Dengue: Goiás é o 3º com mais mortes
Estado registrou 58 óbitos decorrentes da doença, segundo dados do Ministério da Saúde.
Goiás é o terceiro Estado brasileiro com maior número de mortes causadas pela dengue em 2013, conforme dados do Ministério da Saúde divulgados ontem em Brasília. Nesse ano, foram 58 óbitos registrados em municípios goianos por complicações em virtude da doença. O Estado aparece atrás somente de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente o segundo e o primeiro mais populosos do Brasil. O Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (Liraa) também revela que pouco mais de 1% dos imóveis pesquisados em Goiás estavam infestados por focos do mosquito transmissor, o que caracteriza estado de alerta.
Embora esteja entre as unidades da federação com mais mortes provocadas pela dengue, o número de óbitos vem diminuindo. Na comparação com 2010, a redução chega a 25% no mesmo período analisado. Naquele ano, foram 78 mortes registradas nas primeiras 42 semanas epidemiológicas, quando chegou ao ápice da epidemia de dengue vivida em Goiás. Por outro lado, o número de casos notificados cresceu 47% no mesmo intervalo. E a quantidade de casos graves aumentou 6,6%.
Os órgãos de saúde atribuem esse número de vítimas da doença ao sorotipo 4 do vírus. “Quase a totalidade da população está vulnerável, diferente dos outros tipos da dengue, os quais a maioria das pessoas já estavam imunes”, afirma a Daniella Fabíola dos Santos, gerente de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.
A gerente acrescenta problemas no manejo clínico como fator contribuinte para o número de mortes por dengue. Daniella dos Santos ressalta que apesar da melhora nos processos de atendimento, ainda ocorrem diagnósticos tardios que atrapalham o tratamento. O diretor do Departamento de Vigilância e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Luiz Elias Camargo, destaca que hoje há um plano de contingência que estabelece procedimentos padrão na medida em que o número de casos aumente e uma epidemia possa ocorrer.
PERFIL DOS CRIADOUROS
Os focos do mosquitos da dengue estão sobretudo dentro das casas de Goiânia. Na capital, 65% das infestações ocorrem nas residências, de acordo com o Liraa. Os criadouros foram encontrados principalmente em lixo mal acondicionado, calhas, pneus e caixas d’água. “A falta de conscientização ainda é o maior desafio no combate ao mosquito. Todo mundo sabe o que precisa ser feito, mas as pessoas não fazem”, avalia Luiz Elias Camargo.
Apesar da falta de engajamento das pessoas, também há carência de agentes de combate a endemias em Goiânia. Luiz Elias sustenta que faltam 100 agentes para trabalhar nas visitações domiciliares. Atualmente, são 460 profissionais circulando de casa em casa no combate aos focos do mosquito da dengue. O número é diferente nas contas da SES, que calcula o déficit em 212 agentes.
Luiz Elias explica que foi realizado concurso para preenchimento dessas vagas, mas há dificuldade em manter os aprovados nos cargos. “A maioria tem nível superior e eles não querem trabalhar como agentes”, diz. Em Goiás, são 32 municípios com quadro deficitário de agentes de combate a endemias. Além de Goiânia, os casos mais graves são Valparaíso e Aparecida de Goiânia, com déficit de 69 e 32 profissionais respectivamente.
INFESTAÇÃO
O nível de infestação de imóveis coloca Goiás em estado de alerta, quando os locais pesquisados apresentam índice entre 1% a 3,9%. No entanto, quatro municípios goianos estão com mais de 4% de infestação, caracterizando estado de risco de epidemia: Davinópolis, Rio Quente, Alto Paraíso e Alto Horizonte. Quando o índice fica abaixo de 1% é considerado satisfatório. Ao todo, 60 municípios estão em estado de alerta, inclusive Goiânia, com 1,3%.
Fonte: Jornal O Popular