiona a forma com que o benefício foi elaborado, principalmente pelo poder municipal. “No caso, não há distinção entre quem seja carente ou não, entre quem precisa realmente e quem poderia pagar tranquilamente.

O passe livre serve para o morador carente da periferia que atravessa a cidade para um curso de licenciatura, mas o iguala ao estudante que mora na zona central com três carros na casa da família e que paga milhares de reais por mês para fazer curso de medicina na PUC”, observa Décio Caeta­no. A regra utilizada pelo Estado foi mais sensata, acredita, por observar um teto salarial familiar para usufruto da gratuidade.

De qualquer forma, em relação à fiscalização do benefício, o Setransp está muito mais bem preparado do que as demais instituições: a cada mês, faculdades e colégios têm de repassar ao órgão das empresas a lista dos alunos que estão de fato frequentando as aulas. O meio passe, que agora está se tornando passe livre, representa 12% do total do sistema.

Fonte: Jornal Opção