Corredor da T-63 segue sem fiscalização

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Fluxo de ônibus monitorados em horário de pico apresenta melhora.

O corredor exclusivo para ônibus na Avenida T-63 nem está concluído, mas desde que foi anunciado – no início do mês passado – tem gerado polêmica entre Prefeitura, comerciantes e motoristas. A Prefeitura alega priorizar o transporte coletivo, comerciantes reclamam da queda de movimento com a proibição de estacionamento na via e motoristas se dividem entre apoiar ou não a intervenção.

No último dia 2, agentes da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT) começaram a multar quem para ou estaciona na avenida, o que obrigou muita gente a seguir as novas regras, o que e tem gerado congestionamentos na avenida, principalmente nos horários de pico. No entanto, enquanto a fiscalização eletrônica não é instalada – ainda não há uma data prevista –, muitos motoristas ainda não aderiram às mudanças.

Durante duas horas de fluxo intenso – entre as 7h30 e as 9h30 de ontem –, a reportagem de O HOJE acompanhou o movimento na avenida. O que se pôde constatar neste prazo é que, de fato, o fluxo das seis linhas de ônibus que passam pela avenida foi beneficiado pela medida. Também não foi difícil ver ciclistas, motociclistas, caminhões e carros trafegando pela faixa que deveria ser reservada apenas aos ônibus. Nem a presença da reportagem intimidou os apressadinhos que utilizavam a faixa preferencial para ultrapassar os outros veículos.

Em conversa com a reportagem, passageiros relataram que têm percebido ganho no tempo de viagem do transporte coletivo, conforme previa a Prefeitura. O porteiro José Alves depende de ônibus para ir ao trabalho todos os dias e contou que agora gasta menos tempo no percurso. “Os ônibus não aumentaram, mas continuam seguindo os horários e agora, depois que a gente entra no veículo, é bem mais rápido”, explicou. Diariamente, 86 veículos transportam cerca de 80 mil pessoas na avenida.

Insatisfeitos, comerciantes alegam que não passam muitos ônibus pela via e que, portanto, a medida é desnecessária. No entanto, durante o tempo que passou na T-63, a reportagem notou que a realidade é outra. Durante o horário de pico, a cada cinco minutos, algum ônibus parava nos pontos. Como acontece em quase todos os outros locais da cidade, os ônibus nesse horário estavam lotados e os pontos cheios.

Depois das 8 da manhã, horário em que a maior parte dos usuários do transporte coletivo já está trabalhando, os pontos esvaziaram e o fluxo de veículos diminuiu. Ainda assim, pelo menos enquanto a reportagem esteve na avenida, foram poucos os momentos em que não se via ônibus trafegando pelo corredor.

Comerciantes passam a ceder a mudanças

Os comerciantes – que já protagonizaram algumas manifestações na capital pedindo a retirada da faixa preferencial e a volta dos estacionamentos – alegam que o faturamento caiu até 50% depois da implantação do corredor. Para a SMT, a construção de recuos nas calçadas pode ser a solução para o problema da falta de estacionamento. O que se nota pela avenida é que muitos empresários já estão cedendo e fazendo mudanças desse tipo para não perder os clientes.

A assessoria da SMT afirmou à reportagem que muitos comerciantes que querem fazer adequações nas calçadas já estão procurando o órgão e recebendo orientações, de graça. Depois de muito reclamar de queda de 50% no movimento de sua loja de material elétrico e hidráulico, Roberto Barros é um dos que resolveram se adaptar. “Esse corredor foi a pior coisa que fizeram para os comerciantes. Mas essa é a realidade, então, a gente é que precisa mudar”, explica. Roberto procurou a SMT e há poucos dias a calçada da porta de sua loja tem um recuo que serve de estacionamento. Ele garante que a medida tem surtido efeito e que o movimento já voltou a aumentar. “Penso que logo terei minha clientela de volta”, calcula.

Projeto

O projeto de implantação do corredor prevê para os próximos dias a instalação de novos abrigos nos 24 pontos de parada ao longo dos seis quilômetros de corredor, por onde passam 80 mil usuários do transporte coletivo diariamente. O corredor preferencial contará também com ciclovia, sinalização vertical e horizontal e fiscalização eletrônica. Ainda não está previsto um aumento da frota de ônibus no local. A Prefeitura já anunciou que as Avenidas T-7 e 24 de outubro devem receber intervenções semelhantes ainda nesse semestre.

Fonte: Jornal O Hoje