DF recebe 1 bi para ter a Copa. GO paga 2,5 mi por um treino. Daí a diferença entre o Serra e o Mané Garrincha

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Pedro Ludovico Teixeira é o nome do fundador de Goiânia e de centenas de equipamentos públicos em Goiás, inclusive do estádio que deu lugar a um gigantesco buraco no centro da Capital. Pedro Ludovico condenaria os dois erros, o de Alcides Rodrigues ao derrubar o estádio e o de Marconi ao garantir que vai reconstruí-lo. Goiás carece de muita coisa, menos de estádio de futebol no centro de Goiânia. Um dos motivos é a penúria financeira, tão alardeada pelo secretário da Fazenda, Simão Cirineu. Outro é inutilidade da obra, porque Goiânia é muito bem servida de estádios, cada grande clube tem um e a torcida não vai a nenhum, salvo honrosas e persistentes exceções. Mais uma razão que torna desnecessária a reconstrução do estádio que só foi olímpico no nome é que o governo não está conseguindo gerir o Serra Dourada, principal praça do futebol goiano.

O Estádio Serra Dourada é um lixão. Aliás, até o aterro sanitário é mais bem cuidado. Urubu, inclusive, tem mais no estádio que no descarte de resíduos. Principalmente, urubu sem asa, que voa nos jatos da ineficiência. Se o Estado tiver dinheiro sobrando para evaporar em futebol, poderia aplicá-lo no Serra Dourada, em vez de desperdiçá-lo na interminável obra do Estádio Olímpico Pedro Ludovico. Do jeito que o Serra está, é uma vergonha nacional. Jornalistas e turistas de todo o País que vêm acompanhar o Campeonato Brasileiro saem daqui achando que Goiânia não é uma fazenda asfaltada, como teria dito Roberto Carlos. O Serra está é no tempo das cavernas, pois é com gruta pode ser comparado.

A iluminação interna é capenga e a externa consegue ser ainda pior. O estacionamento é terra de ninguém. À noite tem sexo explícito e tráfico de drogas. Durante o dia, notadamente aos domingos, o estacionamento é privatizado. Ninguém tem nem ideia de quem é que manda naquilo. No estádio, quem manda é Itamir Campos, conhecido como Gueroba. A gestão de Gueroba é mais amarga que o palmito que lhe rendeu o apelido. O pessoal da imprensa e torcedores, de todo o Brasil, podem nunca ter saboreado a guariroba, mas já experimentaram a falta de internet, lamentaram os placares eletrônicos pifados, tentaram ouvir o som inaudível. As tormentosas goteiras são a consequência de um problema grave que começa nas lajes. Outro perigo mora na estrutura de cabos, sobretudo dos para-raios. Então, se alguém vir fumaça subindo no Serra Dourada, pode não ser comunicação ao melhor estilo indígena de séculos passados, já que ali não tem internet. O risco é ser incêndio mesmo.

As deficiências do Serra Dourada não começaram com Gueroba, mas estão acabando com a fama de bom administrador de seu chefe, o presidente da Agência de Esporte e Lazer, Célio Silveira. As organizações sociais melhoraram os hospitais e poderiam agir no estádio, como foi autorizado em abril pelo Conselho de Desestatização do Estado. Continuar como está é péssimo para o futebol e para o público, além de arranhar a imagem de Goiás, do governador e do presidente da Agel. Célio Silveira foi bom prefeito de Luziânia e essa fama está sendo corroída a cada jogo. Se Célio tivesse sido na prefeitura o incompetente que Gueroba está se mostrando no estádio, Luziânia teria virado distrito de Cabeceiras.

Pedro Ludovico ficaria cabisbaixo. É triste ver o Distrito Federal, que não tem futebol, sediar torneios internacionais e Goiás, com clubes em todas as divisões, ficar à margem. Para ter a abertura da Copa das Confederações, o DF recebeu 1 bilhão de reais em investimentos. Para ter um treino da seleção, Goiás teve de torrar 2 milhões e 500 mil reais. Mais triste ainda é admirar o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, e lembrar que o Serra Dourada está caindo aos pedaços. Literalmente. E sai debaixo que o concreto está derretendo...

Fonte: Portal 730