Combustível: Gasolina sobe pela 5ª vez no ano

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Sem justificativa aparente, postos de Goiânia elevam a gasolina para R$ 3,19 e o etanol, para R$ 2,27.

Às vésperas do feriado prolongado de fim de ano, a exemplo do que já ocorreu em anos anteriores, os preços do litro do etanol e da gasolina amanheceram ontem mais altos em vários postos de combustíveis de Goiânia. E o presente de grego veio bem salgado. O litro da gasolina saltou de R$ 3,07 para R$ 3,19. Já o litro do etanol, de R$ 2,17 para R$ 2,27- um aumento de 4% e 4,6%, respectivamente. Esse é o quinto aumento expressivo neste ano. De setembro para cá, a gasolina subiu R$ 0,40 e o etanol, R$ 0,48.

O argumento dos representantes de postos de combustíveis para a recente alta é de que a elevação é fruto de um repasse oriundo das distribuidoras de combustíveis. A alegação é de que o preço do etanol anidro, componente de 25% da gasolina, sofreu reajuste. Além disso, representantes afirmam que houve aumento da pauta do ICMS. A reportagem do POPULAR entrou em contato com a assessoria da Secretaria da Fazenda para apurar o fato, mas não houve retorno.

DADOS

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea), nas usinas, o preço do litro do etanol anidro subiu entre os dias 6 e 20 de dezembro de R$ 1,39 para R$ 1,44. Valor permanece até o dia 27 de dezembro.

Já nas distribuidoras, o preço médio de venda do litro da gasolina é de R$ 2,68, conforme último levantamento, ocorrido no dia 21, realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Ou seja, de lá para cá, não houve alteração do preço do litro do etanol que justifique um reajuste por parte das distribuidoras, conforme alegado por alguns representantes de postos de combustíveis.

Situação semelhante ocorre com o preço médio do litro do etanol. Nas usinas, o biocombustível apresentou redução. No início de dezembro, o valor do litro do etanol na usina custou R$ 1,16. Já na cotação do dia 20 de dezembro, caiu para R$ 1,13 – queda de 2,58%.

JUSTIFICATIVA

A falta de uma justificativa aparente que corrobore com as explicações de representantes de alguns postos de combustíveis de Goiânia evidencia uma discrepância observada pela reportagem. Enquanto alguns afirmam que se trata apenas de um repasse das distribuidoras, gerentes de postos de combustíveis que permaneceram com o preço antigo garantem que não houve nenhuma alteração de valor por parte das empresas distribuidoras. “É o de sempre. Estamos somente repassando o valor que chegou mais caro para nós”, afirma a gerente de um posto de combustível. “Eu que recebo o combustível que chega aqui no posto. Posso garantir que não houve aumento na compra”, ressalta o funcionário de outro posto.

Durante a manhã de ontem, foram levantados valores dos preços do litro do etanol e da gasolina de 16 postos de combustíveis localizados em oito setores: Bueno, Nova Suíça, Pedro Ludovico, Oeste, Jardim Goiás, Leste Universitário, Vila Nova, Setor Leste Vila Nova e Central. Desses, sete apresentavam preços mais elevados nas bombas. Esses estabelecimentos estão localizados nos setores Bueno, Nova Suíça, Pedro Ludovico, Jardim Goiás, Setor Oeste e Leste Universitário.

Já os preços antigos estão sendo cobrados em setores afastados. Mas ainda assim vale a pena pesquisar. Dentro de um mesmo setor, a poucos metros, existem postos com diferença de preço de até 6%.

DENÚNCIA

Alguns gerentes e funcionários de postos de combustíveis que não alteraram os preços nas bombas, pelo menos até a manhã de ontem, fizeram uma denúncia à reportagem de O POPULAR.

Eles afirmam que, desde a manhã de sexta-feira, estão sofrendo ameaças de funcionários do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto) ou mesmo de proprietários de postos concorrentes. “Eles estão pressionando para que a gente aumente o preço do combustível”, diz um gerente que não quis se identificar.

“É uma questão de estratégia. Eles estão forçando para que os postos aumentem os preços agora, mas já esperando um novo reajuste em janeiro”, diz um funcionário com mais de 20 anos de trabalho no setor.
O presidente do Sindiposto, Leandro Lisboa, afirma que a denúncia é absurda e diz que não há nenhum funcionário do sindicato comunicando donos de postos para que aumentem os preços nas bombas.

“Inclusive não tem funcionários do sindicato trabalhando. Estamos de recesso de fim de ano.”
Sobre o aumento de preços, Leandro afirma que o sindicato não interfere nas decisões dos estabelecimentos, já que o mercado é livre.

Aumento aperta orçamento familiar, reclamam consumidores

Desde o dia 18 de setembro, os consumidores sofrem frequentes elevaçções dos preços dos combustíveis em Goiânia. Na ocasião, da noite para o dia, o preço médio do etanol saltou de R$ 1,69 para R$ 1,97 (16,5%), enquanto o valor médio do litro da gasolina saiu de R$ 2,79 para R$ 2,97 (6,45%). De lá para cá, foram mais quatro elevações de preço. Com isso, em cem dias, o litro da gasolina aumentou R$ 0,40 e do etanol, R$ 0,48.

Sem ter para onde correr, o analista de informática, Edvaldo Oliveira de Lima afirma que o combustível está espremendo seu orçamento familiar. Ele conta que precisa do veículo para trabalhar, além de se deslocar com a família.

“Há alguns meses, gastava R$ 50 a cada cinco dias. Agora gasto o dobro”, diz. Ele afirma que prefere ficar refém do aumento do preço do combustível, já que o transporte público não funciona adequadamente. “Minha esposa fica às vezes até uma hora e meia esperando o coletivo”, diz.

O padeiro Manoel Nascimento levou um susto ao abastecer o veículo na manhã de ontem. “Paguei 15 centavos mais barato semana passada”, diz. Ele afirma que desde o início dessa escalada de preços não está mais enchendo o tanque do veículo. “Se encher o tanque falta alguma coisa em casa”, diz. Uma alternativa encontrada foi deixar mais o carro na garagem e rodar com a moto, veículo mais econômico.

Fonte: Jornal O Popular