Ciclovia já tem falhas e não é segura para usuário
O POPULAR percorreu o trecho que será entregue na terça-feira e detectou rachaduras e locais onde há risco de queda e atropelamento
Na ponte do Córrego Cascavel, ciclistas têm de entrar na pista de rolamento da avenida
Com entrega adiada mais uma vez - agora para terça-feira -, o novo trecho de ciclovia do Corredor T-63, de 2 quilômetros, já apresenta falhas no concreto recém-feito. Há rachaduras em pelo menos dois locais em que a pista estufou, formando uma espécie de rampa. Seria até divertido, não fossem os carros passando em alta velocidade a um metro de distância.
O POPULAR testou ontem a via, que deveria ter sido entregue na sexta-feira. O teste começou pela Avenida Campos Sales, no Parque Anhanguera. Eram 14h23 quando o repórter acessou a pista no sentido do Setor Bueno, e o problema já começou ali. Não há faixa para chegar à ilha onde está a ciclovia. O jeito é esperar e atravessar diante do sinal de “Pare”. A sinalização da ciclovia também não havia sido feita.
O trecho de 1,1 quilômetro entre as Ruas Santa Efigênia e C-107 está pavimentado há vários meses. É por onde a obra da Ciclovia T-63 começou, na primeira quinzena de abril deste ano, ainda sem projeto. O empreendimento deverá chegar até o Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico, mas não há previsão de entrega da parte que passa pelos Setores Bueno, Bela Vista e Pedro Ludovico.
INCOMPLETA
Quando a obra começou, a previsão de entrega de toda a extensão, de quase 6 quilômetros, era sete meses. Dificuldades financeiras e, segundo a Prefeitura de Goiânia, entraves no fornecimento de material atrasaram o empreendimento. Houve ainda direcionamento de esforços para a conclusão do Túnel Jaime Câmara, na Avenida Araguaia, no Setor Central. Enquanto isso, os ciclistas esperavam.
Em 20 de novembro, depois de vencido o primeiro prazo estipulado, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) assumiu a parte da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semob). A intenção era acelerar a obra. A esta altura, a promessa já era entregar apenas o trecho até a Praça Wilson Sales em dezembro. Foi estipulado o dia 20 como limite, agora, adiado mais uma vez.
RISCO
O trecho mais antigo da ciclovia, na Avenida Campos Sales, foi pintado novamente. Dois dos principais pontos de crítica dos ciclistas continuam lá: os pés de jamelão, cujo fruto cai sobre a via e cria uma pasta escorregadia que, somada à proximidade entre a ciclovia e a pista dos veículos, coloca em risco a vida do ciclista que circula por ali. Ontem, no entanto, havia poucos frutos no chão.
A parte mais antiga contém uma falha. Por falta de projeto, as pistas de concreto foram construídas coladas ao meio fio, o que expõe o ciclista ao risco de cair no asfalto ou ser atingido por retrovisor de um veículo.
A solução proposta pela Prefeitura em setembro seria colocar tachões para induzir quem usa a via a se afastar. Até ontem, no entanto, não havia nada lá. Também não havia grama nos primeiros 200 metros.
O maior problema de engenharia da ciclovia continua sem solução: a prometida ponte metálica sobre o Córrego Cascavel ainda não foi instalada nem há previsão para isso ocorrer.
O jeito é se aventurar na pista dos veículos, no canto esquerdo - o menos indicado para pedalar.
Proximidade dos carros cria tensão e atrapalha opção de lazer
Pedalar a aproximadamente um metro de distância de carros que transitam muitas vezes acima do limite de velocidade de 60 quilômetros por hora não provoca a sensação agradável que esperamos nos momentos de lazer. Claro que é melhor do que disputar o asfalto com carros, motos, caminhões e ônibus, mas não dá para se divertir. Muito menos levar os filhos para passear no local.
O teste na ciclovia foi feito ontem, um sábado, que já é menos movimentado que os dias úteis, e estava menos ainda por conta do feriadão. Ainda assim, o barulho e a proximidade dos veículos criam um clima de tensão. A sensação é que não dá para aproveitar o passeio. Olhar para o lado e correr o risco de cair em uma das falhas que a ciclovia já apresenta pode ser fatal.
Resta encarar a pista como via de transporte para o trabalhador. Neste caso, o problema passa a ser outro: o clima. Ontem, quando fui trabalhar usando a ciclovia entre as 14h20 e às 14h40, a temperatura estava em 29ºC. A sensação térmica variava entre 33°C e 34ºC, o que aumenta a sensação de cansaço.
O relevo no local não ajuda. Mais da metade dos dois quilômetros recém-pavimentados têm desnível. Para quem circula no sentido Parque Anhanguera – Setor Bueno, isso significa subida.
Pedalei, de casa até o Grupo Jaime Câmara, 7,1 quilômetros, com um desvio de 2,2 quilômetros para circular na ciclovia desde o início. Gastei 40 minutos – 10 deles com pausas para fazer as fotos que estão na galeria de fotos.
O problema, no meu caso, é trabalhar no ponto mais alto da cidade (durante todo o trajeto foram 144 metros de subida e apenas 38 metros de descida). A parte mais íngreme é justamente a final. O resultado é chegar no trabalho cansado e suado.
Fonte: Jornal O Popular
1 comentários:
Write comentáriosDepois do viaduto.... a segunda maior decepção dessa prefeitura que não conseguiu emplacar uma única ibra decente
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