Transporte Coletivo: CMTC começa fiscalização
Agentes da companhia iniciam trabalho de verificação de horários e lotação dos ônibus
Agentes da Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo (CMTC) realizaram ontem uma operação no Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico. A ação foi a terceira desde a CMTC começou, de fato, a verificar o cumprimento dos horários e a lotação dos ônibus na Grande Goiânia. Além de checar queixas dos próprios usuários, a fiscalização especial tem como objetivo levantar dados para o estudo de reajuste da tarifa.
“Estamos fazendo uma pesquisa, com vários indicadores, para dar um diagnóstico de como está a operação do sistema e propor ações”, disse a presidente da CMTC, Patrícia Veras. Entre os indicadores verificados estão: o cumprimento da planilha (quantidade de viagens), lotação, horário, catraca (quantidade de passageiros), segurança no embarque, estado de conservação dos ônibus.
Pela manhã, 13 fiscais acompanharam o funcionamento do sistema no Terminal Isidória. À tarde, 9 profissionais anotaram os indicadores no local.
A CMTC afirma que, diariamente, um agente fixo em cada terminal da Região Metropolitana realiza o trabalho de fiscalizar o cumprimento das planilhas. Mas esse trabalho não tem sido suficiente na avaliação dos usuários, que reclamam principalmente do não cumprimento dos horários e da superlotação dos veículos. Problemas com esses dois itens motivaram vários protestos de passageiros nas últimas semanas, na Grande Goiânia.
No início do mês, a companhia aumentou da rigidez com uma operação no Terminal Garavelo, em Aparecida de Goiânia. Na semana passada, os agentes marcaram presença na Praça da Bíblia, no Setor Universitário. Os dois locais foram alvo de protestos dos passageiros com episódios violentos.
Apesar de não divulgar um balanço parcial da quantidade de multas aplicadas durante as operações especiais nos terminais, a CMTC confirma que os atrasos e a superlotação estão entre os pontos críticos do sistema.
A maior rigidez na fiscalização teria desagrado os empresários, que alegam dificuldades financeiras por conta do reajuste anual cancelado no ano passado e o aumento da gratuidade nas passagens.
Problemas
O gestor de relacionamento do Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp) , Marcos Villas Boas, reconhece as falhas e afirma que a má qualidade do sistema passa pelas questões de estrutura da cidade. “O problema do ônibus chegar atrasado é o trânsito. Eles saem no horário certo, mas ninguém sabe a hora que vai chegar no ponto”, afirma.
Entre as cobranças das empresas está a implantação dos corredores exclusivos. “Quando os projetos de faixas destinadas aos ônibus saírem do papel, vão contribuir para melhorar o sistema”, diz o gestor de relacionamento.
Atualmente, Goiânia conta com dois corredores, o Universitário e da T-63. Mas, segundo Villas Boas, é muito pouco perto do que a cidade precisa. Villas Boas confirmou que há uma redução no número de veículos por conta do sucateamento.
“Antes, se fazia a manutenção preventiva. Agora, espera-se o ônibus estragar e ir para a oficina. Assim, a quantidade de ônibus rodando cai mesmo. As oficinas das garagens estão lotadas de carros estragados.”
PROTESTO
Ontem, o Terminal Cruzeiro, em Aparecida de Goiânia, ficou fechado por vários minutos no final da tarde depois que passageiros iniciaram um protesto por causa da demora e da lotação dos ônibus. Os manifestantes bloquearam uma das entradas e os funcionários, por precaução, fecharam outra entrada.
Quem chegava de outros terminais ou de outras localidades era obrigado a desembarcar no lado de fora do terminal e depois entrava para aguardar o fim do protesto e poder usar outro ônibus.
Aumento da tarifa na pauta de reunião
O aumento da tarifa do transporte coletivo de Goiânia é um dos temas da reunião da Câmera Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), na próxima segunda-feira. Em entrevista ao POPULAR, o presidente da CDTC e secretário estadual de Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, João Balestra, afirmou ser preciso deliberar sobre o reajuste, que é contratual. “Nós precisamos respeitar o contrato, mas vamos dar transparência a essa discussão”, afirmou.
Balestra pontuou que em 2012 a passagem estava em R$ 2,70, e está congelada neste valor atualmente e, desde então, ocorreram três aumentos de óleo diesel. “Quando você quebra contrato, a qualidade do serviço cai, como caiu. A data-base dos motoristas é em março e já o motorista estará cobrando.”
Na manhã de ontem, o secretário recebeu representantes do Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp). Os empresários buscavam uma sinalização do poder público sobre os rumos do contrato. “No ano passado, o reajuste deixou de valer. Não temos condição de enfrentar a data-base dos motoristas. Se não houver essa sinalização, não temos o que falar ao motorista, nem ao passageiro que vai sofrer com o atraso dos ônibus”, disse o gestor de relacionamento do Setransp, Marcos Villas Boas.
Na noite de quinta-feira, o presidente do Setransp, Edmundo Pinheiro, se reuniu com o prefeito Paulo Garcia (PT) e a presidente da Companhia Metropolitana do Transporte Coletivo (CMTC), Patrícia Veras. No encontro, o prefeito cobrou mais qualidade do serviço prestado pelas empresas. Villas Boas relatou que, se tratou da questão do reajuste nas duas reuniões, mas sem falar em valores. “A discussão de como sair da crise não é de tarifa, não é de centavos, é estrutural. Ou enfrenta o problema, ou a cidade vai parar”, defendeu, em fala que lembra a dos manifestantes. Também afirmou que o cálculo do aumento a ser feito pela CMTC depende de uma série de fatores, como o fechamento da data-base dos motoristas. “Também queremos ver se é possível a desoneração do óleo diesel e do IPVA .” Nesse sentido, uma das pautas da reunião da CDTC é a de propostas para a criação do Fundo de Transportes.
Fonte: Jornal O Popular