Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia: Infraestrutura é o maior desafio
6,8 Milhões de habitantes estão no eixo Brasília-Anápolis-Goiânia. R$ 270 milhões é o PIB das Três cidades. 3° maior mercado consumidor do País. 33% é a participação das periferias metropolitanas no PIB da grande Goiânia, enquanto na região de Brasília essa participação e de apenas 5%.
Grupo de trabalho intergovernamental será criado para estudar estratégias para fortalecimento do eixo
Um forte plano estruturante começa a ser planejado na tentativa de impulsionar economicamente o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia e torná-lo uma verdadeira frente competitiva ao eixo Rio-São Paulo. Mas para que a ideia se concretize, o maior desafio está no desenvolvimento da infraestrutura local. A região que une Goiás ao Distrito Federal (separados por pouco mais de 200 quilômetros pela GO-060) é hoje o terceiro maior mercado consumidor do País, com uma população de 6,8 milhões de habitantes, considerando as áreas metropolitanas. Juntas, elas somam um Produto Interno Bruno (PIB) de R$ 270 bilhões.
Para elaborar as estratégias necessárias ao plano de fortalecimento do eixo, um grupo de trabalho intergovernamental será criado logo após a Copa do Mundo, conforme decisão tomada ontem durante seminário realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), em Brasília.
Participarão do grupo os governos do DF, prefeituras de Goiânia e Anápolis, alguns ministérios, governos das cidades que compõem as regiões metropolitanas, universidades, representantes do setor produtivo, sindicais e populares. A coordenação ficará a cargo da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e da Secretaria de Assuntos Federativos da Presidência da República.
INDÚSTRIA
Segundo o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, uma das principais discussões está relacionada ao desenvolvimento industrial no eixo, principalmente nas regiões das capitais federal e goiana, que estão centradas basicamente no setor público e de serviços, respectivamente. “A indústria em Brasília e Goiânia está muito aquém de seu potencial hoje. Apenas em Anápolis esse polo é mais estruturado”, destaca.
Ele frisa que, mais importante do que os incentivos fiscais, é a necessidade de se investir numa infraestrutura de qualidade para que as empresas se interessem em migrar rumo à região Centro-Oeste. Esse é um trabalho extenso, que envolve estrutura logística de transporte, energia e criação de distritos industriais à altura de receber os investimentos privados. Também será preciso um alto investimento em capacitação de mão de obra. Tudo isso, claro, faz parte de um plano de implantação de longo prazo (de cinco, 10, 15 anos).
“Ainda não temos disponibilidade de gás natural como fonte de energia. A conexão ferroviária, por meio da Norte-Sul, vai ligar Anápolis a outros mercados, mas é preciso um conjunto de conexões ligando mais pontos regionais. Embora as concessões estejam sendo feitas, ainda é preciso mais duplicação de rodovias. Sem falar na geração e distribuição de energia elétrica, que ainda é um gargalo”, cita Miragaya.
O secretário de Planejamento de Goiânia, Nelcivone Soares, que representou o prefeito Paulo Garcia no seminário, considera a rota que liga a capital goiana à federal como uma grande fonte de oportunidades e comparou a região a outros eixos em expansão no país, como a Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.
INTEGRAÇÃO
A expansão do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia também leva em consideração o envolvimento de todas as cidades das regiões, com a distribuição dos investimentos de forma equilibrada entre os municípios.
Para o presidente da Codeplan, descentralizar os investimentos em municípios como Trindade e Goianira (Goiânia), Valparaíso e Santo Antônio do Descoberto (Brasília) gera um impacto positivo também para as capitais, porque reduz a pressão sobre o mercado de trabalho e os equipamentos públicos nas metrópoles, distribui melhor a geração de empregos e renda e estimula a expansão do desenvolvimento em municípios em situação mais precária.
“O PIB per capta do Distrito Federal é sete vezes maior que o dos municípios goianos do entorno. Para se ter ideia, 70% da população do DF estão bem inseridos no mercado de consumo. Mas, se vou para o entorno, tenho o inverso. A estratégia dessa inclusão social passa por isso também: envolver o desenvolvimento das cidades do eixo”, afirma Miragaya.
Fonte: Jornal O Popular